segunda-feira, maio 05, 2003
Não Aprendem
O mesmo grupo de personalidades que, no início da guerra do Iraque, se uniu para condenar a "agressão" americana e prever toda a especie de cataclismos, que não se chegaram a verificar, decidiu voltar à carga.
O Iraque não é um país livre. É hoje um país ocupado por tropas estrangeiras. Como as imponentes manifestações ocorridas em Bagdad em 18 do corrente, reclamando a retirada das tropas de ocupação anglo-americanas, bem demonstraram.
É estranho que um tão destacado grupo de intlectuais não repare na enormidade que proferiram. O Iraque não era um país livre durante o "reinado" de Saddam Hussein. As manifestações que existiam era sempre pró-regime. Não havia margem de protesto para os opositores do regime. Que agora a população se manifeste (e reservo-me o direito de duvidar da representatividade dessas manifestações) só pode ser visto como um acréscimo de liberdade do povo iraquiano. Para além disso existe a promessa de realizar eleições. Essas eleições vão ter um grau de liberdade nunca antes visto no Iraque. Por certo que não vão entregar, como no passado, a totalidade dos votos a um candidato.
Manifestamos a nossa profunda preocupação com as intenções belicistas das autoridades norte-americanas contra países vizinhos do Iraque, em especial a Síria e o Irão, denunciando também o aproveitamento da situação que as autoridades de Israel têm feito para prosseguirem a sua política agressiva contra a população e as instituições palestinianas;
Manifestam-se contra as intenções belicistas dos EUA contra a Síria e o Irão. Nada dizem quanto ao regime ditatorial Sirio que ocupa militarmente o Líbano, tem armas quimicas e apoia grupos terroristas. O Irão que desde a implementação do regime teocrático tem procurado exportar pela bomba a sua revolução intolerante e reprime a vontade expressa do seu povo também não os preocupa.
Rejeitamos as crescentes ameaças à livre expressão do pensamento e o incremento da manipulação generalizada da informação, ao serviço de uma visão imperialista e unilateral;
Ao ler esta frase penso que se devem referir a Cuba, ao Irão, à Síria, à Coreia do Norte, ou mesmo à Rússia. Não serão os EUA onde existe uma enorme pluraridade de meios de informação que as "ameaças à livre expressão do pensamento e o incremento da manipulação generalizada da informação" possam ocorrer impunemente.
Perguntei-me quem estaria errado. Eu ou tão distinto grupo de pensadores. Mas ao lembrar-me que um dos subscritores do manifesto, José Saramago, demorou 40 anos a perceber a verdadeira natureza do regime cubano volto a ter confiança no meu discernimento.
posted by Miguel Noronha 11:46 da manhã
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