quinta-feira, janeiro 29, 2004
Entrevista com Douglass North - pt I
Douglass North que foi Prémio Nóbel da Economia em 1993 (juntamente com Robert W. Fogel) foi entrevistado pela revista Veja.
Dada a extensão da mesma (e não haver link directo) decidi dividi-la em partes.
Para um país enriquecer Douglass North afirma que só vão progredir os países que desenvolverem instituições sólidas.
Várias correntes de pensamento já explicaram por que alguns países enriqueceram e outros permanecem no atraso. Para o professor americano> Douglass North, 83 anos, vencedor do Nobel de Economia em 1993, as nações prosperam quando seus governantes se guiam por duas preocupações fundamentais. Uma delas é garantir a competição entre as empresas. A
outra é fortalecer as instituições. Para North, a competição e as instituições são fatores de desenvolvimento mais importantes que as riquezas naturais, o clima favorável ou a agricultura. Nesta entrevista, North conta que nos tempos do faroeste os Estados Unidos já tinham leis claras para assegurar o direito de propriedade e o cumprimento dos contratos. Em países como o Brasil até hoje há falhas nesse sistema. Para ele, a única chance que os países têm de dar um salto é transformando suas instituições.
Douglass North estará no Brasil no mês que vem.
Veja - A renda per capita dos Estados Unidos e a do Brasil eram idênticas em 1800. Um século mais tarde, os americanos haviam deixado os brasileiros lá atrás. Hoje, essa diferença de renda é da ordem de quinze vezes. O que aconteceu?
North - Há várias explicações para o fenômeno do distanciamento de renda entre Estados Unidos e Brasil, mas gosto de me concentrar numa delas: as chamadas instituições. Nenhum país consegue crescer de forma consistente por um longo período de tempo sem que antes desenvolva de forma sólida suas instituições. Quando uso a palavra instituição, refiro-me a uma legislação clara que garanta os direitos de propriedade e impeça que contratos virem pó da noite para o dia. Refiro-me ainda a um sistema judiciário eficaz, a agências regulatórias firmes e atuantes. Só assim, com instituições firmes, um país pode estar preparado para dar o salto qualitativo, mudar de patamar. Olhe para os Estados Unidos do século XIX.
Embora estivessem nos tempos do faroeste, os americanos já possuíam leis sofisticadas que asseguravam a liberdade religiosa, o direito ao habeas-corpus, o direito à propriedade privada e a certeza coletiva de que, se assinassem um contrato, ele seria cumprido. Com isso, os proprietários de terra e os donos das firmas se sentiam estimulados a investir em novas tecnologias e em mão-de-obra. Daí o aumento estratosférico de produtividade americana. No Brasil e no resto da América Latina, a história foi outra.
posted by Miguel Noronha 11:31 da manhã
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