sexta-feira, agosto 08, 2003
Elogios rasgados a Estaline nas páginas do 'Avante!'
Como já alguns blogues tinha referido ontem a propósito da comemoração dos 50 anos da morte de Estaline o "Avante" dedica-lhe uma perturbante homenagem:
O 50º aniversário da morte de Estaline (05.03.1953) foi comemorado sem indiferença e com respeito na antiga URSS, mas noutros países com o habitual «grande espectáculo» que os «media» ocidentais costumam dedicar a todos os acontecimentos em que Estaline se distingue. Uma vez mais, vieram à baila os muitos milhões que teria mandado executar e, enfim, toda uma série de horrores a que a História, a verdadeira, não consente aval. O nome do escritor Alexandr Solzhenitsyn oferece constante fonte de apoio a todos os especuladores na matéria. A sua afirmação de que os «excessos» [aspas?!] de Estaline teriam conduzido milhões de pessoas à morte, serve-lhes às mil maravilhas. Mas parece que as coisas não foram bem assim...
(...)
Outro capítulo da trajectória de Estaline em que os dirigentes e os propagandistas do capitalismo mundial se mostram extremamente intransigentes e vorazes (compreende-se porquê...) é o da campanha da colectivização das terras. Mas a intransigência de Estaline era, igualmente, compreensível. Assim, a 6 de Fevereiro de 1928, dizia ele: «Os camponeses pobres e uma proporção considerável dos de nível médio, venderam e já entregaram ao Estado toda a sua produção de trigo. O governo pagou-lhes, segundo os preços acordados. Mas pode admitir-se que o nosso mesmo governo pague aos ?kulaks? (grandes proprietários) duas vezes mais por iguais quantidades de trigo?». Os «kulaks», obviamente [!!!], foram liquidados como classe social. Mais tarde, em 1935, Estaline tinha, ainda, esta famosa conclusão para nos dar: «Deve compreender-se que de todas as preciosas formas de capital que existem no mundo, a mais decisiva é formada pelos homens e, entre estes, a mais preciosa são os quadros partidários» [!!!!]
(...)
Mas os desenvolvimentos seguintes e a passagem do tempo indicam que Estaline não cumpriu a garantia prestada. Abusando do poder, promoveu o culto da sua própria personalidade acabando por cometer graves erros (mas não todos os que se lhe apontam) [quais?] , tanto em assuntos de política interna como noutros da área internacional. Por outro lado, note-se que a melhor homenagem que pode prestar-se ao chefe soviético, são os próprios imperialistas que a realizam ao continuarem, 50 anos após a sua morte, a massacrarem-nos com o que têm por enormidades e erros do Partido e de Estaline, mas que se revelaram vitórias de carácter histórico inegável - a construção do socialismo num só país; a electrificação de toda a URSS; a industrialização em massa; as grandes obras nacionais e o espectacular cumprimento dos Planos Quinquenais; a inolvidável e épica vitória do povo soviético, do Partido e do Exército Vermelho na 2.ª Guerra Mundial; o acesso à arma atómica para que se aquietassem os maníacos americanos [!!!].
Quando apareceu Solzhenitsyn a glorificar as «vítimas» do estalinismo, e fazendo, portanto, «esclarecer» o mundo quanto ao que se passara, tanto o escritor como a máquina da propaganda imperialista que o fez e apoiou se esqueceram de notar que essas «vítimas» [porquê as aspas?!] tinham vestido a farda do inimigo nazi e que a ele se tinham acolhido na expectativa de que a URSS perdesse a guerra. Mas essas expectativas saíram goradas, como todos sabemos.
Ficamos a saber que, para o PCP, os milhões de vítimas de Estaline são apenas "graves erros", que as "vitimas" (entre aspas!!) era todas nazis, que a liquidação dos "kulaks" foi "apenas" como classe social (e a eliminação fisica?), entre outras barbaridades revisionistas.
As afirmações de Bernardino Soares sobre a Coreia do Norte e de Ruben de Carvalho sobre Cuba não foram "árvores" isoladas. Elas são parte da "floresta" totalitária do PCP. O PCP assume-se, finalmente, como anti-democrático e anti-liberal.
Nota: podem ter uma ideia da dimensão dos crimes de Estaline aqui e aqui..
posted by Miguel Noronha 10:34 da manhã
Comments:
Enviar um comentário