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quarta-feira, abril 07, 2004

Estímulos

Artigo de Francisco Sarsfield Cabral no Diario de Notícias.

O anunciado fecho da fábrica da ex-Sorefame na Amadora é uma má notícia. Para além dos empregos que assim se perdem, está em risco o know how acumulado ao longo de décadas naquela unidade, na fabricação de carruagens em aço para comboios. Eis o resultado, argumenta Nicolau Santos no Expresso, de não se situar em Portugal o centro de decisão: a fábrica pertence hoje à multinacional Bombardier, que na sua sede canadiana a decidiu encerrar.

Imaginemos, então, que o centro empresarial de decisão desta unidade era em Portugal. Como resolveria ele o problema da falta de encomendas? Repare-se que a ex-Sorefame não produz carruagens em alumínio para comboios de alta velocidade. Sem encomendas, uma empresa não sobrevive - a menos que seja mantida artificialmente com o dinheiro dos contribuintes. Uma outra forma de a manter seria o Governo pressionar empresas nacionais de transporte ferroviário para lhe comprarem material circulante em condições desfavoráveis de qualidade e preço. Não parece boa ideia.

Aliás, como Nicolau Santos refere, o grupo Mello vai vender a Soponata a estrangeiros e a Galp está vendedora da Sacor Marítima. No entanto, os respectivos centros de decisão encontram-se em Portugal. Faltam estímulos aos empresários para encontrarem soluções nacionais, alega Nicolau Santos: o Governo deveria ter sugerido à Galp e ao grupo Mello que se juntassem, criando um armador nacional de maior dimensão para o transporte petrolífero. Mas os gestores destas empresas não terão pensado nisso? Decerto que sim. Faltaram, porém, os tais «estímulos»... Deve ser burrice minha, mas ainda estou para perceber como conseguiria o Estado, sem proteccionismo, reter no País centros empresariais de decisão.

posted by Miguel Noronha 3:21 da tarde

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