O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

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quinta-feira, março 04, 2004

A Guerra Mundial em Curso

Excerto do artigo de José Pacheco Pereira no Público.

No plano político, estes europeus desejam acima de tudo manter o "statu quo" mundial, e excluem liminarmente toda a acção que o perturbe. É esta a chave da sua política que implica necessariamente incomodidade ou oposição aberta às intervenções militares "preventivas". A esta afirmação da estabilidade a todo o custo acrescenta-se uma análise que implica uma culpa objectiva dos americanos no surto terrorista, pelo seu apoio ao Estado de Israel, ou pela sua supremacia económica e militar. Para estes europeus, a chave da derrota do terrorismo seria a mudança da política externa americana, ou, mais radicalmente, a passagem dos EUA para uma potência de segunda ordem no plano militar internacional, isolado e isolacionista.

É nesta análise e nesta posição culpabilizante-defensiva que penso haver um erro essencial e uma incompreensão das características da actual guerra mundial. Não é preciso ir mais longe do que os recentes atentados no Iraque e no Paquistão para perceber o erro essencial desta análise: não é por si a política americana que é o adversário, nem o conflito israelo-palestiniano, mas o confronto global entre um islão fundamentalista e tudo o que limite a sua influência e poder. A própria existência de um mundo alheio ao islão fundamentalista é razão para a guerra.

O carácter global da guerra revela-se também nos seus objectivos secundários, ou instrumentais, um dos quais é a subjugação do xiismo. É isto que alguns dirigentes religiosos xiitas iraquianos e iranianos perceberam melhor que muitos europeus. Os atentados nas cidades de Bagdad e Karbala não mataram americanos nem essa era a sua intenção, mataram xiitas, muçulmanos heréticos. O seu objectivo é suscitar uma guerra civil religiosa no Iraque, o melhor antídoto contra qualquer esforço democratizador, que resolvesse as veleidades de normalizar o país, e que pusesse na ordem esse sector da população (maioritário), cujo jugo terminou com a invasão da coligação. A sua mensagem é uma clara mensagem de poder puro: em terras "nossas" não há lugar para outro poder que não a ditadura dos iluminados fundamentalistas, nem lugar para todos aqueles que, mesmo muçulmanos, possam desejar mudança. Não é nacionalismo, nem resistência, é uma afirmação global de posse: de posse das terras (referência aos "cruzados"), de posse das populações. Nesta parte do mundo, mandamos nós, enquanto não mandamos nos outros - eis a mensagem fundamentalista.

posted by Miguel Noronha 5:32 da tarde

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F.A.Hayek

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