O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

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sábado, abril 03, 2004

Saramago, o Voto em Branco e Cuba

Excerto da entrevista a José Saramgo no Mil Folhas (Público)


Mil Folhas (MF) - Porém, numa democracia posso apontar o dedo ao poder político através da minha opinião e do voto. Viu-se nos últimos dias em Espanha e em França. Nas ditaduras não o posso fazer. Em Cuba não o posso fazer. Como vê hoje a situação cubana?

José Saramago (JS) - Vejo como via antes. Mas se você me pergunta: vê a acção do voto em branco aplicada a Cuba? Com certeza, não é excepção!

MF - Sim, mas não é possível!

JS - Como é que não é possível? Claro que sim! Há eleições em Cuba, que não vou discutir agora...

MF - Considera as eleições em Cuba democráticas?

JS - Eu não considero nada! Nunca as vi! Não sei o que é que se passa. A única coisa que sei que se passa é o seguinte: os cidadãos vão pôr um papel nas urnas e isso é votar. Democrático ou não, isso é votar, ainda que tivéssemos de discutir se as pessoas foram impelidas, arregimentadas, se foram assim, se foram assado.

MF - Mas é um regime de partido único.

JS - Obviamente, mas vamos lá ver... Também não sei como é que são os boletins de voto em Cuba. Em Espanha vota-se em branco tirando a lista de dentro do sobrescrito e metendo na urna o sobrescrito vazio. Aqui [Portugal] não se preenche o voto em branco. Em Cuba não sei como é. Se a lista se apresenta como lista única... talvez não seja possível votar em branco. Não sei... A única coisa que provavelmente se pode fazer é anular o voto. Nesse caso o voto nulo seria equivalente ao voto em branco... mas não sei!

posted by Miguel Noronha 11:34 da manhã

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