quarta-feira, abril 02, 2003
A impossibilidade da Estratégia Frentista
Um artigo no DN de hoje traça um cenário negro para o futuro de um frente eleitoral que englobasse o PS, o PCP e o BE.
Não é difícil perceber porquê. Não me refiro a pontuais alianças autárquicas. Falo numa aliança pré-eleitoral para concorrer às eleições legislativas.
O que, neste momento, une a esquerda é a oposição à guerra. É uma "coligação" pontual que visa um ponto especifico e limitado no tempo. É, portanto, uma coligação negativa.
Caso cheguem a existir negociações com vista a uma futura coligação as divergências serão por demais evidentes.
As soluções políticas do PS, folclores esquerdistas à parte, estão mais próximas das do PSD do que do PCP e BE. A não ser que o PS faça uma significativa inflexão à esquerda e queira ressuscitar o (antigo) MES. Seria uma estratégia arriscada porque se arriscava a uma fractura com a ala mais direitista e pragmática do partido. Para além disso teria que se colocar perante o controlo ideológico do PCP (este não a aceitaria coligação de outra forma) e ver os seus dirigentes a perder (ainda mais) protagonismo para os demagogos bem-falantes do BE.
Para o PCP este PS também não lhe serve. O desequilibrio de forças é excessivo para um partido que, apesar de ser adepto de estratégias frentistas, só as aceita coligações que possa liderar. Para além disso teria de engolir o sapo (vários aliás) de aceitar as teses dos "renovadores" que procura expulsar a todo custo.
Para o BE esta coligação seria ouro sobre azul. Ganharia na AR o peso que tem nos telejornais. O problema colocar-se-ia quando os seus parceiros (especialmente o PCP) tentasse impor a disciplina aos deputados que tem o hábito de dizer tudo o que lhes apetece. Normalmente sem passar pelo encefalo...
Tudo considerado, também eu, não auguro grande futuro para esta coligação.
posted by Miguel Noronha 10:09 da manhã
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