quinta-feira, março 20, 2003
A recessão
No DN Sarsfield Cabral diz o que se deve e não deve fazer para "vencer" a recessão (peço desculpa mas vou colocar o artigo quase todo):
Convém desfazer alguns equívocos. Vale a pena o Governo fazer muita coisa _ mas não aquilo que mais se ouve reclamar: gastar dinheiro para espevitar a economia. Este keynesianismo algo primário teria efeitos funestos, pois o nosso problema não é conjuntural, mas estrutural. Seria errado estimular o consumo privado (veja-se o endividamento das famílias) e muito mais o público (a despesa corrente do Estado é um desperdício de recursos e um travão à modernização do País). E o investimento? Num país onde existe meio milhão de casas a mais, desocupadas (tirando as casas de férias!), insistir na construção é um absurdo. E para obras públicas de valia económica e social duvidosa bastam os dez estádios do Euro 2004.
A retoma sustentada só pode vir das exportações. Tal implica uma procura externa, sobretudo europeia, mais dinâmica _ e aí nada podemos fazer. Mas podemos agir sobre a oferta, aumentando a capacidade das empresas para competirem sem ser na base da mão-de-obra barata. O que também depende de uma administração pública desburocratizada. E de uma justiça menos lenta. Aí, sim, deve o Governo agir e depressa. É mais difícil do que reanimar a conjuntura com despesa pública, mas é o que importa
A propósito de Keynes. Há poucos dias um amigo (que confessa pouco perceber de economia) dizia-me que o Keynesiamo era a melhor teoria economica.
Quando lhe perguntei porquê respondeu-me "Não sei mas parece-me que sim".
Uma tentativa de enquadramento histórico e algumas explicações adicionais não foram capaz de o demover das suas convicções.
O argumento do "parece-me que sim" tem uma força inimaginável...
posted by Miguel Noronha 10:28 da manhã
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