terça-feira, dezembro 02, 2003
Monstrengos
Mais um excelente artigo de João Pereira Coutinho:
PORTUGAL perdeu a organização do America's Cup para Valência e eu, de joelhos, ergui as mãos para o Céu. Obrigado, Senhor! Desta vez, não haverá qualquer tipo de delírio até 2007. Pena que a UEFA não tenha agido com tamanha lucidez. Os resultados estão à vista: faz-se um sorteio para o Campeonato da Europa, arranjam-se quatro grupos, dezasseis equipas por grupo e distribui-se a coisa por... dez estádios nacionais. Dez. Não foram quatro. Não foram cinco. Não foram seis. Foram dez. Os casos mais demenciais encontram-se no Algarve (onde serão disputados três jogos - repito: três jogos para um investimento de 30 milhões de euros), em Leiria (20 milhões, 2 jogos), em Coimbra (20 milhões, 2 jogos), em Guimarães (25 milhões, 2 jogos), em Braga (90 milhões, 2 jogos) e em Aveiro (60 milhões, 2 jogos). No final da coisa, muito obrigado, até à próxima, aqui tem a chave - e algumas câmaras municipais já avisaram que não tencionam sustentar os mostrengos. Serão vinte dias de festa - e, pelo menos, cinco estádios perfeitamente inúteis para o resto da vida, obviamente suportados pelo bolso do trabalhador comum. O Campeonato da Europa de Futebol, na sua trágica megalomania, é o retrato perfeito da insanidade em que vivemos.
O JPC esqueceu-se de referir que vamos ter uma megalómana ligação de alta velocidade para fazer a ligação entre os estádios fantasma.
É claro que para alguns (infelizmente muitos) tudo isto é positivo. Há até quem lhe chame investimento. Os gastos transforma-se-ão no crescimento económico que necessitamos para "sair da crise" e apanhar o "pelotão da frente".
Nestas "brilhantes" análises os nossos pensadores esquecem-se frequentemente uma questão fundamental Quem irá pagar (e manter) estas megalomanias que só irão servir para aparecer como pano de fundo, nos tempos de antena, em campanhas eleitorais?
posted by Miguel Noronha 5:08 da tarde
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