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quinta-feira, maio 15, 2003

A Nova Guerra Fria

Um artigo na Wired sustenta que a Coreia do Norte (CdN) não pode ser comparada ao Afeganistão nem ao Iraque. O sua nível tecnológico e o numero de forças convencionais é bastante superior aos casos anteriores. Para além disto é quase certo que disponha de armas nucleares capazes de atingir, senão os EUA, pelo menos países aliados. A existência de uma fronteira terrestre com um aliado e o subsquente perigo de retaliação em larga escala desaconselham uma acção militar.

Devido a estas caracteristicas o conflito latente com a CdN assemelha-se bastante ao da Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética. O autor aconselha a utilização do mesmo tipo de estratégias que resultaram na desagregação e colapso do poderio Soviético:

"(...) the best approach to handling North Korea is the same as what worked to eliminate the old Soviet Union: contain and undermine the regime. America's advanced arsenal - a result of what military mavens call the "revolution in military affairs" - is central to this strategy. Better technology will give the US more options to respond to the kinds of provocations that Pyongyang has proved so skilled at. And it could be the US's best hope for winning a war at the least cost if deterrence fails"

"Advanced tech and tactics are key to resolving the North Korean threat. Leaders in Pyongyang must realize that war would mean total defeat, and that they have only one real choice: negotiate, disarm, and cease their provocations. It's only a matter of time."

Embora concorde com alguns dos seus argumentos não sou tão optimista como Bruce Berkowitz (o autor do artigo). O senhor de Pyongyang é bem mais psicotico que a ex-nomenklatura soviética. Na URSS o poder não era exercido por um monarca absoluto como na CdN. Embora existissem partidários da linha dura uma parte cada vez maior da nomenklatura preferiu "negociar" uma saída honrosa a enfrentar uma guerra que sabiam não poder ganhar. O Império estava economicamente falido e os seus próprios previlégios estavam ameaçados. Contrariamente, Kim Jong-il não hesitara em provocar a confrontação militar. A CdN é o seu domínio privado. Não lhe importa que a população morra à fome ou que milhões morram numa guerra. Nunca se sentará à mesa para negociar o fim do seu poder.

A melhor estratégia, parece-me, será fomentar um golpe palaciano. O golpe tem de vir de dentro do regime. Caso exista a interferência de elementos externos a probabilidade de retaliação (possivelmente nuclear) será extremamente elevada. Uma vez afastado Kim Jong-il talvez seja possível uma perestroika coreana. Se a China deixar, é claro...
posted by Miguel Noronha 8:17 da tarde

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