quarta-feira, novembro 12, 2003
A Partida da GNR Para o Iraque
Do editorial de José Manuel Fernandes no Público:
Para Portugal, enviar para o Iraque um contingente da GNR é prosseguir um caminho coerente, iniciado há oito anos, de real envolvimento nos assuntos internacionais, é ser fiel aos nossos aliados e é dar cumprimento a uma resolução das Nações Unidas. Isso deveria ser suficiente para que a plataforma de entendimento a que chegaram o Governo e o Presidente da República - assumida na entrevista que Jorge Sampaio deu ao PÚBLICO, à RTP e à Rádio Renascença - fosse objecto de um amplo consenso político. Neste momento, e especialmente depois da resolução 1511, o PS que no Governo quebrou o tradicional isolacionismo português devia entender que, na oposição, não devia afastar-se da linha de rumo em boa hora traçada. Uma linha de rumo que, para mais, é também da União Europeia, quer porque esta decidiu apoiar economicamente o esforço de reconstrução, quer por vários dos seus estados membros terem já presença no terreno.
Finalmente, para além da coerência da opção de colaborar na pacificação e reconstrução do Iraque, deveria ser pacífico que o sucesso ou insucesso dessa operação não diz apenas respeito aos EUA e ao Reino Unido, ou ao senhor Bush e ao senhor Blair: diz respeito a todos os que desejam um Iraque democrático que seja um factor de estabilidade no Médio Oriente.
Se em 1995 boa parte do nosso futuro colectivo se jogava na Bósnia, hoje boa parte do nosso futuro colectivo joga-se no Iraque. De onde não se pode desertar, nem fugir, e que também não se pode sequer evitar. Mesmo os que entendem que o problema foi criado contra a sua opinião deviam perceber que hoje o "problema" também é deles. O mesmo é dizer, nosso.
posted by Miguel Noronha 12:18 da tarde
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