O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

segunda-feira, outubro 25, 2004

A Regra do Bolso

Artigo de João César das Neves no Diário de Notícias

Para avaliar Orçamentos de Estado, há vários anos que uso uma regra simples: olhar para o que aconteceu ao total da despesa pública. Esquecer as parcelas e considerar, antes de mais, o total dos totais, a soma de todos os montantes gastos pela globalidade do Sector Público Administrativo (que inclui Estado, Fundos e Serviços Autónomos, Administração Regional e Local e a Segurança Social). Se esse valor desceu, o Orçamento é bom; se se manteve ou subiu, o Orçamento é mau; se subiu muito e, sobretudo, se subiu em percentagem do PIB, o Orçamento é péssimo.

(...)

Esta regra tem uma vantagem evidente hoje, aqui. A despesa pública total em Portugal atingiu quase 50% do produto nacional. Metade do que os portugueses produzem é engolido pelo Estado. Neste caso, aquele critério simples transformou-se em prioridade estratégica. É imperioso descer o total do Orçamento.

(...)

Como se compara este critério com o défice, essa outra regra, também elementar, que tanto se usa hoje em dia para avaliar o OE? Esse indicador ganhou relevância política por causa do compromisso europeu que lhe fixou um tecto. Mas o défice constitui uma abordagem financeira, enquanto o total da despesa é uma consideração eminentemente económica.

O défice é muito importante. Representa o endividamento líquido do Estado, o seu contributo para a absorção da poupança nacional. É isso que afecta o lado nominal da economia, o crédito, as taxas de juro e de câmbio. Mas todo o dinheiro que o Estado gasta é nosso, pois ele nada produz. Assim, a parte que nos retira por impostos não é mais agradável do que aquela que nos leva em empréstimos. Porquê olhar apenas para esta última e dirigir todos os esforços a controlá-la? O que se deve fazer é dirigir a atenção para a factura total e, ao controlar a despesa, diminuir consequentemente o défice.



posted by Miguel Noronha 4:54 da tarde

Powered by Blogger

 

"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

mail: migueln@gmail.com