O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

quinta-feira, outubro 30, 2003

Caro Rui Tavares,

Só uma leitura desatenta de qualquer um dos blogues citados pode leva-lo a supor que, no nosso entendimento, vivamos num qualquer paraíso capitalista (quem me dera que assim fosse!!). Reconheço, no entanto, que prefiro habitar este mundo a qualquer paraíso socialista ou alter-globalista (a versão actualizada da utopia soviética) em que as minhas liberdades económicas e políticas sejam ainda mais coarctadas e que nos condene a viver ao nível de qualquer país do Terceiro Mundo.

Igualmente, apenas uma análise superficial o pode levar a concluir que todos os textos publicados apenas tecem elogios aos nossos governantes e opinion-makers. Tal como bem notou Hayek, ao dedicar "The Road to Serfdom" aos socialistas de todos os partidos,todos , com raras excepções - embora uns num grau bem maior que outros, defendem políticas que apenas podem merecer a reprovação de qualquer liberal que se preze. Não nos dedicamos a criticar exclusivamente a esquerda embora esta nos dê mais "pano para mangas" do que a direita.

Diz a sabedoria popular que sendo os americanos seres desprovidos de inteligência o seu presidente não pode ser melhor. Estranha ironia que o seu país tenho um nível de prosperidade superior a muitos outros e que os seus cidadãos tenham monopolizado os Prémio Nobel nas últimas décadas. O que nos vale é a nossa inteligência que não se compadecem com esses factos de menor importância.

Que Israel seja a única Democracia no Médio Oriente também não interessa. Preferimos apoiar a manutenção do status quo. Os regimes árabes, mais ou menos totalitários, mais ou menos sanguinários, são preferíveis ao israelita.

Que os valores civilizacionais israelitas ou americanos tenham produzido sociedades ocidentais em que revemos os valores europeus (mais britânicos que continentais) que moldaram as nossas democracias liberais pretendem vocês também que seja irrelevante.

Tenho sempre tido a preocupação de fundamentar as minhas posições nunca me limitando a apresentar meros exercícios de retórica que a esquerda bastante aprecia. Procuro apresentar factos quantificáveis (a propósito, já leu os livros de Johan Norberg e de Bernard Lewis?) e raramente me furto ao debate. Perante isto como justifica a afirmação que O Intermitente não passa de uma mera operação de propaganda ao estilo soviético? Se tem dados que contradigam os meus tem toda a liberdade para os contestar.

Não tenho vergonha em assumir as minhas convicções nem considero que a esquerda tenha qualquer monopólio moral. A História dá-me razão e não vos absolve apesar das vossas pretensões.

Defendemos concepções diferentes de sociedade. Considero a minha claramente superior tanto nos meios como nos resultados ou não a defenderia convictamente. A minha trouxe uma prosperidade sem paralelo histórico a todos os países que decidiram segui-la. A sua levou e, infelizmente, levará ao caminho da servidão.
posted by Miguel Noronha 11:24 da manhã

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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