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quinta-feira, novembro 04, 2004

Sampaio ou a Teoria do Cheque em Branco (via Office Louging)

Notícia do PUBLICO.PT - Última Hora.

Sampaio pediu também que o referendo relacionado com o Tratado Constitucional da UE não seja dramatizado pelo facto de os cidadãos não conhecerem o documento em pormenor.

"Não vamos dramatizar. Quem sabe o que está no programa do Governo quando vai votar? Dez por cento? E é um voto ilegal por isso? Não, é um voto, uma convicção", defendeu.

O chefe de Estado recordou que "ninguém sabe todos os pormenores" sobre documentos como o Tratado Constitucional, que têm de ser consultados com regularidade numa "permanente procura do conhecimento".


É pouco provável que dez , sequer um, por cento, dos portugueses venham a ler o projecto constitucional.

Dada a sua dimensão (recordo que o, inicialmente, o trabalho da convenção era apenas simplificar e unificar os tratados já existentes) e a necessidade de "descodificar" alguns termos técnicos provavelmente apenas um décimo conseguirá realizar as suas implicações na totalidade.

Nada disto impede, porém, que se publiquem resumos que o tornem perceptível ao comum dos mortais.

Nada disto impede a discussão das suas implicações para Portugal e para a UE.

Nada disto implica que apenas se comunique ao povo que a "Constituição é boa", que "se deve votar SIM" e "que não se preocupem com o lá diz".

Um programa de Governo têm a validade máxima de quatro anos. Uma Constituição é suposto durar bastante mais e vai condicionar todos os programas de Governo durante a sua vigência.

Em Portugal, a maior parte do eleitorado, conhece as posições de todos os partidos políticos. A leitura do programa eleitoral é, quando não inútil, redundante.

O projecto constitucional europeu é um elemento novo, complexo e com demasiadas implicações para ser tratado com tamanha leviandade.

O apelo do Presidente Sampaio não foi "à convicção" mas sim "à carneirada".

posted by Miguel Noronha 5:09 da tarde

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