terça-feira, julho 15, 2003
A Terceira Via
Reza desta forma a crónica de Teresa de Sousa:
A sua última grande reunião foi em Berlim, em Junho de 2000, quando Bill Clinton estava ainda na Casa Branca, o centro-esquerda ainda estava no governo da maioria dos países da União Europeia, a economia mundial continuava a ser confortavelmente arrastada pela década de ouro da economia americana e o 11 de Setembro era um pesadelo apenas imaginável na ficção produzida em Hollywood.
O que preocupava então os líderes mundiais de centro-esquerda era como controlar e regular uma globalização económica cujas consequências se tinham manifestado bruscamente em dois acontecimentos dramáticos: a crise dos mercados financeiros que eclodiu na Ásia, em 1997, contagiando e castigando duramente todas as economias emergentes; a revolta pública e violenta contra a reunião de Seattle da OMC, em Dezembro de 1999, que marcou o início dos movimentos anti-globalização.
Não se Teresa de Sousa partilha (ou partilhava) também destas preocupações, de qualquer forma revela um grave problema de análise por parte dos líderes da Terceira Via.
A crise asiática foi desencadeada por uma política câmbial errada e insustentável (ver estudo do Cato Institute) que pretendia manter uma taxa de câmbio constante independentemente dos enormes fluxos de capital que eram injectados nos seus mercados. O problema não resultou de uma "falha do mercado" mas antes do impedimento por parte das autoridades monetárias que este funcionasse.
Admito que a "revolta de Seattle" tenha impressionado qualquer um. No entanto como se veio a provar (e eu não canso de o dizer) a sua expressão social é pequena e as suas propostas utópicas (para não usar um adjectivo pior).
A cedência ao populismo (que Teresa de Sousa julga ser monopólio da direita) foi o princípio do fim da experiências governativas da Terceira Via. Esta foi apeado do poder nos EUA e em quase todos os países europeus. Parece que (mais uma vez) a história de nada serviu. A esquerda cola-se cada vez mais (com raras excepções) aos movimentos de alter-globalização. Ainda não percebeu a razão da sua queda.
posted by Miguel Noronha 12:51 da tarde
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