O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
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sexta-feira, julho 04, 2003

Equivocos

O artigo no Publico de Manuel Vilaverde Cabral apresenta várias falácias.

Em primeiro lugar fala do " processo de construcção europeia" como se fosse o caminho para o Eden. É natural que os adeptos da economia centralizada e do igualitarismo vejam no impeto regulador de Bruxelas o caminho para alcançar esse objectivo. Esquecem-se, porém, de referir que essa "construcção" se faz muitas (bastantes) vezes à revelia dos Governos nacionais eleitos e dos seus eleitores.

Apresentando os anti-federalistas como "piões europeus" dos americanos e ,logo, destituidos de vontade própria pode, sem qualquer problema, descartar, sem discussão, os seus pontos de vista. Não sei se o próximo alargamento representa um "vitória dos que não querem que a UE seja mais do que «um mercado comum»". Era bom que assim fosse.

Não sei como, mas MVC consegue compatibilizar no seu pensamento os "fantasmas nacionalistas" com a "subserviência atlantista". Pensava eu que os nacionalistas colocavam o seu país à frente de tudo, inclusivé das outras nações. Se calhar estava errado. Ele é que é o intelectual...

Embora seja defensor do referendo (o que é bastante positivo) MVC afirma que "o que tira o sono aos nacionalistas é que a maioria dos portugueses não tem medo do federalismo". Não sei como chegou a esta conclusão. Não são apresentados quaisquer dados.

Contrariando a afirmação de Jorge Miranda, MVC afirma a existência do "povo europeu". A prova provada é a existência do Parlamento Europeu. Para além dos poucos poderes que este detêm (o que reconhecido por MVC) esquece-se de referir a indiferença a que é votada esta instituição. Quer pelas altas taxas de abstenção nas respectivas eleições quer pelo desinteresse nos seu trabalho. MVC atinge o cumulo ao comparar o PE com o Congresso dos EUA.

Depois de tantas asneiras MVC comete a proeza de acabar o artigo com uma frase com a qual só posso concordar:

"É preciso, por isso, romper a conspiração do silêncio que tem rodeado todo o processo.

E só um referendo é que permitirá que isso aconteça, forçando os partidos a tomar posição e obrigando-nos a reflectir sobre o que queremos da Europa, ou seja, o que queremos para Portugal
"
posted by Miguel Noronha 12:41 da tarde

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