O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

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terça-feira, abril 22, 2003

Colunas Infames

Não. Apesar do título poder, de certa forma, induzir o leitor em erro, esta post não se debruça sobre os meus colegas da Coluna Infame. Pretende apenas chamar a atenção sobre esses infames colunistas chamados José Vítor Malheiros (JVM) e Vital Moreira (VM). Comecemos pelo fim.

No seu artigo de hoje VM pretende provar que os EUA não estão em posição moral para julgar os delitos do ex-regime iraquiano. À partida podiamos pensar tratar-se de mais uma panóplia de argumentos legais. Mas não. VM vai bem mais longe. Para ele os EUA são os criminosos e, pasme-se, chega a afirmar que:

"(...) no decurso da guerra, ao passo que o Iraque não pode ser acusado de grandes violações do direito internacional da guerra - as tais "armas de destruição maciça", que tinham sido o grande pretexto da guerra, não só não foram utilizadas como nem sequer foram detectadas -, já o mesmo não sucede com os Estados Unidos, que recorreram à sistemática destruição de numerosos alvos civis e não hesitaram em utilizar armas proibidas propositadamente contra populações civis, como sucedeu com os vários ataques dirigidos contra mercados populares de Bagdad, com centenas de vítimas inocentes"

Presumo que VM não tenha lido os relatos sobre a execução de prisioneiros de guerra (desta guerra!), das prisões para crianças, das torturas, do genocidio dos curdos, etc. Para VM o que interessa é julgar os EUA. Não uma das mais odiosas ditaduras à face da terra.

O artigo de JVM é bem mais grave. As suas anteriores regurgitações jornalisticas tinham por tema a guerra no Iraque vistas à luz do seu anti-americanismo pré-primário. Este é sobre um triste caso sucedido em Portugal. Uma menina de seis anos vitima de uma bala disparada por um rapaz de quinze nos arredores de Lisboa.

JVM malheiros critica a sobre-exposição que os media "oferecem" a este caso. Que chega a transforamar o assassino num (quase) héroi. Até aqui a sua exposição não me merece reparos.

A infâmia sucede quando JVM pretende justificar este caso:

"A importação do modelo cultural americano é feita em doses maciças através da indústria de entretenimento. Quando existem valores alternativos que se lhe podem contrapor, pode esperar-se uma sociedade um pouco mais equilibrada.

Mas quando às importações comerciais dos EUA se vem somar a adesão acrítica ao American Way of Life, com o seu culto da força; o louvor do individualismo e da concorrência desenfreada em detrimento da cooperação e da segurança social; o desprezo dos mais fracos e desprotegidos; a aversão à regulação, ao papel do Estado e o culto da violência e das armas, pode esperar-se o pior
"

Ficamos portanto a saber que somos todos vítimas. A culpa não é nossa. Só não corre o risco de "morrer solteira" porque pertence inteiramente aos EUA. Foram eles (por certo) que obrigaram os rapazes a roubar a pistola e a disparar ao acaso. Acaso esse que feriu (mas felizmente não matou) uma criança de seis anos.

Nada mais tenho a dizer. Não é (apenas) o texto que me repugna. É também o seu autor.
posted by Miguel Noronha 2:26 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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