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sexta-feira, maio 14, 2004

Acerca da "Surpresa na Índia"

Ao comentar a surpreendente vitória do Partido do Congresso na recentes eleições escreve Vital Moreira:

De nada valeu ao governo de direita de Nova Deli a invejável prosperidade económica, o sucesso externo no sector dos serviços e da indústria de software, o êxito da afirmação da Índia na cena internacional, as boas perspectivas de paz com o Paquistão, etc.

A verdade é que naquele imenso e populoso País os beneficiários da modernização económica liberal são uma minoria, tornando ainda mais evidente a miséria da grande massa da população, sobretudo do campesinato, que representa ainda 2/3 da população. O sucesso na economia não chega para ganhar eleições. Estas dependem sobretudo dos que ficam excluídos dela. Foi esse sentimento que o velho Partido do Congresso, liderado pela improvável Sónia Gandhi, soube interpretar.


A "miséria" (ou pelo menos a sua perpetuação) de que fala VM resulta das políticas proteccionistas e estatistas que foram a marca do Partido do Congresso que governou ininterruptamente durante décadas.

A título comparativo podemos olhar para a performance do Japão que saiu da IIª Guerra Mundial com grande parte da sua infraestrutura destruída (ao contrário da Índia) e onde as políticas liberais foram dominantes.É interessante também verificar que, no Japão, subsistiu o proteccionismo e/ou intervencionismo estatal nalguns sectores (como a agricultura e banca) que são exactamente o calcanhar de aquiles da Economia japonesa.

O iníco da liberalização da Economia indiana é recente. Mesmo assim produziu resultados surpreendentes e a transferência de postos de trabalho dos EUA para a Índia levou mesmo alguns políticos americanos a exigir políticas que impeçam a deslocalização de postos de trabalho (o PCP não está só nesta luta...).

A melhoria das condições de vida não atingiu ainda toda a população nem todos os estados da Índia. Por um lado a liberalização ainda não atingiu todos os sectores, por outro a necessária reconversão (ou encerramento) das ineficazes industrias que apenas subsistiam graças às subvenções estatais é causadora de desemprego.

No entanto, ao contrário do que pensam os igualitaristas, a distribuição da riqueza não pode nem deve ser feita por via administrativa. Esta é resultado do crescimento económico e nomal funcionamento dos mercados sem necessidade de interbenção estatal. As políticas redistributivas estatais funcionam como desincentivos à produção de riqueza. Conseguem a igualdade mas, como referia Hayek, a um nível muito baixo. A prórpria Índia é disso um exemplo vivo.
posted by Miguel Noronha 12:05 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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