O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
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quarta-feira, junho 30, 2004

Por Outro Lado...

Leio n'O Acidental o post do Luciano Amaral sobre a recente crise política. Argumento o Luciano que a única saída é a marcação de eleições legislativa porque (vamos lá a ver se não me falho nada...):

1. A saída de Durão Barroso (DB) constitui uma fuga comparável à de António Guterres. A Presidência da Comissão nada contribui para o prestigio nacional e sim para o prestigio pessoal de DB. A sua saída precipitou uma crise política desnecessária.

2. A polítca (de desvario) orçamental que se pretende imputar a Santana Lopes não seria diferente da (eventualmente) seguida se DB permanecesse à frente do executivo até ao final do mandato.

3. Nas últimas legislativas os portugueses votaram em Durão Barroso para líder do Governo. A sua saida corresponde a uma "quebra de contrato" pelo que deveriam ser convocadas novas eleições legislativas.

4. A Presidência de Durão Barroso na Comissão Europeia não será o advento das políticas liberais mas do "keynesianismo mais tragicamente estatista".

5. Uma cura de oposição poderia levar o PSD e o PP a advogarem políticas mais liberais.

Ora bem...

Quanto ao primeiro ponto tenho pouco opor. A saída de DB foi inoportuna. Não afasto é de forma tão liminar (como o Luciano) a ideia que Portugal nada ganhe com a sua ascensão à presidência. No entanto penso que Portugal era mais importante que a UE e que, como refere o Luciano no ponto 4 nada me garante (antes pelo contrário) que na Presidência DB não seja mais que um "yes-man" de Chirac e Scroeder.

Embora (se não me falha a memória) o sistema político português não esteja dessa forma establecido de facto os eleitores votam para o chefe de governo. Pouca gente se lembra nesta altura dos restantes cabeças-de-lista para já não falar que ninguém sabe ao certo qual o depuatdo que ajudou a eleger.

No entanto este quadro político não é exactamente idêntico ao da auto-demissão de Guterres. Este demitiu-se porque entendeu (bem ou mal) que o PS já não tinha condições para governar. DB fê-lo (goste-se ou não) porque foi nomeado para a Predidência da Comissão Europeia. O PSD e o PP demonstraram a sua vontade em encontrar uma solução governativa. Na altura, o mesmo não sucedeu com o PS.

Embora tenha (à partida) pouca confiança num executivo liderado por Santana Lopes penso que as alternativas saída das legislativas seriam tão más ou piores. Penso que cometes um erro quando dizes que Santana não faria pior que Ferro Rodriges.

Penso que deves saber que as políticas iliberais advogadas pela facção que nos últimos dois anos tomou conta do PS não se restrigem à política de consolidação orçamental. Com bastante probabilidade teriamos um retrocesso no campos da legislação laboral, segurança social ou política fiscal (apenas para referir alguns exemplos). Podes contra-argumentar (e com razão) que este governo pouco fez nessas áreas. Mas tens que admitir que os poucos progressos feito serão fácil e rapidamente revertidos.

Por outro lado a probabilidade de o BE integrar o governo ou, pelo menos, fazer um acordo parlamentar com o PS é grande. Todos os riscos que acima enuncio ficam desta forma potenciados. Taxa Tobin, anyone?

Para terminar a possibilidade de uma "cura de oposição" provocar o aparecimento de personalidade e políticas verdadeiramente liberais não passa de wishful thinking. Também eu desejava que assim acontecesse...

posted by Miguel Noronha 4:39 da tarde

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