quinta-feira, outubro 16, 2003
Irresponsabilidade
Da crónica de José Manuel Fernandes:
Seabra Santos [reitor da Universidade de Coimbra] deve desejar, esperamos, poder continuar a definir os cursos que a sua universidade ministra, a escolher os seus professores e a optar entre diferentes investimentos e diversas vias de desenvolvimento. A isso chama autonomia, e bem. Aquilo que não deseja é, em simultâneo, arcar com uma pequena parte da responsabilidade pelo financiamento dessas escolhas. Na sua estranha opinião, foi o Estado que confundiu "autonomia e desresponsabilização" pois não assumiu o ónus de dizer que propina devia a Universidade de Coimbra cobrar. Era uma decisão que, na sua opinião, "mais ninguém pode assumir ou tomar por ele".
Por outras palavras: a Universidade e o seu reitor decidem como gastar o dinheiro; o Estado - ou o Governo, que vai dar ao mesmo - decide como arranjar a totalidade desse dinheiro. Claro que não é por faltar coragem política aos reitores que eles não querem tomar essas decisões, acrescentou Seabra Santos: o mal é o Estado não querer "assumir o ónus político de encerrar alguns estabelecimentos de ensino superior ou de aumentar impostos".
É que aumentando impostos tudo ficaria mais simples. Os reitores já não teriam de tomar decisões difíceis e os estudantes já não protestariam, dedicando-se por inteiro, felizes, àquilo a que verdadeiramente gostam de se dedicar neste período de reinício das aulas: a tortura dos caloiros.
posted by Miguel Noronha 11:06 da manhã
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