quarta-feira, maio 28, 2003
O País em Crise
O novel blog IV República (apresentado pelo Fumaças) inicia as suas actividades proclamando que Portugal está doente.
Segundo ele "A III República agoniza na insídia,no crime,na corrupção e na crise económica". Analisémos cada um deles.
Quanto ao problema económico dada a sua natureza cíclica e global não me parece que seja, de todo, inerente a nenhum regime democrático. Vou portanto descarta-lo desta e análise e proponho-me dissertar sobre os restantes.
A ínsídia e a corrupção (enquanto fenómenos políticos) são o preço que temos que pagar pela imperfeição da natureza humana. O regime democrático propõe-se resolve-los através da limitação do poder político (a constituição, a limitação de mandatos e a eleições dos governantes através de sufrágios regulares), da independência do poder judicial e das liberdades políticas e económicas. Nada disto nos garante uma governação justa mas impede a perpetuação das injustiças.
Normalmente, a busca por líderes e regimes perfeitos produziu tragédias. Os regimes comunistas e nazi-fascistas do Sec XX são disso exemplos. Um déspota iluminado não necessita submeter-se à vontade popular. Nada limita o seu poder. Nem os valores fundamentais e evidentes de que fala o preâmbulo da constituição americana.
Já quanto ao crime concedo que o seu acréscimo e banalização poderá ser inerente à escola de pensamento que moldou o sistema legal. O sistema dá mais ênfase à recuperação do que à punição. O relativismo moral implantado garante-nos que ninguém é responsável pelas suas acções. Somos todos vítimas da sociedade. Dir-se-ia que não temos vontade própria. Temos de voltar atrás e reconhecer nem todas os valores se equivalem e que existem valores absolutos. Não podemos renegar vinte séculos de valores que moldaram a nossa sociedade. Se tudo é relativo, como pergunta João Carlos Espada no seu "Ensaios Sobre a Liberdade", que valores devem os país transmitir aos seus filhos?
Quando enunciamos a crise da Democracia devemos reflectir em duas máximas. A primeira de Winston Churchil que diz que "a democracia é o pior do regime com excepção de todos os outros". A segundo, cujo autor me escapa, lembra-nos que "os sonhos da razão produzem monstros".
posted by Miguel Noronha 9:41 da manhã
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