quarta-feira, dezembro 03, 2003
A Difícil Hora da Verdade
Artigo de Manuel Queiró no Público.
A "facada nas costas" que a França e a Alemanha deram ao Pacto de Estabilidade e Crescimento vai-nos obrigar a um choque com a verdade, tanto no plano interno como nas negociações de Roma. Em casa deixámos de ter um álibi para assumirmos a nossa própria disciplina, e na Europa não podemos mais ignorar a existência de um directório, que o eixo franco-alemão quer sem disfarces constituir. Tanto numa matéria como noutra ficam as opções mais difíceis de assumir, mas o combate político fica seguramente mais transparente.
Sobre o pacto e o seu provável fim já se disse de tudo um pouco, em defesa de quase tudo. Pelo meu lado, impressionou-me sempre o desvio sistemático do debate que a sua existência provocava. Da necessidade de uma política de contenção de despesas falou-se muitas vezes como se de uma obrigação internacional se tratasse. Como se os portugueses só aceitassem uma política difícil por via da ameaça externa. Se por uma parte isso serviu a muita gente para interiorizar a inevitabilidade de uma política, por outra deu azo a um discurso oposicionista fácil e demagógico. Em vez de uma crítica aberta à contenção de despesas, o que se atacava era a submissão a metas que nos eram impostas.
posted by Miguel Noronha 11:23 da manhã
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