O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

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quarta-feira, julho 02, 2003

Recessão Não é o Problema

por Francisco Sarsfield Cabral:

O grande problema da economia portuguesa não é a recessão em que se encontra. Ela era inevitável, depois da euforia despesista da segunda metade dos anos 90, com efeitos no défice das contas do Estado e no endividamento das famílias. E a presente conjuntura internacional não ajuda uma pequena economia aberta ao exterior como a nossa (pior ainda seria se a Espanha não estivesse a crescer a cerca de 2%).

Uma recessão é sempre desagradável, mas os ciclos económicos existem. O que parece verdadeiramente preocupante é ainda não estarmos a mudar as nossas condições estruturais de competitividade. Os salários cresceram em 2002 pelo sexto ano consecutivo acima da produtividade _ e a falha é mais da escassa melhoria da produtividade do que da subida dos salários. O resultado é óbvio: caminhamos no sentido do empobrecimento, pelo menos relativo. É certo que as exportações não se estão portar mal, sobretudo graças à procura espanhola. Mas o esmagamento das margens do lucro que tem permitido um certo crescimento das exportações, aliás em desaceleração, poderá não prolongar-se por muito mais tempo.

Porque o nosso problema económico de fundo não é conjuntural, seria um erro abandonar o combate à redução do défice para aumentar o investimento público. O Banco de Portugal reconhece-o e apoia a tão criticada orientação restritiva das Finanças. Não é de aspirinas conjunturais que precisamos. Temos de mudar a outros e mais profundos níveis. Desde logo, tornando mais eficaz uma administração pública que consome recursos sem correspondência nos serviços que oferece. Num País onde quase metade da riqueza é absorvida pelo Estado, a melhoria da eficácia da máquina estatal é prioritária para aumentar a produtividade. Se o não conseguirmos, não acaba o País, mas ficaremos mais pobres


O aumento da eficácia da "máquina estatal" não é suficente, acrescento eu. É preciso ir mais longe. É preciso diminuir signitivamente o papel do estado na economia. Nos anos 80 tivemos a primeira"cura de emagrecimento" que levou à privatização da maior parte das empresas públicas. Agora precisamos de outra que retire ao estado competências na área da educação, saúde e pensões de reforma.
posted by Miguel Noronha 10:09 da manhã

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