terça-feira, fevereiro 25, 2003
Uma Oportunidade Perdida?
Debruçando-me mais uma vez sobre a The New York Review of Books escolho mais um artigo para comentar.
Desta vez o sorteado intitula-se Israelis & Palestinians: What Went Wrong? da autoria de Amos Elon
O autor argumenta que “enebriado” pelas fulgurantes vitórias sobre os vizinhos árabes (especialmente depois da Guerra dos Seis Dias”) o posicionamento de Israel passou da meramente defensivo para uma postura ofensiva e, especialmente, de manutenção dos territórios ocupados. Na base desta política surgiram espontaneamente os primeiros colonatos ainda sem o caracter nem o peso institucional que hoje têm.
Contrariamente aos fundadores de Israel e do Movimento Sionista (nomeadamente David Ben Gurion e Theodor Herzl entre outros) que sempre usaram o bom senso os líderes da altura (o lendário Moshe Dayan e mesmo os líderes da oposição) recusaram qualquer recuo nos territórios conquistados.
Na altura, argumenta Amos Elon, havia vontade negocial por parte dos países árabes e a OLP era insignificante ainda não se impondo como representante do povo palestiniano. A comunidade internacional (mesmo a URSS) tinha uma posição nada hostil para com o Estado Israelita.
Mesmo a nível interno (em Israel e na Palestina) não existiam, pelo menos organizados, movimentos cuja razão da existência era a destruição do inimigo não havendo lugar a cedência nem ao diálogo.
Teria sido fácil (ou pelo menos muito mais fácil do que hoje) alcançar acordos de paz e negociar com representantes palestianianos bem mais moderados para a criação de um Estado Palestiniano.
Foi pois uma oportunidade perdida. Não significa que tivesse sido a fórmula mágica para a paz. Mas a arrogância da vitória fez perder de vista a perspectiva de uma paz duradoura a longo prazo. Será uma teoria demasiado simplista?
Não quero (nem eu, nem julgo Amon Elon) justificar os atentados suicidas nem as multidões em fúria que percorrem a Faixa de Gaza com palavras de ordem (e ódio) contra Israel e os seus aliados. Mas para a terceira geração de palestinianos que vive confinada em miseráveis campos de refugiados, habituada à ideia de morte e sem perspectivas de futuro o credo extremista dos radicais árabes deve ser como musica para os ouvidos.
Ainda haverá esperança?
posted by Miguel Noronha 5:40 da tarde
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