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quinta-feira, agosto 12, 2004

Colonialismo

Artigo de Francisco Sarsfield Cabral no Diario de Notícias.

A Liga Árabe tem-se oposto a sanções ao Sudão por causa dos massacres de Darfur. Muito menos aceitam os árabes uma intervenção militar para travar ali o maior desastre humanitário dos últimos tempos. Tal atitude não constitui surpresa. Não obstante serem há muito evidentes a corrupção e o nepotismo de Arafat na liderança da Autoridade Palestiniana, raras vezes essa situação originou críticas árabes. Já a União Africana foi agora capaz de criticar o Governo sudanês. Mas trata-se de uma excepção: a UA tem-se abstido cuidadosamente de desagradar a qualquer dirigente africano, por mais corrupto e incompetente que seja. Nem formulou reparos à farsa eleitoral organizada pelo ditador do Zimbabwe, o sinistro Mugabe. A regra é não dizer mal dos parceiros pobres e acusar os países ricos.

A relutância dos governantes das nações subdesenvolvidas em reconhecerem que lhes cabem responsabilidades na desgraça dos seus povos é estimulada pelas teorias que apontam o colonialismo e o imperialismo como fonte de todos os males. É a velha tese marxista de que, se há pobres, é porque existem ricos que os exploram. Acabe-se com a exploração e logo correrão o leite e o mel. Mas, extinto o colonialismo, hoje o problema de muitos países pobres é não serem explorados: ninguém lá investe. Ninguém os quer explorar.

O grande problema das economias subdesenvolvidas está na incapacidade dos seus dirigentes. As teorias que os desculpam, vindas dos intelectuais dos países ricos, revelam sobretudo paternalismo. Olham os governantes dos países pobres como se eles não fossem adultos e responsáveis: a culpa é sempre dos outros, dos exploradores, nunca dos coitados dos subdesenvolvidos. Eis o pior dos neocolonialismos.


posted by Miguel Noronha 3:55 da tarde

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