segunda-feira, abril 19, 2004
Um Sonho
Artigo de Francisco Sarsfield Cabral (FSC) no Diario de Notícias [1]
Com o slogan «Portugal é capaz», o Governo lança hoje mais um programa para espevitar os empresários. A operação é sobretudo psicológica, contra o pessimismo, e é meritória. Mas o facto de as empresas portuguesas serem agora as mais endividadas da União Europeia limita-lhes a capacidade de iniciativa. E o grande contributo para melhorar a nossa produtividade deveria vir do próprio Estado, que gasta - mal - quase metade do rendimento do País. [2]
Imaginemos que as entidades públicas conseguiam ganhos de eficiência comparáveis aos que uma empresa medianamente organizada costuma obter. A produtividade global do País daria um enorme salto [3]. Continuando a sonhar, pensemos no que todos nós, particulares e empresas, ganharíamos em tempo e dinheiro se a burocracia estatal fosse radicalmente reduzida. E, já agora, imagine-se que o Estado era capaz de pôr a funcionar a justiça, eliminando assim um dos grandes travões ao investimento empresarial.
Recordo que, no encontro do «Compromisso Portugal», no Beato, o economista Luís Cabral, radicado nos Estados Unidos, mostrou como a nossa produtividade fraqueja sobretudo por falta de uma saudável concorrência, impedindo que os melhores sejam premiados. Diferente seria se as autoridades reguladoras dos mercados assegurassem mesmo a livre concorrência, sem empresas menos eficientes a dominarem graças a protecções várias. E, ainda, se não se mantivessem artificialmente unidades inviáveis e se a fuga aos impostos fosse, de facto, contida, evitando a concorrência desleal das empresas que não pagam. [4]
Isto é apenas um sonho. Mas ele não anda longe da realidade em alguns países, o que talvez explique porque há casos de sucesso de empresas portuguesas no estrangeiro.
Notas:
[1] Juro que só li este artigo depois de escrever os posts anteriores;
[2] e [3] Este é, de facto, um sonho. FSC ainda pensa que é possível conferir aos organismos do Estado competências empresariais. Aconselho ao autor um estudo intensivo da Escolha Pública;
[4] Também não lhe ocorre que era preferível uma redução da carga fiscal.
posted by Miguel Noronha 6:02 da tarde
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