domingo, março 21, 2004
A Oposição
Excerto do artigo de António Barreto no Público.
Do lado da oposição, não estamos em melhor estado. A fuga de Guterres não retirou ao partido as suas, boas ou más, ideias políticas. Mas destruiu-lhe a fibra moral e a confiança. E fez com que os seus Barões se entregassem aos supremos prazeres do canibalismo e da traição. Quando não do silêncio assassino. Peritos, há anos, em oposição, os socialistas nem sequer desempenham agora um papel relevante. Além de entregar o governo aos seus adversários, o abandono de Guterres deixou-os traumatizados. Perderam a cabeça com o processo dito da pedofilia. Têm vindo a agravar o estilo arruaceiro e as políticas demagógicas de que se pretendem orgulhosos autores. Estão cada vez mais híbridos e descaracterizados. Não perceberam as razões por que perderam. Não reconheceram os erros cometidos. São incapazes de criticar o universo de desperdício e facilidade que criaram. Continuam a pensar que gastar e distribuir, sem poupar nem produzir, é o modelo de política responsável. Persistem em crer que se pode e deve viver com as finanças públicas em perpétuo estado de bancarrota. A convite de Chirac e Soares, do Bloco e do PCP, enveredaram por estranhos caminhos de política europeia e externa. Adoptaram o estilo do PCP que, há quase trinta anos, berra no Parlamento e na rua, exigindo a demissão de cada um e de todos os ministros. Por este andar, os socialistas merecem um longo estágio na oposição.
posted by Miguel Noronha 10:09 da manhã
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