terça-feira, janeiro 11, 2005
O Défice
Excerto do artigo de José Manuel Fernandes no Público.
O principal problema que o próximo Governo terá de enfrentar é fácil de quantificar: onde encontrar três mil milhões de euros? Isto é, onde encontrar o dinheiro necessário para tapar o buraco das contas públicas, o dinheiro que falta para que o défice fique abaixo dos três por cento sem necessidade de voltar a recorrer a receitas extraordinárias. As contas são de Vítor Constâncio, mas poucos parecem ter ouvido as suas palavras avisadas.
Até ao momento nenhum partido deu uma resposta convincente - sendo que alguns entendem mesmo que não há qualquer problema em ultrapassar a meta do défice e continuar a endividar ainda mais o país, como é o caso do PCP e do Bloco. Já do PS têm vindo generalidades e do PSD nem isso.
Na verdade a resposta não é simples. Há poucas maneiras de evitar que o buraco das contas públicas aumente.
A primeira é irrealista: esperar que o país cresça em 2005 (e nos anos seguintes de forma sustentada) a um ritmo superior ao esperado e, assim, realizar uma cobrança de impostos ligada a uma maior actividade económica dê para as necessidades.
A segunda é malsã: aumentar as taxas dos impostos, o que corresponderia a aumentar o peso do Estado na economia e a atrofiar ainda mais as possibilidades de crescimento a prazo.
A terceira é indispensável mas muito difícil e dolorosa de executar: conseguir que o Estado gaste menos e gaste de forma mais racional.
Todas elas têm um ponto em comum: não dão votos, ou pelo menos os políticos pensam que não dão votos. Sobretudo aquela que é mais provável que acabe por ser adoptada, a subida dos impostos, também a que menos bem faz ao país.
posted by Miguel Noronha 3:03 da tarde
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