quinta-feira, setembro 04, 2003
Solidariedade Socialista
A propósito do artigo Socialism Kills, aqui citado, o Desesperada Esperança escreve o seguinte:
"socialism teaches you to avoid taking care of other people. The state will -- why should you?..."
Os recentes acontecimentos em França (abundantemente comentados na blogosfera) são um bom exemplo disso. O número de mortos, e principalmente, o número de corpos que não foram reclamados, a que ninguém das famílias dos falecidos ligou alguma coisa, demonstra os efeitos preversos da intromissão do "pai Estado" nos assuntos privados. É extraordinário que o governo francês seja forçado a tratar dos funerais destas pessoas, na ausência de qualquer solidariedade e preocupação de familares ou outras pessoas próximas.
E tudo enunciado naquela pequena frase...
A propósito disto lembrei-me de um comentário do País Relativo [blogue das jovens esperanças do partido da rosa] acerca das campanhas de solidariedade privadas que surgiram durante e após a vaga de incêndios que nos assolou recentemente:
Já demos para esse peditório: Depois da Operação Coração, da Operação Triunfo e da Operação das Gémeas Siamesas, a RTP vem agora com a Operação Renascer das Cinzas. O Governo desinvestiu na prevenção e no combate aos incêndios. A reorganização da protecção civil e do serviço nacional de bombeiros só serviu para descoordenar acções. Se a isto juntarmos o calor, temos a receita para a tragédia. Agora lá vem a mítica «sociedade providência» tentar remediar, com muita solidariedade, erros que são responsabilidade do governo, funções que são competência do Estado. Contribuir para este peditório é contribuir para a desresponsabilização do Estado e para a reprodução de uma lógica doentia que confunde cidadania com caridade, direitos com esmola. Não somos obviamente contra que se ajude quem agora precisa de ajuda. Consideramos é que campanhas de solidariedade pontuais apenas actuam sobre as consequências, mas não sobre as causas. Se a ideia é um Portugal solidário, então que o seja o ano inteiro, logo desde Janeiro quando faz frio e ainda não há fogos. O Estado tem funções sociais e de soberania que se financiam através dos impostos que todos pagamos. Se se considera que o Estado não tem meios para assegurar estas funções, então que nos aumente os impostos! Para o peditório da caridadezinha, já demos.
Quod Erat Demonstradum...
posted by Miguel Noronha 4:46 da tarde
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