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terça-feira, setembro 30, 2003

Intelectuais pedem a Fidel que devolva "liberdade a
Cuba" e criticam Lula


PARIS (AFP) - Pedro Almodóvar, Catherine Deneuve, Sophie
Marceau, Jorge Semprun e outras personalidades
participaram esta segunda-feira em Paris de uma "noite
de solidariedade com o povo cubano", denunciando a
repressão conduzida por seu líder Fidel Castro e
destacando sua decepção com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.

A atriz Catherine Deneuve abriu o evento organizado
pela ONG Repórteres sem Fronteiras no teatro do
Rond-point dos Champs-Elysées, com a leitura do
discurso realizado em 8 de janeiro de 1959 em Havana
pelo próprio Fidel, logo após a Revolução Cubana,
conflagrada por ele e Ernesto "Che" Guevarra.

"Enganar o povo terá as piores conseqüências (...)
Farei tudo que estiver ao meu alcance para resolver os
problemas sem derramar uma gota de sangue", prometeu o
então líder revolucionário.

Os participantes desta noite de solidariedade disseram
estar "decepcionados" com a atitude do presidente
Lula, que se negou a encontrar dissidentes durante sua
visita à ilha no último fim de semana.

Para tentar explicar a posição de Lula, o escritor
cubano Eduardo Manet comentou que o "mito da revolução
cubana e o de Fidel Castro persistem nos países
latino-americanos", que "sempre consideraram Cuba e a
revolução cubana como uma esperança e nunca quiseram
ver o que acontecia de ruim".

"Um homem como Lula, que tem necessidade do apoio de
seu povo não pode se permitir esse luxo politicamente,
e ele deve dançar a bossa nova com o Fidel (...) Com
Fidel, é necessário ter muita atenção e Lula sabe
disso perfeitamente", acrescentou o escritor.

Estimulando as intervenções, o escritor e ex-ministro
espanhol da Cultura Jorge Semprun ressaltou que, mais
de 40 anos depois, "o povo está sempre de joelhos
diante dos fuzis". Ele lembrou "as ocultações da
verdade que foram durante muito tempo um atributo de
uma parte da esquerda européia".

"Chegou a hora em que os fuzis deverão se colocar de
joelhos diante do povo", defendeu Semprun.

Uma homenagem particular foi prestada ao poeta e
jornalista Raul Rivero, condenado recentemente a 20
anos de prisão em um processo a portas fechadas, no
qual se concluiu que ele "atentou contra a soberania
do Estado cubano".

Sua filha, Cristina Rivero, subiu no palco e
questionou: "como um poeta, um homem sozinho, poderia,
tal com um Hércules dos Tempos Modernos, dividir o
país?". Depois, a atriz Sophie Marceau leu um poema de
Rivero.

O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, representado
por seu vice, Christophe Girard, transmitiu uma
mensagem de solidariedade e fez os votos de "uma
liberdade reconquistada na ilha".

No fundo do palco, havia várias máquinas de escrever
empilhadas e, em cada uma delas, estava escrita a pena
infringida a um dos jornalistas ou escritores
condenados recentemente. Em Cuba, sua posse é
proibida, a menos que se tenha uma autorização
especial.

O diretor espanhol Pedro Almodóvar segurava um leque
que dizia "Cuba sim, Castro não" e defendeu que Fidel
devolva a liberdade à Cuba e "apague" a ditadura
instaurada por ele.
posted by Miguel Noronha 9:01 da manhã

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F.A.Hayek

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