sexta-feira, março 07, 2003
O Nitrofurano, O Ministro e Ferro Rodrigues
Já nos criticam, algumas vezes, o facto de focarmos em demasia as nossas atenções na situação internacional e descurarmos a situação doméstica. Decidimos portanto analisar o recente caso do nitrofurano. Não me parece que seja o caso tenhas as dimensões que tomou na imprensa mas é sintomático da forma como as coisas se passam em Portugal.
O nitrofurano é um antibiótico muito potente e que, acumulada no organismo humano, pode ser cancerígena. Pertence à lista de substâncias que não podem ser usadas na produção de animais. Para além de prevenir doenças nos animais promove o seu crescimento. Por ser relativamente barata e ter resultados bastantes satisfatórios foi amplamente utilizada durante 40 anos. Dado que a sua utilização foi legal durante tanto tempo, todos nós, devemos ter ingerido esta substância. O 1º erro do Ministro foi não ter sabido fazer este enquadramento.
Ao que consta a inspecção veterinária (que tem poucos recursos e está mal preparada) detectou a sua utilização em algumas explorações avicolas. Como determina a lei e para certificar os resultados foi determinada a contra-analise (normalmente por outros meios de diagonóstico mais demorados mas bastante mais fiáveis. Entretanto as explorações sobre suspeita foram colocadas sobre sequestro. Sequestro significa que não pode entrar ou sair nenhum animal dessa exploração. O Ministro sabia o que isso significava, eu também (por razões profissionais) mas 99.99% da população não sabe. O Ministro podia ter (como se diz na giria popular) "trocar a coisa por miudos". Foi o seu segundo erro.
Como ainda não tinha os resultados da contra-analise (a certeza definitiva) o Ministro não divulgou o nome das explorações. Fez bem. Mas se as explorações estavam sobre sequestro (logo a saude publica garantida) e ainda não podia "denunciar" os infractores (chamar os bois pelos nomes - hoje estou virado para os ditos populares) mais valia não ter tornado publica a situação. Terceiro erro...
Não ponho em causa a competência técnica do Ministro mas sim a sua competência politica. Este já não é um erro do Ministro mas de Durão Barroso. O cargo de Ministro acarreta mais que competências técnicas. Diria que para isso temos os níveis "inferiores do ministério...
Neste momento temos uma onda de histeria que começa no jornais, passa pela oposição e desagua nos consumidores que pensam que de um momento para o outro podem cair para o lado fulminados.
Quando questionado sobre este assunto, pelos orgãos de comunicação social, Ferro Rodrigues afirmou estar contra.
posted by Miguel Noronha 4:49 da tarde
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