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sexta-feira, julho 11, 2003

WMD's

Entrevista com Rolf Ekeus, o chefe dos inspectores da ONU no Iraque de 1991 a 1997 publicada no DN:

O dossier das armas de destruição maciça que o regime de Saddam Hussein supostamente teria, e que foram um factor determinante para a invasão do Iraque, continuam a causar grande turbulência política em Washington em Londres.

Das toneladas de armas químicas e biológicas que se disse existirem, apenas foram encontrados alguns tambores ferrugentos e ogivas de artilharia onde em tempos haveria agentes dessas armas. Das armas atómicas, só componentes para refinação metidos em sacos de plástico e escondidos num roseiral. Para os que defendem que isso significa que as armas não existiam e que a guerra foi injustificada, Rolf Ekeus, o chefe dos inspectores da ONU no Iraque de 1991 a 1997, responde que essa conclusão é «bastante bizarra» e que a procura frenética das armas de destruição maciça representa uma «distorção e trivialização de uma ameaça grave para a paz internacional» que o regime de Saddam representava.

Mas se as armas de destruição existiam o que lhes aconteceu?

Ekeus afirma que, depois da Guerra do Golfo, Saddam mudou de objectivo, da produção de agentes para o seu melhoramento e plataformas para os lançar: «O objectivo passou a ser a produção e encaminhamento de agentes das armas directamente para o campo de batalha em caso de guerra. Centenas de engenheiros químicos e de produção e processamento foram empenhados no desenvolvimento de gases contra o sistema nervoso, especialmente o VX, com o objectivo primário de estabilizarem os agentes para optimizarem a manutenção durante mais tempo das suas propriedades letais».

E acrescenta: «A verdadeira ameaça de guerra química do Iraque tinha duas componentes. Uma era a capacidade potencial de levar agentes químicos para o campo de batalha para serem usados contra um inimigo mal treinado e equipado. A outra era a possibilidade de os especialistas iraquianos em armas químicas se comprometerem com redes terroristas, como a Al-Qaeda, com a qual têm muito maior afinidade que os cientistas russos desempregados com que os Estados Unidos tanto se preocupam».

Antes da guerra, o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IIEE) fez um estudo no qual considerava pouco provável que Bagdad conseguisse construir uma bomba nuclear, mas admitia que armas químicas e biológicas pudessem ser fabricadas em instalações civis.

É com base neste tipo de estudos que cada vez há mais especialistas a admitirem que as armas nunca serão encontradas. Só que, como alertava o IIEE, «esperemos e a ameaça crescerá, ataquemos e a ameaça pode ser utilizada». A escolha seria sempre política

posted by Miguel Noronha 10:55 da manhã

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