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segunda-feira, julho 14, 2003

O Milagre Irlandês

Graças ao Claudio Tellez descobri este estudo sobre o crescimento económico irlândes. Apesar das conclusões não serem novas vale sempre a pena recorda-las.

O primeiro "salto" economico irlandês deu-se nos anos 60 quando o governo abdicou das politicas proteccionistas. Apesar dos bons resultados o crescimento da economia não ultrapassou a média europeia.

Nos anos 70 a Irlanda aderiu à CEE. Depois do choque petrolifero de 1973 para reavivar o governo optou por politicas keynesianas para "reavivar" a economia. O resultado foram défices orçamentais cada vez maiores que foram financiados por sucessivos aumentos de impostos (o escalão máximo era de 80% em 1975) e o aumento da divida publica. Em 1986 esta representava 116% do PIB. O crescimento durante este periodo foi baixo e, mais uma vez, limitou-se a acompanhar a média europeia.

A partir de 1987 e perante uma crise fiscal deu-se uma mudança de rumo. Houve cortes orçamentais drásticos e a eliminação de alguns institutos públicos. Apesar deste corte não ter tido motivações ideológicas (ie nenhuma ideologia liberal) o resultado foi a diminuição do peso do estado na economia.

Com as limitações ao défice publico impostas pelo Tratado de Maastricht e impedido de realizar grandes alterações na taxa de câmbio (devido ao SME) a Irlanda não podia financiar o défice público por emissão de divida ou através de uma política monetária expansionista. A única opção que restava era o aumento de impostos que implicava custos políticos logo no curto prazo.

Durante os anos 90 verificaram-se cortes substanciais nas taxas de imposto e uma redução nas tarifas de importação. Com excepção do Luxemburgo a Irlanda é o país com menor carga fical. Este representa 31% do PIB enquanto a média europeia se encontrava nos 46% (dados de 1999).

Graças a este conjunto de medidas a média de crescimento entre 1996 e 2000 ultrapassou os 9% permitindo ultrapassar a média europeia.

Notas:
(1) Chamo a atenção para o gráfico da página 11 "IRELAND?S ECONOMIC FREEDOM SCORE AND GROWTH RATE".

(2) São consideradas outras explicações e factores para o "milagre irlândes" nas pp 10-16
Nestas, é também considerada a hipótese do crescimento se dever às transfererências comunitárias. Relativamente a este aspecto chamo a atenção para o gráfico da página 14: "NET EU RECEIPTS AND GROWTH RATES". O gráfico mostra uma correlação inversa entre as duas variaveis.
As únicas que mostram alguma aderência à realidade são a existência de instituições fiáveis protectores da propriedade e iniciativa privada e os elevados níveis de investimento directo extrangeiro (IDE). No entanto estes factores não podem ser dissociados do ambiente económico atrás descrito nem explicam por si só os resulatados alcançados.

posted by Miguel Noronha 10:14 da tarde

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