sábado, abril 05, 2003
Demissões
Acordei hoje com a notícia de mais uma demissão ministrial.
Depois de ontem Isaltino Morais ter sido vitima de uma manchete do Independente hoje foi a vez de Valente de Oliveira, invocando razões de saúde.
Não me vou pronunciar para já sobre o ex-Ministro das Obras Públicas.
Sobre Isaltino Morais queria dizer o seguinte
Não é "pecado" ter dinheiro na Suiça. O "pecado" está na eventual não declaração de juros. A explicação do ex-Ministro não é realmente nada convincente. Mais valia que nada tivesse dito. Se ele julga que a sua continuidade no elenco ministrial lhe retirava credibilidade fez bem em sair. Não é de esperar que seja notada a sua ausência.
A dinâmica criada, especialmente desde os governos do Professor Cavaco Silva, que ao menor sinal de suspeita se peça a demissão do Ministro e que toda a oposição a acompanhe em coro é extremamente perigosa. O Ministro é julgado na praça pública sem hipóteses de defesa e inevitavelmente considerado culpado. Já bastas vezes esse "veredito" se veio a provar estar errado.
Um partido que na oposição pediu a "cabeça" dos Ministros do Governo anterior baseado nestas suspeitas não tem moralidade para invocar o contrário quando passa a ser Governo. Está criado um ciclo que mais que vicioso é extremamente perigoso.
A opinião pública entende que os governantes têm que ter uma moralidade acima de qualquer suspeita. Um princípio à partida correcto. O problema reside no facto dessas mesmas pessoas não observarem na a sua conduta a mesma rigidez moral que exigem ao outros. A sociedade não é uma entidade abstracta. É composta por todos e cada um de nós. Se a classe política emana da sociedade civil os seus princípios não serão melhores que os desta.
posted by Miguel Noronha 10:32 da manhã
Comments:
Enviar um comentário