O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

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terça-feira, novembro 11, 2003

Concorrência

Artigo de Francisco Sarsfield Cabral no DN:

É óptima a concorrência - mas o meu caso é especial. Eis a atitude típica de muito empresário português. Não é de espantar, pois vivemos numa cultura antimercado. Tivemos décadas de condicionamento industrial, em que uma empresa só poderia abrir se as já instaladas no sector concordassem. Tivemos as nacionalizações e a ideologia colectivista. E temos, hoje, a obsessão dos grupos económicos fortes, com centros de decisão no País, e o Estado a intervir na gestão empresarial. Nada disto favorece a compreensão de que, ideologias à parte, o mercado é a primeira linha de defesa do consumidor e o seu funcionamento torna as empresas mais competitivas. E ainda que o mercado exige um Estado a sério.

Proteger empresas só as enfraquece. Numa concorrência cada vez mais de âmbito global, quem está acomodado a protecções nacionais acaba por não vingar. E a pequenez do nosso mercado não pode ser desculpa para entravar a livre competição - veja-se o mercado da Irlanda, bem mais pequeno. A concorrência tem custos, naturalmente, mas só ela nos obrigará a largar rotinas e a sermos mais produtivos. Ou seja, não é só o consumidor quem perde com a falta de mercado: é o País.

No entanto, entre nós continuam a aceitar-se com a maior passividade coisas como os preços dos supermercados serem mais altos nas zonas onde existe um só estabelecimento, ou que a EDP faça os seus clientes pagarem os custos de reduzir pessoal (não há, então, ganhos de produtividade?...), ou, ainda, que o «cambão» seja habitual na maioria dos concursos. A recém-criada Autoridade da Concorrência tem muito trabalho pela frente. E a sua prioridade deve ser despertar Portugal para o que agora perde com a falta de verdadeiro mercado.

posted by Miguel Noronha 10:45 da manhã

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
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