O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

quarta-feira, julho 23, 2003

Ditaduras Culturais

No recente encontro de sumidades culturais o "nosso" Manuel Maria Carrilho (MMC) emitiu uma série de opiniões muito duvidosas:

"(...) Manuel Maria Carrilho disse que o que está em causa "não é a resistência, mas a afirmação da diversidade cultural". O deputado socialista fala "numa dimensão da globalização que remete as diferenças culturais para a marginalidade"

Pode-se daqui inferir que MMC é contra a globalização e adepto da autarcia. Só numa sociedade fechada podem as "diferenças culturais" permanecer intactas. Numa sociedade aberta é natural a livre absorção de influências externas.
Nem em França onde o governo legisla incessantemente em "defesa" da cultura francesa se consegue evitar a "contaminação" por culturas exógenas. E não será o que o que estado francês apelida de "cultura francesa" o resultado de um processo de "contaminações"?
Pretende, pois, com esta carta de intenções "congelar" a cultura num ponto espefico no tempo. Pretende-se, ainda, proibir aos cidadãos a liberdade de escolha de produtos culturais. Pretende o estado substituir-se ao cidadão na valoração da cultura.


"Para Carrilho é tempo de "reafirmar" o papel da cultura no desenvolvimento dos países e na prevenção dos conflitos: "Os problemas no Iraque do pré e pós-guerra devem-se essencialmente ao desconhecimento sobre as especificidades culturais daquele povo".

MMC não especifica a quem atribui a incompreensão que no pré-guerra resultaram nos "problemas no Iraque". Terá sido Saddam Hussein que não compreendeu que era contra as tradições massacrar o seu próprio povo e invadir as nações vizinhas ou terão sido os americanos que não compreenderam que estes acções eram prefeitamente compreensiveis à luz da cultura iraquiana?
Quanto aos "problemas do pós-guerra" que solução propões MMC? A instauração de uma nova ditadura? Infelizmente não avança soluções...


"Considerando a cultura como "o terceiro pilar da globalização", o ex-ministro português diz que a "latinidade é o exemplo de uma matriz cultural que deve ser divulgada ao destinatário universal".

Como já devem ter reparado esta afirmação está em claro desacordo com a primeira. Pretende defender os povos da "invasão cultural" que atira as suas culturas para a "marginalidade" mas se a cultura invasora for a portuguesa (e não a anglo-saxónica) já não vê nenhum mal nisto.
Presumo que se fosse esta a realidade MMC já não se manifestasse contra a globalização nem sentisse necessidade de elaborar manifestos.


Para terminar e para demonstar até que ponto vai o insanidade dos participantes desta cimeira cultural deixo as palavras do presidente da Câmara de Roma, Walter Veltroni:

"Exigiremos que os governos tenham em conta a diversidade cultural, para que desapareçam as diferenças entre Norte e Sul, entre pobres e ricos" [!!!]

posted by Miguel Noronha 12:12 da tarde

Powered by Blogger

 

"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

mail: migueln@gmail.com