quarta-feira, junho 04, 2003
Zimbabwe e Birmânia
Excelente o artigo de José Manuel Fernandes no Público sobre a situação e qual deve ser a atitude, da comunidade internacional, perante este dois países.
Qualquer destes dois países deveria estar cercado por um cordão sanitário que isolasse os seus regimes e lhes negasse ajuda externa. Foi isso que o Reino Unido tentou fazer relativamente ao Zimbabwe, mas Mugabe conseguiu não só a solidariedade regional - em especial da África do Sul - como, o ano passado, logrou deslocar-se até França apesar dos apelos feitos ao Presidente Chirac para não o convidar para uma cimeira franco-africana. Foi isso que a Europa e os Estados Unidos tentam fazer relativamente à Birmânia desde 1994 perante a indiferença do Japão onde só agora a opinião pública se começa a manifestar contra os financiamentos que o país canaliza para aquela ditadura. Pior: em nome de um reclamado "interesse nacional", a vizinha Índia entendeu, nos últimos anos, deixar cair o seu apoio à oposição democrática com receio de ver crescer desmedidamente a influência chinesa em Rangun.
O que neste momento se passa em ambos os países é um sinal de que as suas populações estão dispostas a enfrentar a repressão em nome de reformas (ou de revoluções) democráticas. Que não aceitam o caudilhismo autoritário dos seus líderes. E que pedem ajuda. É dever de todos prestar-lhes ajuda.
A ideia democrática não deve valer apenas para o Médio Oriente ou para os Balcãs, antes merecer apoio universal, mesmo quando os países em causa não têm relevância estratégica e boa parte dos cidadãos das nossas democracias nem serão capazes de os localizar no mapa. Interesses ditos nacionais, jogos de influência ou a manutenção de áreas de negócio privilegiadas não devem impedir que os líderes desses países sejam tratados como párias internacionais e que se apoie, por todas as formas possíveis, as oposições democráticas.
posted by Miguel Noronha 2:58 da tarde
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