quarta-feira, abril 30, 2003
Rosa Amargurada
Não pretendo dissecar o ultimo artigo do Professor Fernando Rosas (FR). O Valete Fratres! já expôs, de forma sucinta mas eficaz, a falácia dos seus argumentos.
Pretendo apenas concentar-me num paragrafo especifico. Diz o lunático Professor:
Acho, aliás, sintomático que se feche a porta à participação estudantil nos órgãos de gestão mas se pretenda abrir a gestão (inclusivamente curricular e científica) da vida das escolas ou institutos superiores ao parecer de "conselhos consultivos", tomados como "representantes da comunidade" e tendencialmente arvorados em tutores da orientação da vida científica das instituições do ensino superior. Acontece que já por aí temos desses "conselhos". Na versão inócua e mais generalizada, pura e simplesmente não funcionam. Mas alguns dos que pretendem que eles funcionem não estão a pensar num desejável acompanhamento e interacção das unidades com a comunidade, mas em lógicas de tutoria empresarial sobre o ensino superior, ou seja, no domínio de tais "conselhos" por grupos de empresas privadas, que tenderiam a subordinar pedagógica e cientificamente algumas unidades de ensino e investigação às suas prioridades e interesses particulares
Quando se discute a problemática do Ensino Superior é usual fazerem-se duas criticas às Universidades.
Uma das criticas é a desadequação entre oferta dos cursos e das necessidades do mercado de trabalho. FR refere-se aliás a ela quando se refere ao "multiplicar cursos, pseudocursos e todo o tipo de actividades absurdas ou estranhas ao seu perfil científico para "captar alunos", ou decair para práticas de facilitismo com vista a tornarem-se "atractivas".
Outra é a falta de ligação entre as Universidade e as empresas ao nível da investigação e desenvolvimento . Refere-se a existência de um excesso de Investigação que não resulta em Desenvolvimento aplicável nas empresas. É normal culpar-se a mentalidade dos empresários portugueses. Esta pode ser parte da explicação mas não a sua totalidade.
A parte da explicação em falta (e que poucas vezes é referida) é que os investigadores universitários na sua grande totalidade preferirem concentrar-se em projectos de investigação que possam apresentar em congressos e granjear-lhes prestigio académico em vez de fazerem parcerias com empresas privadas. Teriam naturalmente de respeitar timings, orçamentos e responder pela adequação do resultado final ao que lhes foi "encomendado".
Seria de esperar que qualquer docente universitário visse nestas (possíveis) parcerias uma oportunidade de "abrir" a Universidde ao mundo "real". Uma ligação entre o fornecedor (a Universidade) e os seus clientes (as empresas). O que o FR teme não é a anunciada perda de peso dos estudantes na Universidade. Os enormes méritos, que todos os criticos da actual proposta não se cansam de lhes atribuir, não evitaram o mau estado das Universidades (que eles próprios reconhecem).
Quando FR lança o anátema sobre a "tutoria empresarial sobre o ensino superior" (algo exagerada dado que apenas se propoem conselhos consultivos) revela aí o seu verdadeiro temor. Este consiste no fim do reinado das "castas, pelos bonzos e caciques" de que ele faz parte e que dominam certas faculdades e que criariam um mundo onde são reis e senhores e em que a sua performance apenas é avaliada pelos seus pares.
posted by Miguel Noronha 2:45 da tarde
Os Fluxos de Informação nas Ditaduras
Transcrevo uma análise interessante que encontrei na página da ALS sobre o assunto supracitado:
Two separate events in the early months of this year highlighted a fairly consistent characteristic of totalitarian regimes.
One event was in China. Judging by the recent sackings of two high officials and the re-evaluation of the number of SARS cases, it seems likely that the highest authorities in the land were not fully aware of the disease's reach until well into the epidemic.
The other was in Iraq. Most of the major bridges were wired to explode, yet they remained standing. Perhaps the retreats and desertions were so precipitous that no one had a chance to press the necessary triggers. Perhaps. More likely, no one had the authority to do so.
The lessons are that in a totalitarian state:
local, and especially individual, initiative is dangerous
consequently, all decisions have to be taken at the top
bad news is not well received, so it is slow to make its way up the chain, if it ever does
consequently, there is inaction at the local level
In the case of Iraq, it seems likely that early isolation of the command level from the local level ensured local inaction.
Contrast this with a relatively free society like Australia. Here, even though there is arse-covering within government bureaucracies which restricts the flow of bad news upwards, the media with its emphasis on worst-case scenarios frequently allows this restriction to be bypassed.
And were it Australian soldiers controlling those bridge demolitions, the great majority of the bridges would now be piles of rubble. This would in part be because the authority to make the last-minute decision would have been delegated to those on the spot, but mostly because they would not have to fear the firing squad should they make a mistake.
posted by Miguel Noronha 9:07 da manhã
terça-feira, abril 29, 2003
UE: Quatro países propõem criar estrutura militar à margem da NATO
Os líderes da França, Alemanha, Bélgica e Luxemburgo propuseram a criação de uma estrutura europeia para planificar e desenvolver as operações militares da União Europeia, à margem da NATO. O objectivo da mini-cimeira, celebrada em Bruxelas, é impulsionar a política europeia de segurança e defesa
Que quatro países desejem constituir uma plataforma comum de defesa e intervenção militar nada tenho a opor. Que a queiram impor aos outros 11 (contando com os que entrarão brevemente seriam 21) países da UE como a política europeia de segurança e defesa é que é inadmissível. Quaisquer outros grupos de países teriam a mesma legitimidade para propor uma estrutura militar comum. Poderiamos chegar a uma situação em que existiria três ou quatro alianças militares concorrentes na UE, todas reclamando o seu patrocínio.
A isto acresce que esta estrutura é concorrente da NATO. Sendo que os quatro promotores são também membros da Aliança Atlântica esta iniciativa só pode ser vista à luz dos recentes conflitos diplomáticos com os EUA. Continuam assim numa absurda e eestéril confrontação com o aliado americano
posted by Miguel Noronha 2:52 da tarde
All Iraqis Must Have Say in New Govt, Says Cabinet
Saudi Arabia yesterday called for the establishment of a broadly based government in Baghdad representing all sections of the Iraqi people. It also emphasized that the Iraqi people have the right to determine their political future freely and independently.
Acho uma boa ideia. Só estranho que não a implementem internamente.
posted by Miguel Noronha 10:59 da manhã
O Estado e a Imprensa Regional
A propósito da polémica sobre o porte pago aconselho a leitura do artigo que hoje aparece no DN da autoria do sócio-gerente do 'Semanário Transmontano' :
Ao pagar na totalidade os envios por correio _ como aconteceu até muito recentemente _, o Estado impediu que, no sector, se implantassem as mais simples regras da concorrência e do mercado. Mercado que, como se sabe, acolhe o produto que tem mais qualidade em detrimento daquele que não a tem. Ora, na chamada imprensa regional, as leis do mercado não funcionam. O editor distribui o número de exemplares que previamente decidir, independentemente da qualidade do seu produto. Basta-lhe ir à lista telefónica e escolher os «clientes» a atingir. Sejam eles mil, cinco mil ou dez mil. Tanto faz _ o Estado (com o dinheiro dos contribuintes) lá está para pagar a factura.
Como facilmente se deduz, para conseguir clientes assim, não é necessário apostar na qualidade. Não são necessários jornalistas, dispensam-se as notícias e as investigações, investir na imagem e no grafismo seria um desperdício.
posted by Miguel Noronha 9:52 da manhã
A Revolução Portuguesa e a Transicção Espanhola
Relativamente a este tema recebi o seguinte mail do Rui Santos do Soda Caustica:
Exmo. Miguel (?)
Esta vem no seguimento das trocas «cáusticas-intermitentes». Parece-me interessante aprofundar mais o tema da representação do 25 de Abril em Espanha e, daí, tentar analisar a problemática da transição.
Tenho pena que o seu blog não disponha de serviço de comentário porque, mesmo «cáustico», ando aqui para trocar ideias.
Confesso ter sido a minha primeira polémica no blogueio. Gostei.
Um abraço,
Rui Santos
Chamo-me mesmo Miguel e não considero necessário o uso do Exmo...
Em relação a esta tema prometo reler a parte do livro do JSC relativa à transicção espanhola e colocar mais posts sobre o tema. Gosto de debater temas de história. A ocasião é que nem sempre se proporciona.
Já agora se mais alguém tiver algo a dizer sobre o tema ou quiser propor bibliografia alternativa agradeço, de antemão, a contribuição.
A decisão de colocar comentários no blog encontra-se suspensa desde a sua criação. Há argumentos a favor e contra. De qualquer forma quem, entretanto, quiser contribuir com algum comentário, elogio ou enxovalho pode faze-lo por mail. O endereço é mk_nor@yahoo.com.
Um abraço
Miguel.
posted by Miguel Noronha 8:56 da manhã
segunda-feira, abril 28, 2003
A Nossa Revolução Exemplar (pt II)
O Soda Caustica dignou-se responder ao meu post anterior sobre a pretensa singularidade da nossa revolução. Como até tenho um tempito livre enquanto o jantar está ao lume respondo-vos já.
Em primeiro lugar tinha da esquerda a ideia que fosse (mais) internacionalista. Não vos imaginava a invocar sentimentos nacionalistas anti-espanhois.
Em segundo lugar concordo completamente com vocês: em espanha houve uma transicção e em Portugal uma revolução. Que sorte a deles e que azar o nosso.
Em terceiro lugar penso que se estão a contradizer. Em Espanha houve de facto uma transicção. É pena que ao contrário de Franco, nem Marcello Caetano nem Salazar tivessem tido a visão que o "seu" regime não tinha futuro. Julgo que Franco não tinha ilusões que Juan Carlos iria proceder à liberalização do regime. Poderia eventualmente pensar que ele não iria tão longe...
Quanto ao (vosso) quarto ponto penso que se deviam informar melhor. Recomendo-vos a leitura do livro "A Revolução Portuguesa e a Sua Influência na Transicção Espanhola" de Josep Sánchez Cervelló. Se bem me lembro existiu apenas um incipiente movimento nas forças armadas espanholas que foi prontamente reprimido pela policia politica. Os seus "cabecilhas" não foram, no entanto, alvo de grandes penas de prisão porque o governo espanhol desconhecia a incipiente penetração (devido ao que tinha acontecido em Portugal) e tinha medo de uma revolta generalizada no exército. De resto as relações entre Portugal e Espanha não foram grandemente afectadas (apesar da diferença de regimes) mesmo após o "caso" da invasão e destruição da Embaixada de Espanha.
Mas não vou revelar mais para não vos tirar o prazer da leitura...
posted by Miguel Noronha 9:01 da tarde
A Nossa Revolução Exemplar
Cada vez que se fala no 25 de Abril começa-se por realçar a sua singularidade. O exército ao lado do povo a derrubar a ditadura. O Povo em festa. A alegria que invadiu a rua. Uma revolução (quase) sem tiros.
Passado um ano estavamos à beira da guerra civil. Havia armas, à vara larga, nas mão de irresponsáveis. Atentados. Mortos (felizmente poucos). Ocupações selvagens. Partidos ilegalizados. A ameaça de de mandar uns quantos para o Campo Pequeno. Saneamentos indicriminados. Etc.
Mas para uns quantos iluminados nada se compara ao "nosso 25 de Abril". Nem a transicção espanhola que decorreu com muito menos incidentes de percurso.
posted by Miguel Noronha 7:24 da tarde
O Homem Mais Importante em Portugal
Segundo declarações de um represante da CGTP à TSF uma das palavras de ordem do próximo 1º de Maio vai ser a demissão do Ministro Paulo Portas. Segundo o mesmo as suspeitas que sobre ele recaem (referentes ao caso "Universidade Moderna") estão a afectar o "indice de confiança dos consumidores". Duvido que qualquer outra pessoa (em Portugal ou mesmo noutro país) possa gabar-se de fazer depender de si a retoma economica de um país.
No próximo 1º de Maio juntar-me-ei à manif com um cartaz onde alego que a CGTP está a afectar o indice de sanidade mental deste país.
posted by Miguel Noronha 6:59 da tarde
Reforços de Peso
Graças ao Fumaças descobri O Liberal. Este blog pretende dedicar-se à "Política, Música e Filosofia" e é mantido (ao que parece) por dois estudantes universitários brasileiros.
posted by Miguel Noronha 3:18 da tarde
Notícias da Convenção
Segundo o EU Observer o futuro cargo de MNE europeu terá amplos poderes. Vai englobar os papeis atribuidos ao Comissário para as Relações Exteriores e de responsável pela PESC e ser-lhe-à atribuido o cargo de Vice-Presidente da Comissão.
O MNE europeu terá poder de iniciativa, liderar negociações e implementar decisões. As negociações de acordos internacionais (incluindo segurança) vão passar a ser da sua exclusiva responsabilidade.
Esta acumulação de competência e grau de autonomia concentradas numa só pessoa já foi criticada por alguns. As denuncias que a convenção iria optar por um modelo centralizador para a UE começam a tomar forma.
posted by Miguel Noronha 3:09 da tarde
Boas Notícias?
Segundo o Africa Pundit que cita uma notíca do Sundat Times de Joanesburgo:
PRESIDENT Thabo Mbeki, Nigerian President Olusegun Obasanjo and Malawi's Bakili Muluzi are to visit their Zimbabwean counterpart, Robert Mugabe, in the next few weeks to work out an exit plan for the ageing leader
Resta saber qual o sucesso desta missão e qual a solução para a sucessão de Robert Mugabe. Uma solução que venha do interior da ZANU (o partido no poder) pode não trazer qualquer modificação na política de atropelo dos Direitos Humanos e Políticos e na destruição do que resta da economia do Zimbabwe. Esta solução deverá excluir (penso eu) o julgamneto dos vários crimes cometidos por Mugabe enquanto esteve no poder. Aguardemos possíveis desenvolvimentos...
posted by Miguel Noronha 11:19 da manhã
Syrian Spokeswoman: Hizbullah Is Not A Terrorist Organization (via The Command Post)
Syrian Foreign Ministry spokeswoman Bouthana Shaaban told Fox News today that Hizbullah has "never targeted any civilian in Israel" and is "not a terrorist organization."
Fica assim demonstrado que a Siria não alberga nem apoia organizações terroristas.
posted by Miguel Noronha 11:10 da manhã
sábado, abril 26, 2003
Novidades
Verifiquem as novidades na zona dos links.
posted by Miguel Noronha 7:28 da tarde
Pânico
Independentemente de não concordar com a alteração à lei dos partidos políticos que impõe o voto secreto não consigo esconder alguma satisfação quando vejo a reacção de pânico da nomenklatura comunista. Qualquer oportunidade é usada para falar sobre o "perigo" que esta alteração representa.
Até o "jovem" Bernardino Soares ao comentar uma sondagem que dá uma ligeira subida nas intenções de voto para o PCP, em vez de aproveitar para o habitual discurso vitorioso, preferiu gastar a maior parte do (escasso) tempo disponível a falar do outro assunto.
posted by Miguel Noronha 12:26 da tarde
Estranhezas
Da entrevista a Kenneth Maxwell no DN:
(...) Na velha esquerda, por exemplo, é interessante, e ao mesmo tempo extraordinário, constatar que José Saramago tenha levado todo este tempo, até à semana passada, para criticar Fidel Castro, esse velho cacique das Caraíbas, bem como os seus esquadrões de fuzilamento. E não é menos impressionante ver Mário Soares, que foi nada mais nada menos que o principal beneficiário de Donald Rumsfeld _ o actual secretário da Defesa americano foi decisivo para travar a intenção de Kissinger de tornar Portugal num Chile _, a liderar agora uma parada retórica de antiamericanismo populista
posted by Miguel Noronha 11:50 da manhã
sexta-feira, abril 25, 2003
Liberdade
Ontem, perguntaram-me por que razão não me iria juntar às habituais comemorações do 25 de Abril. Se não achava que tivesse sido um marco importante na história de Portugal. Se não gostava da liberdade.Eis a minha resposta.
Comecemos pelo enquadramento histórico.
Na sua génese, o "Movimento dos Capitães" não era mais que um movimento corporativo que reinvidicava a manutenção do "status quo" dos oficiais de carreira. A primeira alusão ao derrube do Estado Novo apenas surge nos finais de 1973. Apenas se falava em "conquistar o poder e entrega-lo a uma Junta Militar" para democratizar o país" (ver aqui).
O programa pollítico era assim bastante simples. O programa económico inexistente. Com pouquissimas excepções os a politização dos oficiais era escassa. As suas reinvidicações eram sobretudo profissionais.
Quado eclode o derrube do regime o "Movimento dos Capitães" não assume (como seria de esperar) o poder. Entrega-o a uma Junta Militar cuja composição se não era maioritariamente de direita pelo menos não o era de esquerda e de todo não comunista.
O comunicado da Junta de Salvação Nacional (JSN) consagra a maior parte do texto à dissolução do aparelho repressivo e destituição das cadeias de comando do Estado Novo.
O seu programa político prometia eleições livres, a instituição de liberdades civicas e a discussão do problema colonial.
No programa económico prometia uma política antimonopolista (não necessáriamente nacionalizações), o combate à inflacção (um problema que não existia desde os anos 30 em Portugal) e a melhoria dos níveis de vida dos portugueses.
O programa era, assim, moderado que económica quer politcamente. Não pretendia impor nada para além da Democracia nem alterar o sistema económico. A própria JSN pretendia dissover-se assim que fossem realizadas eleições legislativas.
A radicalização só veio depois. As nacionalizações (estatizações, para ser mais preciso) que destruiram o tecido empresarial português, a reforma agrária selvagem, a lógica revolucionária que se pretendia sobrepor à legitimidade eleitoral são produtos do 28 de Setembro e do 11 de Março.
É natural que as forças que mais beneficiaram da radicalização revolucionária quisessem associar estas ideias ao 25 de Abril. Pretendiam legitima-las através do movimento libertador inicial. Porém, isto representou desvirtuação dos seus ideiais. É espantoso que esta falsa associação perdure nos nossos dias.
Os habituais manifestantes que nos dias 25 dos meses de Abril são aqueles que no pós-revolução pretenderam impor um estado totalitário em Portugal. Eram uma minoria como os resultados eleitorais não se cansaram de demonstrar. Ainda assim pretenderam impor o seu ideal contra tudo e contra todos. Mesmo que isso nos custasse uma guerra civil (que esteve iminente).
São potanto eles, os que saem para a rua e não nós, os que ficamos em casa, que tem menos razões para se congratular com o 25 de Abril. Foi necessário lutar. Mas a Democracia Parlamentar e a economia de mercado triunfaram em Portugal. Ganhou a liberdade. Contra eles. Contra os seus ideiais utópicos e totalitários.
É por isso que não me pretendo associar aos manifestantes de hoje. Imaginando que um qualquer militante do PSD ou CDS pretendia comemorar a liberdade. Levava as suas insignias partidárias e juntava-se à manifestação. O que sucederia? Provavelmente seria enxovalhado (e talvez agredido) pelos sectários que pretendem que o 25 de Abril é a sua festa. Só deles. Tudo o resto são fascistas.
posted by Miguel Noronha 12:52 da tarde
quinta-feira, abril 24, 2003
Qualidades
Para liderar um grupo parlamentar devia ser exigido mais que fidelidade à liderança partidária. A inteligência e a maturidade intelectual também deviam ser factores a ter em conta.
Se bem que este retrato assente como uma luva a Bernardino Soares, desta vez, não é ele o alvo. Refiro-me ao dr. Telmo Correia...
posted by Miguel Noronha 4:56 da tarde
quarta-feira, abril 23, 2003
Sentenças (via Hoystory e Instapundit)
Para aqueles que afirmam não haver presos políticos em Cuba e que se queixam da "repressão" nos países democráticos deixo uma relação das sentenças a que foram condenados as ultimas vítimas do regime castrista.
Peço desculpa pela má definição da imagem mas questões técnicas impedem que esta apareça maior. Podem consultar a versão em HTML aqui.
posted by Miguel Noronha 8:03 da tarde
O Milagre Irlandês e os Subsidios Comunitários
Um artigo do Cato Institute revela que o crescimento verificado na Irlanda na ultima década se deveu ao ambiente de livre concorrência, desregulamentação e impostos baixos. Os fundo comunitários não tiveram qualquer papel relevante. Pelo contrário, podem ter impedido que o crescimento tivesse sido maior (por exemplo ao desicentivar as deslocação de pessoas da actividade agricola para a industria ou serviços).
"After a stagnant 13-year period with less than 2 percent growth, Ireland took a more radical course of slashing expenditures, abolishing agencies and toppling tax rates and regulations. At the same time, the government made credible commitments not to engage in deficit spending or inflate the currency.
Ireland's long history of free and open trade has also played a role in its recovery. However, only since freeing other aspects of its economy by lowering taxes, decreasing regulation, maintaining low inflation, and providing a stable fiscal environment has Ireland been able to grow rapidly enough to surpass greater Europe's standard of living"
Sobre os fundos comunitários:
"Agricultural subsidies are one component of EU transfers and are an example of how well-meaning transfers can get in the way of economic development. The subsidies boost rural incomes, but they retard economic adjustment by keeping rural populations artificially high. Some of these workers could produce more valuable products by moving to the cities. As long as people are subsidized to stay in particular professions, Ireland will not fully exploit its comparative advantage in the international division of labor. This depresses incomes and slows growth.
The presence of EU funds retards growth in another way as well. Although the total supply of entrepreneurs varies among societies, the productive contribution of the society's entrepreneurial activities varies much more because of their allocation between productive activities, such as innovation, and unproductive activities, such as lobbying for government subsidies or privileges. The presence of EU funds creates a pot of gold for Irish entrepreneurs to seek. This will cause some entrepreneurs, who were previously engaging in productive and innovative activity, to lobby for subsides instead. This lobbying wastes both physical and human resources that could have been used to satisfy consumer demands and increase economic growth"
Segundo o artigo as taxas de crescimento mostram uma correlação negativa com o montante de fundos comunitários recebidos.
"Ireland began receiving subsidies after joining the European community in 1973. Net receipts from the EU averaged 3 percent of GDP during the period of rapid growth (1995-2000), but during the low growth period (1973-1986) they averaged 4 percent of GDP.
In absolute terms, net receipts were at about the same level in 2001 as they were in 1985. Throughout the 1990s Ireland's payments to the EU budget steadily increased from 359 million Euro in 1990, to 1,527 million Euro in 2000. Yet, in 2000, the receipts in from the EU were 2,488 million Euro, less than the 1991 level of 2,798 million Euro.
Ireland's growth rates have increased while net funds from the EU remained relatively constant and have shrunk in proportion to the size of Ireland's economy".
Em conclusão, a "receita" para o crescimento irlandês foi:
"A policy environment that promotes economic freedom, enabling private entrepreneurs to promote economic development (...)"
posted by Miguel Noronha 6:35 da tarde
Sampaio quer reflexão sobre papel de Portugal na reconstrução
Neste país não se dá um passo sem que se primeiro se forme um grupo de trabalho. Tanta reflexão merecia que, ao menos, se acertasse mais nas decisões...
posted by Miguel Noronha 5:07 da tarde
terça-feira, abril 22, 2003
Colunas Infames
Não. Apesar do título poder, de certa forma, induzir o leitor em erro, esta post não se debruça sobre os meus colegas da Coluna Infame. Pretende apenas chamar a atenção sobre esses infames colunistas chamados José Vítor Malheiros (JVM) e Vital Moreira (VM). Comecemos pelo fim.
No seu artigo de hoje VM pretende provar que os EUA não estão em posição moral para julgar os delitos do ex-regime iraquiano. À partida podiamos pensar tratar-se de mais uma panóplia de argumentos legais. Mas não. VM vai bem mais longe. Para ele os EUA são os criminosos e, pasme-se, chega a afirmar que:
"(...) no decurso da guerra, ao passo que o Iraque não pode ser acusado de grandes violações do direito internacional da guerra - as tais "armas de destruição maciça", que tinham sido o grande pretexto da guerra, não só não foram utilizadas como nem sequer foram detectadas -, já o mesmo não sucede com os Estados Unidos, que recorreram à sistemática destruição de numerosos alvos civis e não hesitaram em utilizar armas proibidas propositadamente contra populações civis, como sucedeu com os vários ataques dirigidos contra mercados populares de Bagdad, com centenas de vítimas inocentes"
Presumo que VM não tenha lido os relatos sobre a execução de prisioneiros de guerra (desta guerra!), das prisões para crianças, das torturas, do genocidio dos curdos, etc. Para VM o que interessa é julgar os EUA. Não uma das mais odiosas ditaduras à face da terra.
O artigo de JVM é bem mais grave. As suas anteriores regurgitações jornalisticas tinham por tema a guerra no Iraque vistas à luz do seu anti-americanismo pré-primário. Este é sobre um triste caso sucedido em Portugal. Uma menina de seis anos vitima de uma bala disparada por um rapaz de quinze nos arredores de Lisboa.
JVM malheiros critica a sobre-exposição que os media "oferecem" a este caso. Que chega a transforamar o assassino num (quase) héroi. Até aqui a sua exposição não me merece reparos.
A infâmia sucede quando JVM pretende justificar este caso:
"A importação do modelo cultural americano é feita em doses maciças através da indústria de entretenimento. Quando existem valores alternativos que se lhe podem contrapor, pode esperar-se uma sociedade um pouco mais equilibrada.
Mas quando às importações comerciais dos EUA se vem somar a adesão acrítica ao American Way of Life, com o seu culto da força; o louvor do individualismo e da concorrência desenfreada em detrimento da cooperação e da segurança social; o desprezo dos mais fracos e desprotegidos; a aversão à regulação, ao papel do Estado e o culto da violência e das armas, pode esperar-se o pior"
Ficamos portanto a saber que somos todos vítimas. A culpa não é nossa. Só não corre o risco de "morrer solteira" porque pertence inteiramente aos EUA. Foram eles (por certo) que obrigaram os rapazes a roubar a pistola e a disparar ao acaso. Acaso esse que feriu (mas felizmente não matou) uma criança de seis anos.
Nada mais tenho a dizer. Não é (apenas) o texto que me repugna. É também o seu autor.
posted by Miguel Noronha 2:26 da tarde
Mais um livro a ter em conta (via Cinderella Bloggerfeller)
A supracitada Cinderella Bloggerfeller reporta que o Presidente Alexander Lukashenko da Bielorussia também pensa escrever um livro que irá guiar os seus concidadãos. Para que nem os pequenos percam as (decerto) perolas da sabedoria do seu presidente este irá ser de leitura obrigatória nas escolas.
E para que não existam duvidas sobre a importância das futuras máximas desde logo avisa:
"It is unacceptable, when officials or university lecturers do not profess the basic principles of the state ideology or openly come out as opponents of the government (…) Those who go against the current of state policies or hesitate in their decision, comrades, must be dismissed."
Para terminar deixo uma ideia professada pelo Grande Lukashenko "The failure of the communist experiment doesn’t mean that communist ideas are dead”.
posted by Miguel Noronha 11:21 da manhã
Erro Crasso e Hipocrisia
Segundo leio no DN de hoje vai mesmo ser proposta a exclusividade do financiamento público para os partidos políticos.
A exclusividade vai ser completa? Não. Vai se abrir uma janela para o financiamento privado através das "quotas dos militantes e de iniciativas de angariação de fundos".
O resultado vai ser o aumento da subvenção pública dos partidos (porque supostamente se proibe o financiamento privado) o que significa que o contribuinte vai financiar partidos que não deseja em maior grau. As "iniciativas de angariação de fundos" vão permitir que o financiamento privado continue aos níveis actuais pelo que a soma final vai ser um aumento das contribuilções para os partidos.
Por ultimo mantem-se a fiscalização das contas dos partidos pelo Tribunal Constitucional que tem vocação para fiscalizar letras e não números. A proposta inicial que envolvia ROC's na fiscalização parecia-me a mais acertada.
Se se pretende que os partidos sejam o reflexo da sociedade civil (o que quer que isso seja) estes têm de ser financiados por esta. A exclusividade do financiamento público vai tornar os partidos cada vez mais autistas e clientelistas. Como qualquer bom funcionário público a ninguém prestam contas e têm o rendimento seguro no fim do mês. Mesmo que o seu desempenho seja mediocre.
posted by Miguel Noronha 10:55 da manhã
segunda-feira, abril 21, 2003
Choque e Espanto
Confesso que foi com alguma dose de choque e espanto que vi O Intermitente classificado como "serviço público" no Blogo. Confesso igualmente gostar dos blogues que sem qualquer avença (tirando a da CIA, nalgum dos casos) nem défices orçamentais me acompanham nesta categoria.
posted by Miguel Noronha 6:49 da tarde
Polémica Atrasada
Quando eu já nem me lembrava de um desafio feito ao Cruzes Canhoto a respeito da condenção do regime castrista por José Saramago eis que surge a (in)esperada réplica.
Infelizmente parece que os canhotos não leram a resposta do José Mário Silva ao "comunicado" do Sindicato dos Jornalistas que por aqui foi elogiada. Os "ses" os "poréns" e os "não obstantes" são mais que muitos. Fiquei com a impressão (corrijam-me se estiver errado) que até acham que o Fidel é um "porreiro" que de quando em vez se "passa" e manda executar uns quantos.
Pedem-me por fim que faça um acto de contricção quanto às ditaduras de extrema-direita. Gostava de saber porquê. Nunca neste blog leram louvores a um qualquer ditador. Pelo contrário nas vossas páginas já li louvores à ditadura castrista e aos narco-terroristas das FARC.
A cegueira ideológica turva-vos a visão...
posted by Miguel Noronha 4:17 da tarde
Retirada Estratégica
Num artigo publicado no Opinion Journal Francis Fukuyama defende a retirada das tropas americanas estacionadas na Arábia Saudita. Essa acção, defende Fukuyama, traria bastantes vantagens aos EUA.
Em primeiro lugar eliminaria um foco de tensão (a base já foi alvo de atentados do grupo de Osama Bin Laden) e a sua importância estrategica diminuiu com o fim de Saddam Hussein. Estas forças não puderam ser utilizadas na recente invasão do Iraque devido à oposição do governo saudita. É provavel que num qualquer conflito de contornos semelhantes a oposição se mantenha.
Em segundo lugar, o desmantelamento das bases poderia servir de sinal ao governo saudita que os EUA já não estão dispostos a caucionar um regime repressivo em que os indícios de ligação ao grupos terroristas não param de aumentar.
Em terceiro lugar serviria para calar as vozes na opinião pública acusam os EUA de pretenderem manter a ocupação militar do Iraque indefiniamente. Ficaria demonstrado que uma vez debelada as ameaças à segurança deixa de exisir motivos para a manutenção de forças militares no terreno.
Uma ideia que deveria ser, seriamente, considerada pelo Pentágono..
posted by Miguel Noronha 1:14 da tarde
domingo, abril 20, 2003
Alberto João Jardim pondera candidatura a comissário europeu
Presumo que faça parte de um plano para desacreditar (ainda mais) a Comissão Europeia...
posted by Miguel Noronha 8:09 da tarde
Verídico
“A maioria tem tido muita imaginação e criatividade e o senhor presidente até já se rege pelo economista Ernâni Lopes”
Aposto que ninguém conseguia adivinhar que esta excelente tirada foi ouvida durante a ultima sessão da Câmara em Setúbal. O acusador foi o socialista Mata Cáceres (o anterior presidente) para Carlos Sousa (o actual, do PCP).
Podemos não ter autarcas colunáveis mas o nível dos debates consegue igualar o da AR...
posted by Miguel Noronha 12:07 da tarde
Convocatória
Sou informado pelo "Jornal de Setúbal", publicação gratuita que algum jovem se encarrega de me enfiar na caixa de correio às dúzias para despachar o serviço mais cedo, que estou convocado para uma "manifestação pela paz" a realizar no próximo dia 23.
Para além da extrema oportunidade em realizar uma manif com esse objectivo agora (a guerra acabou, sabiam?) as organizações que a convocam são dignas de referência: União dos Sindicatos de Setúbal, Núcleo de Setúbal de Associação de Amizade Portugal-Cuba, União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, Pluricoop (Cooperativa de Consumo, CRL), Clube de Campismo de Setúbal e a Associação de Estudantes da Escola Secundária D. Manuel Martins.
Apesar de não constarem da supracitada relação de organizações, não é de excluir que ainda venham a aderir a esta iniciativa, a Associação Setubalense de Criadores de Rafeiros Alentejanos e o Grupo Excursionista "Os Económicos".
Comparece! Tráz as sandes. Nós fornecemos o tinto!!
posted by Miguel Noronha 12:06 da tarde
sábado, abril 19, 2003
Domo Arigato
É a prova que se encontra de tudo na blogosfera...
Quem quer aprender japonês pode tentar a sua sorte neste blog. O ritmo a que são colocadas novas lições (posts neste caso) é que podia ser maior.
posted by Miguel Noronha 1:58 da tarde
Contra o Maio de 68
O Ministro da Educação francês lançou um livro em que acusa a escola de pensamento saida do Maio de 68 de ser a responsável pelo mau estado do ensino em França.
Segundo o Ministro:
o iletrismo afecta 15 a 30 por cento dos alunos que entram para o 7.º ano, e que 158 mil jovens saíram do ensino secundário sem qualificações escolares, no ano passado. Um estudo citado pelo ministro demonstra que os alunos são hoje "menos bons" em francês do que em 1920. Por último, Luc Ferry denuncia o racismo e o recuo comunitário de algumas franjas de alunos
O livro propões-se:
denunciar "as consequências desastrosas do pensamento de 68 no sistema educativo". Para o filósofo autor de "La Pensée 68" (editora Gallimard), "a exacerbação do individualismo precipitou a escola na crise, valorizando a inovação em detrimento da tradição, a autenticidade contra o mérito, o divertimento em vez do trabalho". Luc Ferry insurge-se contra o abandono da transmissão do saber em benefício de incentivos à "espontaneidade" da criança, e lamenta a degradação da autoridade e o desenvolvimento da violência
Por cá a mesma "tribo" domina desde há muitos anos o Ministério da Educação. Ao ritmo de uma reforma por ano lectivo tem conseguido baralhar e retirar eficiência ao sistema de ensino em Portugal. Por quanto mais tempo?
posted by Miguel Noronha 1:51 da tarde
As Sibilas
Recomendo a leitura da coluna de Helena Matos no Público em que discorre sobre os profetas da desgraça. É espantoso que ninguém os confronte com as suas declarações...
E assim vivemos de catástrofe anunciada em catástrofe anunciada numa espécie de inflação da dor. No discurso que proferiu em Lisboa, a 15 de Fevereiro, na manifestação contra o ataque ao Iraque, o ex-presidente da República, Mário Soares declarou "A guerra que se prepara, se durar mais do que uma semana - como é previsível - calcula-se que pode fazer mais do que um milhão de mortos e destruir uma terra milenária." E durante dias este número - um milhão de mortos - tornou-se numa espécie de balanço prévio dum conflito que não tinha sequer começado e que, agora, quase terminado, não teve de modo algum, felizmente, esse balanço
posted by Miguel Noronha 1:31 da tarde
Televisão castrista critica José Saramago
Parece que as criticas de Saramago ao regime castrista foram algo mal recebidas. O escritor teve direito a criticas na televisão nacional cubana.
Na opinião de Alonso, Saramago «pronunciou-se sem ter em conta todos os elementos em causa e desconhecendo toda a experiência política de uma nação e de um povo que durante mais de 40 anos teve de enfrentar o império mais poderoso da história»
Já o Sindicato dos Jornalistas teve uma posição bem mais cautelosa. Como noticiou e criticou o Blogue de Esquerda, os considerandos são tantos que até fazem esquecer que a questão em causa é um grave atropelo aos direitos civicos e humanos. A contestação do José Mário Silva foi exemplar. Acho que ele, no fundo, é um homem às direitas...
posted by Miguel Noronha 12:29 da tarde
quinta-feira, abril 17, 2003
Inadmissivel
Segundo constou na Cimeira de Atenas, a troica pacifista do Conselho de Segurança prepara-se para condicionar o seu voto numa resolução destinada a por termos às sanções (que ainda vigoram) conta o Iraque. Esta só seria aprovada se os EUA e a Inglaterra cedem-se à ONU o papel principal na reconstrução do Iraque (leia-se contractos para as empresas francesas e russas...).
posted by Miguel Noronha 3:24 da tarde
Testes
A propósito do teste que nos ultimos dias circulou pela blogosfera portuguesa e que colocou duvidas existenciais em alguns bloggers queria propor mais um. O World's Smallest Political Quiz.
E queria deixar um alerta: o resultado destes testes é largamente influenciado pelas perguntas feitas e pelas opções de resposta oferecidas...
posted by Miguel Noronha 8:35 da manhã
quarta-feira, abril 16, 2003
Não aprendem...
A Autoridade Palestiniana definitivamente é incapaz de se demarcar do terrorismo. O Ministro Saeb Erekat exige a imediata libertação de Abu Abbas, o líder da FLP, preso no Iraque e considerado responsável pelo sequestro do Achille Lauro.
posted by Miguel Noronha 11:41 da manhã
A Reforma Eleitoral
A propósito do tema lançado pelo Pedro Lomba na Coluna Infame queria manifestar o meu absoluto desacordo quanto às conslusões por ele apresentadas.
Tal como está instituido, o Sistema Eleitoral, só os partidos podem concorrer às eleições. Logo a não percebo como se pode inferir que esta lei é "uma lei contra os partidos, uma lei que contribua para a despartidarização do regime". Ainda para mais quando esta lei é apoiada pelos "partidos do regime".
Este lei vai ter como consequência a consolidação dos grandes partidos tradicionais, o desaparecimento dos pequenos e impor adicionais barreiras à entrada de novos partidos. Para além disso ao adiar sine die os circulos uninominais desvaloriza o papel individual de cada deputado e a relação com os seus eleitores directos. Se cada partido tivesse um representante com um peso igual ao número de mandatos para deputados obtido nos vários circulos eleitorais o resultado das votações na AR não seria diferente tal é a perversão dos sistema.
Quanto às imposições que se pretende fazer nos regulamentos internos de cada partido concordo com o que diz José Manuel Fernandes hoje no Público:
Tudo isto esquece que os partidos são associações voluntárias de cidadãos, que só é seu membro quem o desejar e se conformar com as suas regras internas, que o combate ao racismo, ao fascismo ou ao "centralismo democrático" deve ser um combate baseado na crítica política e não uma mera disposição legal. Cabe ao democratas vencer esses combates, pela força da sua argumentação, não utilizar uma maioria parlamentar alargada para calar as diferenças. Por isso, em nome da democracia e do direito do PCP a ser diferente (sendo que eu detesto os seus métodos e discordo das suas políticas), o projecto de lei dos partidos políticos não deverá ser aprovado tal como está formulado. Haja algum bom senso.
posted by Miguel Noronha 10:32 da manhã
O Estado da Democracia
A Freedom House (FH), uma instituição independente fundado em 1941 por Eleonor Roosevelt, dedica à monitorização e à promoção da Democracia acaba de lançar o seu ultimo relatório.
A FH classica os países de 1 (liberdade total) a 7 (ausência de liberdade) nos direitos politicos (PR) edireitos civis (CR) e consoante este scoring os considera como Free, Partly Free e Non-Free. A título de exemplo deixo a classificação de alguns países.
Portugal (1,1) : Free
Brasil (2,3): Free
Angola (6,5): Not Free
Moçambique (3,4): Partly Free
Timor (3,3): Partly Free
EUA (1,1): Free
Cuba (7,7): Not Free
Arábia Saudita (7,7): Not Free
posted by Miguel Noronha 9:37 da manhã
terça-feira, abril 15, 2003
Terapia Musical
Nada como a audição do "Black Cherry", o novo disco da Goldfrapp, para recuperar de um incidente automobilistico...
posted by Miguel Noronha 7:08 da tarde
UE Tenta Definir Política Sobre WMD's
No EU Observer:
"The European Union is advancing slowly with plans to form a policy against rogue nations that have weapons of mass distruction"
"Proposals are expected to include strengthening export restrictions and the production of a list of countries, which have WMD programmes, and how these programmes are verified. On this, there is said to be general agreement, but the tricky part remains over the decision on how to deal with countries that flout the rules"
Quod Erat Demonstrandum!
O problema coloca-se quando a política de sanções se esgota sem produzir os efeitos desejados. Se os estados "fora-da-lei" não alterarem as suas políticas o que é que nos resta? Não me parece que vetar as resoluções do Conselho de Segurança seja a melhor opção.
posted by Miguel Noronha 10:26 da manhã
Prémio "Daqui Não Saio"
Atribuido a Hugo Chavez pelo apreço demonstrado na legitamação do poder por via não eleitoral:
"Nobody is leaving! We will stay for ever, fighting battles," Chavez said to the cheering crowd. He promised to remain in power until 2021.
posted by Miguel Noronha 9:51 da manhã
Prémio José Vítor Malheiros II
Desta vez para o próprio José Vítor Malheiros por mais um artigo inqualificável em que tenta salvar o que resta da sua pobre argumentação e compara o incomparável de forma despudorada:
"Mesmo que o Iraque veja um futuro democrático (e oxalá o veja), a intervenção americana não pode ser branqueada por isso, da mesma forma que os esquadrões da morte não podem ser admitidos como forma de administração de justiça com o argumento de que só perseguem criminosos"
posted by Miguel Noronha 9:46 da manhã
Contradições Vitais
No artigo de Vital Moreira no Publico de hoje:
"É pena que os Estados Unidos nunca se tenham lembrado de libertar Portugal da ditadura"
"Desde que não incorram em nenhuma das situações que legitimam a guerra, os regimes autoritários, por mais detestáveis que sejam, não justificam a intervenção militar estrangeira a pretexto de uma real ou suposta "libertação", muito menos por decisão unilateral de um país, por mais poderoso que seja"
Em que ficamos afinal?
posted by Miguel Noronha 9:41 da manhã
segunda-feira, abril 14, 2003
Reconstrução Privada (via ed-futures)
Segundo o LA Times a reconstrução do Iraque vai ser entregue quase exclusivamente a empresas privadas.
"the U.S. Agency for International Development is expected to rely almost exclusively on for-profit corporations to rebuild Iraq's social institutions, angering nonprofit organizations that claim they can do the work more effectively"
Vai ser uma experiência interessante verficar se (para não dizer "que") as empresa com fins lucrativos consegue melhores resultados que as habituais ONG's.
Já estou a imaginar as reacções iradas de certos sectores...
posted by Miguel Noronha 3:13 da tarde
Até Saramago...
Segundo consta até José Saramago decidiu deixar de apoiar o regime cubano. Só já falta o Cruzes Canhoto...
posted by Miguel Noronha 2:11 da tarde
Agradecimento
Agradeço as simpáticas palavras dedicadas a este blog pelo Iberian Notes. Relembro que o autor deste blog é um dos co-responsáveis pelo colectivo Europundits onde colabora regularmente Nelson Ascher.
posted by Miguel Noronha 12:50 da tarde
O Conflito Israelo-Palestiniano
Depois de resolvido o conflito no Iraque, George Bush, prometeu voltar a sua atenção para a questão palestiniana. Depois de eliminado um dos países financiadores dos extremistas palestinianos e com o "peso" que lhe adveio pela recente vitória militar, os EUA estão numa posição que lhes permite exercer uma pressão eficaz para resolver eventuais (e previsiveis) impasses.
Uma prova que esta pressão pode já estar a ser efectiva são as recentes e surpreendentes declarações de Ariel Sharon.
Ainda que demonstrando algum constrangimento, Sharon, reconhece que Israel não poderá manter os territórios palestinianos eternamente e está, inclusivamente, disposto, a abandonar os colonatos. Dado o peso político que os partidos ligados aos colonos possuem em Israel (inclusivamente no próprio governo de Sharon) estas declarações revelam uma grande coragem política. Era, de todo, essencial que o Partido Trabalhista não aproveitasse a, mais que provavel, instablidade que estas declarações vão provocar para fazer cair o governo devendo, inclusivamente apoia-lo.
Como nota negativa ficam, desde já, as declarações de um membro do gabinete de Arafat:
"We believe that the whole world is still waiting to hear Sharon's unconditional and unequivocal acceptance of the road map and not merely vague statements made for PR and media," said Saeb Erekat, a member of Yasser Arafat's cabinet. "We need to see deeds, not hollow words"
Há que saber reconhecer as oportunidades quando elas se aparecem. E como dizia António Barreto recentemente, é pouco provável que a actual conjuntura dure muito tempo...
posted by Miguel Noronha 12:42 da tarde
A reforma da PAC
Agora que a guerra no Iraque jás encontra em fase de rescaldo eis o regresso a assunto (literalmente) mais terra-a-terra.
No DN de hoje João César das Neves zurze contra o proteccionismo euro-americano que segundo ele "cria uma destruição muito mais devastadora do mundo e da miséria dos pobres do que o quer que aconteça no Iraque". Neste caso a "coligação" já não é entre a Inglaterra e os EUA. Os parceiros europeus são, desta vez a França e a Alemanha.
Para quem ainda não conhece, recomendo a leitura do artigo publicado na Causa Liberal onde é citado um estudo que sugere medidas para a reforma da PAC. São elas:
"Concretamente, as medidas propostas por Wickman são a abolição imediata dos subsídios à exportação e dos esquemas de garantia de preços, a redução gradual das tarifas impostas à importação de bens agrícolas e dos subsídios da UE à produção e, por último, a progressiva re-nacionalização dos programas de subsídios à agricultura"
O ultimo ponto (a renacionalização dos subsidios à agricultura) só poderá ser "aceitável" quando conjugado com obrigatoriadade de redução dos défice publicos dos países da UE. É conhecida o peso (não demográfico mas) polítco das associções agricolas e o seu poder reinvidicativo. Caso não se verifique este predicado também não é possível garantir que:
"a re-nacionalização dos subsídios tornaria menos eficientes as pressões por parte dos grupos interessados na manutenção da actual PAC, uma vez que seriam forçados a actuar a um nível mais descentralizado onde os contribuintes e eleitores possuem maior capacidade de controlo."
posted by Miguel Noronha 12:23 da tarde
domingo, abril 13, 2003
Sociedade em Colapso
James Buchan diz no Daily Telegraph o que a restante imprensa se parece ter esquecido. O colapso da instituições e da sociedade iraquiano não é culpa do americanos mas sim do regime do partido Baath.
The truth is that Iraqi society had long ago lost its bearings. Thirty-five years of suffocating rule by the Arab Ba'ath Socialist Party, almost 10 years of war against Iran and then Kuwait and its Western and Arab allies, another decade of sanctions and then the terror and violence of the United States advance up the Euphrates have knocked Iraqi society off kilter. The Ba'ath infiltrated every corner of Iraqi life, controlling its institutions, distributing its economic benefits, restricting speech and thought. Its disappearance has left a void in the Iraqi personality. Even middle-class Iraqis have shed their civil inhibitions in a scramble of everybody for himself or herself
posted by Miguel Noronha 6:08 da tarde
Camarada Ruben
Confesso que ainda tinha uma pequena esperança que Ruben de Carvalho, na sua habitual crónica de Domingo, se solidariza-se com os colegas de profissão condenados por delito de opinião em Cuba. Afinal vejo que o cartão do partido fala mais alto que o do de jornalista. Acho mais oportuno fazer uma sátira à "venda" do Iraque. Se ao menos tivesse piada...
posted by Miguel Noronha 5:50 da tarde
A Nova Causa
Depois das manifestações contra a guerra terem deixado de fazer sentido por a Coligação Aliada ter acabado com o Saddam em três tempos a sinistra International A.N.S.W.E.R. vira-se para outros combates.
O seu objectivo agora é impedir a "americanização" do Iraque. Nomeadamente a abertura da cadeias de fast-food.
"You can just look at what those kinds of businesses have done to the diet and health of many Americans to think that it might not be the number one thing we should be exporting," she explained.
"Iraqis have really good food, they don't need a KFC," she added
O Intermitente também confessa não trocar o cozido da sua mãe por nada deste mundo.
posted by Miguel Noronha 5:23 da tarde
Notas Musicais
Se foram ver o concerto da Beth Gibbons e gostaram da jovem que fez a primeira parte fiquem a saber que o seu nome é Teresa Gabriel e que podem encontrar tudo sobre ela aqui. Na página, para além de dados biograficos há mp3 disponíveis e é possível encomendar o disco. O Intermitente já encomendou um exemplar e garante que não ganha comissões.
Quem gostava de ter vivido no periodo dourado do vocal jazz e tem raiva por ter nascido umas décadas depois tem agora a sua hipótese. Tudo isto graças ao duo formado pelo pianista Giorgios e pela Petra cuja voz não fica nada a dever à da Sarah Vaughan. Vi-os ontem em Setúbal e garanto a excelência do espectáculo. Este dueto tem residência fixa no Catacumbas (Bairro Alto) todas as 5ª. Vão vê-los que não se arrependem...
posted by Miguel Noronha 5:14 da tarde
Eu juro...
Eu juro que não tenho culpa. Foi uma avaria no Blogger que me impediu de inserir textos até agora.
posted by Miguel Noronha 4:48 da tarde
sexta-feira, abril 11, 2003
Mea Culpa
Chegou a vez do Arab News fazer o seu acto de contrição. Num editorial reconhece a ilusão e os mitos criados pelo mundo árabe em relação a esta guerra e que o apoio a Saddam foi um erro monumental.
The shock and dismay at the fall of Baghdad seen in parts of the Arab world seriously damages Arab credibility. Like it or not, perceptions are what matters in this media-dominated world — and the perception that the rest of the world gets from Arab anger at the easy overthrow of Saddam Hussein and resentment at the sight of Iraqis welcoming Americans is that Arabs do not care about the decades of oppression suffered by the Iraqis.
It sends the message that they supported Saddam Hussein and that, while on the side of justice when it comes to the Palestinians, they do not care about tyranny if it is an Arab who is the tyrant, even when other Arabs are the ones being tyrannized.
These are dangerous, self-defeating views to project. The idea that Saddam Hussein could be a modern Arab Napoleon — sweeping forth, crushing the Israelis and bringing about Arab unity — was a delusion then and forever remained a delusion. Tyranny and freedom can never go hand in hand. Justice for Palestinians can never be built on injustice for Iraqis.
posted by Miguel Noronha 8:01 da tarde
Ainda Cuba
O intragável Miguel Urbano Rodrigues soma e segue.
Depois da defesa da FARC e da inevítável denúncia das "atrocidades" americanas no Iraque toma agora como sua a defesa do regime cubano.
É tudo mentira! Clama este defensor da Humanidade.
"Resido em Cuba há anos e posso garantir que essa campanha está cimentada sobre uma montanha de mentiras forjadas com transparentes objectivos políticos"
"Na primeira semana de Abril, em diferentes Províncias de Cuba, foram julgados ao abrigo da lei vigente — similar no tocante ao Processo Penal à de uma centena de países, incluindo os EUA — 75 cidadãos acusados da pratica de crimes graves, alguns definidos como de «traição». Todos foram condenados. As penas oscilaram entre 6 e 28 anos de «privação de liberdade». Contrariamente ao que algumas agencias noticiosas afirmaram, não foi aplicada a pena máxima a nenhum dos réus, sequer a de prisão perpétua"
Aconselho a MUR a leitura das seguintes denúncias que constam no site da Human Rights Watch (Release Dissidents Now, Unfair Trials of Nonviolent Dissidents
e Heavy Sentences Are "Totally Unjustified")
"Segundo artigos publicados na Europa e nos EUA, 37 dos réus eram jornalistas. Mais uma inverdade. Somente quatro deles exerceram por algum tempo o jornalismo ou realizaram estudos de comunicaçao social"
Grande argumento!!
"Perez Roque exibiu perante a televisão documentos comprovativos do envolvimento dos «dissidentes» em actividades contra-revolucionárias. Em Cuba não se comparece perante a Justiça por delitos de opinião. Não existe na Ilha essa figura jurídica."
Já se sabe onde o camarada Bernardino vai buscar a inspiração...
"Alguns dos réus dispunham de cartões de livre transito que lhes permitiam entrar a qualquer hora na sede da missão diplomática dos EUA. Um deles, quando foi detido, tinha no bolso 13 600 dólares; não soube explicar como os obtivera. Outro escondia num frasco 5 000 dólares. Como adquiriram esse dinheiro? "
Um crime hediondo sem dúvida!
Será que lhe chegou ao conhecimento que até o Grupo Parlamentar do PCP subscreveu um voto de protesto que «apela às autoridades de Cuba para que reconsiderem os procedimentos judiciais e condenações que tenham sido desencadeados ou aplicados por manifestação ou expressão de opiniões políticas divergentes».
Se calhar estão mal informados porque não residem "em Cuba há anos"...
posted by Miguel Noronha 1:01 da tarde
Saramago e Cuba
De leitura obrigatória a carta de um leitor acerca da confessada admiração de José Saramago pelo regime castrista.
"Não, Saramago não é mago, mas como escritor de mérito e prémio Nobel seria de esperar que tivesse uma especial compreensão da sociedade e da natureza humana, algum espírito crítico, que tomasse em consideração as cartas e artigos de opinião, denunciando as atrocidades, os campos de concentração e a repressão em Cuba, que lhe foram dirigidos não apenas por Rivero mas por vários poetas, jornalistas e intelectuais cubanos, como Germán Díaz Guerra, Manuel Díaz Martinez, Emeterio Gómez e Irsia Fajardo Díaz"
Relembro a campanha que decorre e que em boa hora foi lembrada pelo Fumaças.
posted by Miguel Noronha 11:37 da manhã
Contradição
Se na sua ultima crónica de Miguel Sousa Tavares reconhece que:
"Manda a verdade que se diga que a guerra foi conduzida com o máximo de eficácia e, salvo alguns incidentes de passagem, com o mínimo de danos civis colaterais" e "Derrubar Saddam era, decerto, um benefício para o povo do Iraque e para a humanidade"
E se ele acha que:
"Ao contrário dos argumentos de tipo insultuoso fácil, os opositores da guerra (a maioria séria deles, pelo menos) nunca defendeu Saddam nem a sua permanência, questionou, sim, o preço a pagar pelos iraquianos pelo seu derrube, o precedente criado na ordem internacional e o estilhaçar de todo o direito, convenções e regras de funcionamento dos organismos internacionais"
Ora, partindo do princípio que ele se insere na "maioria", isto é não defendia a permanencia de Saddam e até reconhece que o "preço" foi largamente exagerado como pode MST defender que a manutenção de um ditador era um mal menor quando comparado com um Direito Internacional, Convencções e Organizações Internacionais que pelos vistos nada fizeram para o deter?
Não lhe terá ocorrido que, ao contrário do que se quer fazer crer, os acontecimentos que culminaram nesta guerra derivam do deficiente funcionamento das Instituições Internacionais?
Acresce que ainda não está mensurado até que ponto esses "pilares" em que assenta a Ordem Internacional irão ser afectados.
posted by Miguel Noronha 11:09 da manhã
A História Repete-se
China e Rússia Salvaram a Coreia do Norte
"Pequim e Moscovo impediram quarta-feira à noite que o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenasse a Coreia do Norte por se ter retirado do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. A decisão foi tomada numa reunião informal daquela instância mas nem por isso deixou de ter um sabor de retaliação.
Indignadas pela forma como os Estados Unidos lançaram o mês passado a guerra no Iraque, a China e a Rússia permitiram no màximo que o Conselho se manifestasse "preocupado" com o programa nuclear de Pyongyang, sem no entanto condenar expressamente o regime de Kim Jong-il"
A China e a Rússia, países com interesses na Coreia do Norte, bloqueiam as resoluções do Conselho de Segurança mas certamente serão os EUA que irão ser acusados de inacção.
O regime norte-coreano, por culpa própria, colocou o país no abismo. A fome é endémica e a repressão atinge níveis assustadores. Pyongyang utiliza a "chantagem nuclear" para conseguir concessões com o beneplácito dos seus protectores.
Esperemos que depois não seja demasiado tarde...
posted by Miguel Noronha 10:36 da manhã
Relatos Ocultados (via The Corner)
A CNN relata agora relatos tenebrosas que chegaram ao seu conhecimento durante a ditadura de Saddam. Segundo Eason Jordan estas não foram reveladas, na altura, por medo das retaliações que poderia sofrer o seu pessoal no terreno. Especialmente os de nacionalidade iraquiana.
Não aconselhável a espiritos mais sensiveis...
posted by Miguel Noronha 9:42 da manhã
A Estátua
O Blogue de Esquerda resolveu escrever o argumento para o, já famoso, episódio do derrube da estátua de Saddam Hussein em Bagdade. Pelo tempo que demoraram a relatar a acção a sua transposição para pelicula parece ser um trabalho apenas ao alcance do nosso Manuel de Oliveira.
posted by Miguel Noronha 8:49 da manhã
quinta-feira, abril 10, 2003
Saudades de Mohammed Saeed al-Sahaf
Para aqueles que já sentem saudades do Ministro Iraquiano da Informação uma alma caridosa resolveu conceber a página welovetheiraqiinformationminister.com.
Para além dos seus famosos desmentidos o autor resolveu ir mais além!
"The Death Star is secure. There is no rebel attack. Truly, I can say there are, in fact, no rebels anywhere. The Emperor, praise Allah, will rule a thousand years. Also, They're committing suicide - if there were rebels wich there are not. Lies!"
posted by Miguel Noronha 5:40 da tarde
Analistas Falhados
De leitura obrigatória a compilação de "previsões" apocalipticas organizada pelo The Corner. Até o Zandiga acertava mais vezes...
“This invasion of Iraq, if it goes off, will join the Bay of Pigs, Vietnam, Desert One, Beirut and Somalia in the history of military catastrophe.”
Chris Matthews
the San Francisco Chronicle
posted by Miguel Noronha 5:22 da tarde
Momento de Poesia
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
in Mar Novo (1958) Sophia de Mello Breyner Andresen
posted by Miguel Noronha 1:18 da tarde
Prémio "Ainda Não Percebi Nada Disto"
Prémio atribuído a Annuar Musa dirigente do United Malays National Organisation intergrante do governo na Malásia:
"This sends a very bad signal to Muslim countries, that those who are against the Israelis could face economic or military pressure from the U.S."
posted by Miguel Noronha 1:17 da tarde
A Coisa
Após árduas semanas de cogitação finalmente foi apresentado ao mundo o programa do novo partido de Manuel Monteiro.
Pese embora (?) a colaboração de um "conjunto de professores catedráticos" o que dele se extrai é praticamente nulo. Não apresenta uma linha política. Apenas ideias vagas e um indisfarçável desejo de maximar o eleitorado sem qualquer pudor. Ao mesmo tempo que "recusa firmemente as ideologias autoritárias e totalitárias de todos os quadrantes" propõe-se a receber "acolher pessoas de todas as áreas políticas"
Se bem me recordo das aulas de Ciência Política chama-se a isto um "catch all party". Valoriza as medidas avulsas (policies) em detrimento da Política (politics) . O seu principal concorrente será não o PP, PSD ou mesmo o PS mas o BE.
posted by Miguel Noronha 12:13 da tarde
Prémio "Eu não tenho visto as notícias"
Este prémio é atribuido a Domingos Lopes vice-presidente do Conselho Português para a Paz e a Cooperação pelo seu artigo no Público de hoje.
Penso também que seja um bom candidato ao anunciado Top Ten de textos repugnantes a organizar pela Coluna Infame
posted by Miguel Noronha 9:51 da manhã
Saddam e a Esquerda
O Cruzes Canhoto ficou bastante incomodado com o artigo de José António Saraiva (JAS).
Como se pode inferir pela leitura do artigo, JAS não fala de toda a esquerda mas da esquerda que apresenta este tipo de argumentos para se opor a qualquer iniciativa vinda de um governo de direita. A solidariedade ideológica fala sempre mais alto. Não importa o resto. A utopia fala mais alto. O género humano que se lixe.
Só assim, por exemplo, se explicam as afirmações de Bernardino Soares em relação a Cuba e à Coreia do Norte.
Para o tão grande sobressalto causado pelo artigo ao Cruzes Canhoto só encontro duas explicações. Ou dificuldades na interpretação no texto ou porque ele lhes acertou em cheio...
posted by Miguel Noronha 9:14 da manhã
Reacções
Do que ontem foi dito pelos comentadores da praxe ficou-me o comentário ressabiado de Mário Soares (já referido pelo Valete Fratres!) na TSF. Nem uma palavra de contentamento pela queda de um regime tiranico e sanguinário. Só a irritação por não ter provado a sua tese.
Pergunto-me se terá sido um sósia que, há 28 anos, esteve na fonte luminosa a manifestar-se contra a imposição de um regime totalitário em Portugal.
posted by Miguel Noronha 8:57 da manhã
Actualizações
A zona dos links não para de crescer...
posted by Miguel Noronha 8:43 da manhã
quarta-feira, abril 09, 2003
Celebrações de iraquianos nos EUA
posted by Miguel Noronha 8:09 da tarde
Iraquianos agradecem aos Marines
posted by Miguel Noronha 8:07 da tarde
Celebrações no Curdistão
posted by Miguel Noronha 8:04 da tarde
Mensagem do Povo Iraquiano
(via Donald Sensing e LGF)
posted by Miguel Noronha 6:01 da tarde
A Queda de um Tirano
posted by Miguel Noronha 4:43 da tarde
Capitalismo=Democracia
Um artigo do Opinion Journal sustenta que a introdução da iniciativa privada não-monopolista no Iraque será a melhor garantia da recuperação da economia e do desenvolvimento da democracia.
Estas conclusões são extensiveis a outros países, é claro...
One of the many virtues of companies is that they provide a constraint on the power of the state. As Peter Drucker has noted, the joint-stock company was "the first autonomous institution in hundreds of years, the first to create a power center that was within society yet independent of the central government of the nation state."
posted by Miguel Noronha 12:15 da tarde
Eduardo Prado Coelho
Queria destacar duas passagens da última crónica de EPC:
"Seja qual for a mitologia romântica que tenha rodeado a revolução cubana, a verdade é que não se trata de um regime democrático, mas, sim, de uma ditadura esclerosada que tem pavor em evoluir. Fidel Castro está cada vez mais ensimesmado numa lógica de autoritarismo e repressão policial, de que os acontecimentos mais recentes são um exemplo totalmente deplorável"
"O marxismo no poder tem sido menos uma alavanca de invenção do futuro do que um permanente entrave à inteligência e à criatividade: e pode subsistir, como sucede na China, como mero álibi para uma estrutura repressiva em pleno sistema capitalista"
posted by Miguel Noronha 11:14 da manhã
Liberais vs Conservadores
Parece que este debate não se limita à blogosfera lusa. No Europundits (o permalink não funciona) recomendo a leitura do artigo "What's a "Liberal" and What's a "Conservative" que foca alguns dos pontos já discutidos entre a Coluna Infame e o Valete Fratres!.
Aproveitando o ensejo pedia, aos estimados leitores, que me indicassem onde posso encontrar artigos de Daniel Patrick Moynihan online.
posted by Miguel Noronha 9:51 da manhã
Remodelação
Aproveitando a dupla demissão ministrial, resolveu o Executivo fazer uma "mini"-remodelação e substituir dez Secretários de Estado (SdE). Não pretendo dramatizar (como fez a oposição) ou desdramatizar (como fez o governo) este acontecimento mas simplesmente levantar uma questão.
Porque continuam a persistir os casos onde não são os Ministros responsáveis pela escolha dos seus SdE?
Esta prática leva quase sempre a tensões no Ministérios. Ou o Ministro desautoriza o SdE e retira-lhe as suas competências ou o SdE, porque tendo sido escolhido directamente pelo Primeiro-Ministro, não se coibe de seguir uma política que colide com a do seu superior directo.
Esta prática não é originária deste Governo nem do PSD. A título de exemplo relembro o caso ocorrido entre o antigo Ministro da Economia Daniel Bessa e o SdE da Industria Augusto Mateus. As incompatibilidades entre os dois levaram à demissão do Ministro e à "promoção" do SdE a Ministro.
posted by Miguel Noronha 9:22 da manhã
terça-feira, abril 08, 2003
Monsanto
O País Relativo mostrou-se chocado com a pretensão de Pedro Santana Lopes em expulsar a prostituição de Monsanto. Não consigo perceber quais as motivações que os levam a tomar tal posição. Tratar-se-à de um abuso de poder? Muito pelo contrário. Foi precisamente o laxismo das autoridades e a sua complacência com a pequena deliquência que levou a que Lisboa deixasse de ser um cidade segura.
Quando Rudolph Giuliani se tornou Mayor de Nova York resolveu reverter esta política. Os resultados estão à vista.
Este modelo não foi imaginado de um qualquer ditador ou autocrata. Baseia-se num artigo de Daniel Patrick Moynihan, ex-Senador Democrata pelo estado de Nova Iorque. Cito as palavras de João Carlos Espada no ultimo Expresso:
"Em 1993 num artigo para distinta revista "American Scholar", cunhou a expressão que ficaria célebre, "defining deviancy down": a sociedade vai baixando os padrões de comportamento desviante. O resultado será o oposto do desejado: ocorrerá um alastramento do pequeno e do grande crime e uma detrioração da vida nas grande cidades"
posted by Miguel Noronha 8:03 da tarde
segunda-feira, abril 07, 2003
Novidades
Caso ainda não tenham reparado há (bastantes) novidades na área do links.
posted by Miguel Noronha 3:27 da tarde
Reminiscências Futebolisticas
No Vitória de Setúbal jogou, até há poucos anos, um jogador conhecido por Quim. O Quim para além de ser sempre titular era considerado, pela massa associativa, como o bode expiatório da equipa. Por melhor que fosse a sua exibição a opinião dos "treinadores de bancada" era sempre negativa. Chegavam a culpa-lo por jogadas onde não tinha estado envolvido. Uma vez lembro-me de ouvir dizer "Se o Quim tivesse ido à bola tinha sido 'papado'".
Lembrei-me dele a propósito da crónica da conhecida pacifista Isabel do Carmo.
Para além de outras considerações que o bom senso e os factos tratam de desmentir profere a seguinte sentença:
"O envolvimento dos sionistas nesta guerra pode provocar perigosamente uma onda de anti-semitismo nos espíritos mais primários; já está a provocar"
Ou seja Israel é culpado mesmo que não se envolva.
A própria construção da frase deixa-me a dúvida se Isabel do Carmo se considera um espírito primário...
posted by Miguel Noronha 1:14 da tarde
Jacques Delors
Da crónica de Sarsfield Cabral:
A sensatez de Delors mostra que se pode ser francês e pró-europeu sem ser parvo. O poder americano é um facto _ os europeus não podem simplesmente opor-se aos Estados Unidos, sobretudo quando quase nada fizeram nas últimas décadas para a sua própria segurança e defesa. Para Delors, a Europa tem de encontrar uma parceria razoável com a América, sendo improvável uma política externa comum europeia nos próximos tempos. E impossível uma defesa europeia sem os britânicos.
posted by Miguel Noronha 11:42 da manhã
Guterres defende aliança com democratas dos EUA
O ex-primeiro-ministro António Guterres defendeu ontem a urgência de uma aliança entre todas as forças progressistas, envolvendo os partidos da Internacional Socialista e o Partido Democrático dos Estados Unidos. A posição do presidente da Internacional Socialista foi assumida em Milão, Itália, durante o encerramento da Convenção Nacional dos Democratas de Esquerda, que juntou mais de 1500 delegados.
Para António Guterres, a recente crise do Iraque «demonstrou que tanto na Europa como nos Estados Unidos há uma diferença clara entre a esquerda reformista e a direita conservadora». «Em relação aos Estados Unidos, estamos confrontados com a mais conservadora administração das últimas décadas», disse, antes de defender a necessidade de restaurar a autoridade das Nações Unidas.
Achava, de todo, imperativo que antes de fazer este covite, António Guterres comparasse as posições da "forças progressistas" europeias e as posição de destacados membros do DNC.
É capaz de existir um choque de posições...
posted by Miguel Noronha 10:46 da manhã
Entrevista a Colin Powell (via LGF)
Recomendo a leitura desta entrevista de Colin Powell à ZDF. Apesar das tentativas do entrevistador as respostas são directas e clarificadoras das posições da Administração Bush.
QUESTION: From you and from your colleague, Secretary Rumsfeld, came very strong warnings the last couple of days, vis-à-vis Iran and Syria, not to interfere, stay out of Iraq and stop their business of dealing with terrorists and the Iraqi regime. Are they the next ones on the list for --
SECRETARY POWELL: No, there is no list. There is this common perception in Europe that there is this list of enemies and we are going to go down one-by-one and invade them all in some predetermined order. This is not the case. The President is not looking for places to go invade. The President has made it clear that he has many ways of dealing with regimes that, we believe, are not following international standards. So, sometimes political actions are appropriate, economic actions, use of our intelligence assets. Sometimes military force is appropriate. But we are not looking for wars to get into.
It’s fascinating that we are now trying in a multilateral setting to deal with the problem of North Korea and here we are criticized for not acting bilaterally or doing something directly.
And so we have many tools available to us but it does not mean the United States has constantly looking for places to go to war. But is there something wrong with telling a nation such as Syria, or a nation such as Iran, that we know they are developing weapons of mass destruction, that we have evidence against Iran with respect to nuclear weapons. And these are nations that we know – we know, everyone knows – they are supporting terrorist activities. Is it inappropriate for us to call this to their attention and tell these nations they should stop engaging in these kinds of activities? Or should we just put our hands over our eyes and pretend they are not doing such things and not hold them to any kind of account? I think we should speak out when we find nations that are supporting terrorist activities.
posted by Miguel Noronha 10:12 da manhã
domingo, abril 06, 2003
Beth Says
Já foi na Sexta mas quis deixar passar um dia para assentar ideias.
O bilhete informava que o início do concerto seria às 21.00. Conhecendo a tendência para estes eventos nunca começarem à hora marcada não me preocupei excessivamente por já passarem alguns minutos das nove quando cheguei ao Coliseu.
Infelizmente desta vez parece que a organização resolveu ser pontual.
Surpreendentemente quem estava a tocar não era (ainda) a Beth Gibbons mas uma jovem que apenas acompanhada de uma viola enfrentava uma sala preenchida a 3/4 por pessoas que não faziam ideia quem ela era. Incompreensivelmente a organização não forneceu qualquer informação sobre quem iria, ou mesmo se iria haver, actuar na primeria parte. Soube à posteriori que o seu nome era Teresa Gabriel. Gostei bastante da sua actuação que me fez lembrar os trabalhos a solo das Throwing Muses. Mas pelo que já pude constatar a minha opinião é ultra-minoritária. Aquelas introduções algo (ou bastante) prentensiosas aos temas é que eram dispensáveis.
Passada a primeria parte e um breve intervelo eis que chega a musa por quem ansiavamos.
E eis que o concerto começa muito mal. Para introdução foi escolhido o "Mysteries". Este tema foi interpretado à pressa e com a voz de Beth ainda fria. Um assassinato a sangue frio que merecia uma severa punição...
Os dois ou três temas seguintes também não ajudaram. A timidez da sra Gibbons e uma banda demasido estática faziam-me pensar se não teria sido melhor ficar a ouvir o disco em casa.
Mas eis que tudo mudou com "Tom The Model". A voz impôs-se e fez tremer o Coliseu. Quando acabou estava a começar a ser um grande concerto.
Soube a pouco. Muito pouco. Mas acho que mesmo sabendo tratar-se de um concerto que começou mal e acabou demasiado cedo voltava a pagar o bilhete para a ir ver. Porque o restante concerto foi fantástico. Queria destacar a soberba interpretação de "Candy Says" dos Velvet Underground. Acho que Beth Gibbons fez a versão definitiva deste tema.
posted by Miguel Noronha 12:49 da tarde
Dissidente Calvinista
Chegou ao meu conhecimento o aparecimento de mais um blogue da constelação calvinista. Quis o senhor que este se chamasse Fora da Lei.
O Intermitente congratula-se por ser fonte de inspiração e provocação para alguém.
posted by Miguel Noronha 12:22 da tarde
sábado, abril 05, 2003
Demissões
Acordei hoje com a notícia de mais uma demissão ministrial.
Depois de ontem Isaltino Morais ter sido vitima de uma manchete do Independente hoje foi a vez de Valente de Oliveira, invocando razões de saúde.
Não me vou pronunciar para já sobre o ex-Ministro das Obras Públicas.
Sobre Isaltino Morais queria dizer o seguinte
Não é "pecado" ter dinheiro na Suiça. O "pecado" está na eventual não declaração de juros. A explicação do ex-Ministro não é realmente nada convincente. Mais valia que nada tivesse dito. Se ele julga que a sua continuidade no elenco ministrial lhe retirava credibilidade fez bem em sair. Não é de esperar que seja notada a sua ausência.
A dinâmica criada, especialmente desde os governos do Professor Cavaco Silva, que ao menor sinal de suspeita se peça a demissão do Ministro e que toda a oposição a acompanhe em coro é extremamente perigosa. O Ministro é julgado na praça pública sem hipóteses de defesa e inevitavelmente considerado culpado. Já bastas vezes esse "veredito" se veio a provar estar errado.
Um partido que na oposição pediu a "cabeça" dos Ministros do Governo anterior baseado nestas suspeitas não tem moralidade para invocar o contrário quando passa a ser Governo. Está criado um ciclo que mais que vicioso é extremamente perigoso.
A opinião pública entende que os governantes têm que ter uma moralidade acima de qualquer suspeita. Um princípio à partida correcto. O problema reside no facto dessas mesmas pessoas não observarem na a sua conduta a mesma rigidez moral que exigem ao outros. A sociedade não é uma entidade abstracta. É composta por todos e cada um de nós. Se a classe política emana da sociedade civil os seus princípios não serão melhores que os desta.
posted by Miguel Noronha 10:32 da manhã
sexta-feira, abril 04, 2003
Iraque ameaça usar «meios não convencionais» contra aliados
O ministro da Informação iraquiano, Saeed al-Sahaf, ameaçou as forças aliadas dizendo que o Iraque poderá usar «meios não convencionais» esta noite de sexta-feira em Bagdad.
Vocês acham que ele se está a referir "àquelas" armas que supostamente não existiam?
posted by Miguel Noronha 4:06 da tarde
Almas Gémeas
O que têm em comum Manuel Villaverde Cabral (MVC) e Hugo Chavez (HC)?
Ambos se queixam da autonomia do Banco Central e acham que este se devia guiar por critérios políticos.
No primeiro caso, num texto onde um MCV amargurado se queixa das cedências de Lula aos neo-liberais:
Alegando que se trata de medidas passageiras destinadas a relançar a economia e a atrair o investimento estrangeiro, a verdade é que adoptaram na prática as políticas e as promessas de reforma do anterior Governo. Não só aumentaram as taxas de juro, como apostaram tudo no sector exportador, em detrimento do mercado interno, sem sequer conseguir estancar a dívida. Em contrapartida, o aumento real do salário mínimo (cerca de 70 euros) foi reduzido a 1 por cento e a autonomia do Banco Central acaba de ser alargada, conforme exigiam os credores internacionais.
No segundo (e por sugestão do The Devil's Excrement):
"Chávez calificó nuevamente de 'salvajes' las actuales tasas de interés. 'Exijo al BCV que fije las tasas de interés a la banca nacional. El BCV no puede permitir que la banca siga cobrando intereses por encima de 50%, de 40%; no hay una razón para ello'"
Faço notar a conhecida e reputada sapiência económica de ambos os personagens...
posted by Miguel Noronha 2:30 da tarde
O Anti-Semitismo
No momento actual, o anti-semitismo tem uma particularidade totalmente nova. Já não se exerce em nome de uma visão racial da questão, como foi apanágio do nazismo e da extrema-direita. Hoje, é através da representação demoníaca do sionismo que se reconstitui a visão antijudaica. E esta visão é tanto mais perigosa, quanto ela se manifesta em nome dos direitos humanos. É em nome dos direitos do povo palestiniano que se libertam hoje as pulsões anti-semitas, passando assim despercebidas ou pelo menos impunes. ESTHER MUCZNIK
posted by Miguel Noronha 12:30 da tarde
A Madeira de Jardim
Segundo Público a Madeira preparou um projecto próprio de revisão constitucional.
Entre as várias propostas há três que merecem destaque.
Na primeira "Reivindica-se também para o parlamento regional o direito de definir o estatuto dos titulares dos órgãos regionais". A este respeito diz o articulado da Constituição:
Art. 117º Estatuto dos titulares de cargos políticos
1 Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelas acções e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.
2 A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, as consequências do respectivo incumprimento, bem como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades.
3 A lei determina os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, bem como as sanções aplicáveis e os respectivos efeitos, que podem incluir a destituição do cargo ou a perda do mandato
Pergunto-me que tipo de alterações pretende a Assembleia Legislativa Regional introduzir neste campo?
A segunda proposta visa passar para as regiões autonomas a "iniciativa legislativa em matéria do sistema eleitoral regional". Sem comentários...
Destaco em último lugar a proposta para a elimanação da norma que possibilta que os " órgãos regionais possam ser dissolvidos pelo Presidente da República, ouvidos a AR e o Conselho de Estado", por "actos graves contrários à Constituição". Isso seria, frisa-se no documento, "delito de opinião, marca dos regimes ditatoriais". Para não ficar "à mercê de qualquer hipotético abuso de poder pelo Estado", propõe que a dissolução só se justifique nos mesmos termos que para a Assembleia da República.
Não percebo como se pode confundir uma intervenção por "actos graves contrários à Constituição" com "um abuso de poder pelo Estado". Esta norma visa exctamente evitar abusos de poder por parte dos poderes regionais.
Dúvido que estas alterações encontrem eco na maioria parlamentar. E ainda bem...
posted by Miguel Noronha 12:02 da tarde
Prémio José Vítor Malheiros
Afinal o jornalista do Público tem seguidores.Ou será o contrário?
O Arab News já publicou vários artigos anti-americanos, pró-Saddam, que apresentam os factos de forma facciosos (não têm necessáriamente todas estas caracteristicas ao mesmo tempo). No entanto também publica artigos de interesse (várias vezes aqui referidos).
Mas este artigo que por sinal nem é escrito por um árabe é moralmente repugante.
posted by Miguel Noronha 11:02 da manhã
Uma Questão Extremamente Relevante
Manuel Alegre questiona militares fardados na televisão
Certamente ficou incomodado com análises dos militares fardados. Bem mais certeiras que as dos militares à paisana...
posted by Miguel Noronha 10:31 da manhã
Aviso à Nação
A musa Beth Gibbons cantará para nós hoje à noite no Coliseu.
Quem ainda não tem bilhete tivesse comprado antes...
posted by Miguel Noronha 10:04 da manhã
quinta-feira, abril 03, 2003
Correio dos Leitores pt II
O Gonçalo Pina volta à carga com a questão da Constituição europeia. Pergunta-me se devem existir ou não custos (a pagar) para um pais que decida sair da UE.
Eu respondo podem: existir. E se o país for um contribuinte liquido? Nesse caso terá fundos a reaver?
Parece que não percebeu que a questão reside no resto do artigo:
The Commission shall conduct the negotiations in consultation with the Council in accordance with directives given to it by the Council. The agreement shall be concluded for the Union by the Council, acting by a majority of two-thirds of its members after obtaining the assent of the European Parliament. The Member State leaving the Union shall not participate in the Council decisions on the negotiation and conclusion of the agreement.
O que transforma a opção de saída numa questão política a ser decida pelos restantes estados membros.
Para terminar acho que podemos manter a questão de forma séria se seguir alguns preceitos. Primeiro não diga "porra" nos mails. Segundo não me filie em partidos. Terceiro e ultimo nunca infira pelos posts o estado de excitação dos restantes bloggers.
posted by Miguel Noronha 8:25 da tarde
Correio dos Leitores
O Manuel Pinheiro (do De Direita) chama-me a atenção para dois artigos publicados no seu blog (ambos intitulados "O Mito de Dick Chiney" - parece haver problemas com os permalinks). Estes vêm ao encontro de outro aqui publicado em que tecia considerações acerca do "nojo" que o Professor Fernando Rosas sente aos politicos com passado empresarial.
Parece que para certas pessoas para um governante deve estar absolutamente desligado do mundo real. Só são aceites admissões de pessoas com passado político ou academico. Custa-lhes a compreender que um gestor que já deu provas no mundo empresarial oferece mais garantias na gestão da "coisa pública". Mas para eles o lucro é sinónimo de roubo e não de sucesso.
Quanto à questão dos impostos está enganado num ponto. Há quem sugira que eles se extigam não completamente mas o suficiente para o estado garantir as suas funções de soberania. Penso que nesse ponto o Valete Fratres! poderá responder de forma mais completa.
Na questão dos fundos estruturais duvido que estes tenham tido a importância que lhes atribui na estruturação do tecido empresarial. Também ainda não li o artigo da Economist mas quando o fizer prometo voltar ao assunto.
Saudações bloguitas (não confundir com bloquistas)
posted by Miguel Noronha 7:51 da tarde
A questão europeia
O blog Venda-se queixa-se dos posts que aqui foram produzidos contra os Fundos Estruturais e a futura Constituição Europeia.
Quanto aos fundos estruturais não retiro uma virgula ao escrevi. Conheci bastante bem os organismos publicos que fizeram a aplicação desses fundos e várias instituições que delas "beneficiaram".
No respeitante à Constituição Europeia chamo a atenção para o artigo 103 do título IX dos Principio (pag 55) do draft que foi apresentado.
Para terminar pedia-lhe que não me increvesse em nenhum partido ou associação. Enquanto não terminar a minha avença com a CIA estou impedido de assumir quaisquer outros compromissos.
posted by Miguel Noronha 12:47 da tarde
Infâmia!
O Professor Fernando Rosas produziu mais uma artigo no seu, já habitual, estilo apócaliptico.
Queixa-se da "intimidade promíscua da Administração Bush com a indústria de armamento (32 dos mais altos funcionários do Governo foram empresários ou dirigentes das grandes empresas do sector!) ou do petróleo (o que envolve o próprio Presidente e o vice-Presidente Dick Cheney"
Em Portugal isto nunca poderia suceder. Normalmente os membros do Governo são escolhidos do rol de funcionários do partido. São político de carreira cuja actividade profissional foi preterida há anos pelas cómodas cadeiras de São Bento ou das sedes partidárias.
Quaisquer ligações com o pérfido mundo empresarial são, deste modo, salvaguardadas.
posted by Miguel Noronha 12:25 da tarde
Desinformação (via ParaPundit)
Um jornalista russo analisa as notícias vindas a público sobre as dificuldades logisticas da coligação aliada e chega a uma supreendente (e no entanto óbvia) conclusão:
In his famed book "The Art of War," Chinese general Sun Tzu wrote 2,500 years ago: "War is all deceit. If you can do something, make the enemy believe you cannot; if you are close, pretend you are far away." Last week in Iraq both sides were playing Sun Tzu to the limit: The allies faked weakness and disarray, the Iraqis faked strength and confidence
The U.S. and British allies also had a good reason to cheat. By faking weakness and portraying an inability to make a decisive push for overall victory without weeks of preparation and reinforcement, the U.S. military command apparently hoped to trick the Iraqis into keeping their best units in the field rather than withdrawing immediately to Baghdad, where defeating the Republican Guard would come at a higher cost
Esta teoria parece ser comprovada pelo rápido avanço das tropas americanas verificado nos ultimos dois dias.
posted by Miguel Noronha 10:33 da manhã
Protesto internacional dirigido a Fidel Castro
Faço aqui o meu mea culpa. A comunicadade religiosa-politico-cultural também se mobiliza por causas justas.
O motivo é a recente vaga de prisões que atingiu um largo número jornalistas e opositores cubanos.
O movimento que congrega várias personalidades internacionais que varrem todo o espectro político também encontra expressão nacional.De entre os nome referidos pelo DN só dei pela falta de bloquistas e comunistas.
Certamente foi um lapso do jornalista.
posted by Miguel Noronha 9:57 da manhã
quarta-feira, abril 02, 2003
O Mandato parte II
O João Miranda (JM) enviou-me um mail que clarifica a proposta de Marcelo Rebelo de Sousa:
Penso que a proposta do Marcelo Rebelo de Sousa limita o mandato do presidente a 1 único mandato de 7 anos. Como a reeleição tem sido inevitável, a proposta acaba por reduzir e não aumentar a duração de uma presidência
Penso que se está a confundir dois aspectos.
Até agora, realmente, todos os PR em exercicio têm sido reeleitos para um segundo mandato. No entanto isso não constitui uma garantia para o futuro. A reeleição (tal como a eleição) depende do voto popular. Findo o primeiro mandato o PR tem de voltar a congregar apoios que garantam a sua reeleição.
O aspecto salientado pelo JM em nada altera a minha questão. Qual a vantagem de aumentar o mandato presidencial em dois anos?
posted by Miguel Noronha 6:44 da tarde
Mandato do PR devia ser de sete anos, diz Rebelo de Sousa
Já ontem tinha reparado nesta notícia. Pensei que fosse mais uma partida do 1º de Abril. Afinal parece que é mesmo a sério.
Não consigo descortinar a razão desta proposta.
O PR, com os poderes que lhe são atribuidos pela Constiruição, não tem capacidade para por em prática nenhumas medidas de médio-longo prazo. Não vejo qualquer utilidade em aumentar, em dois anos, o seu mandato.
A notícia é omissa quanto às razões do seu proponente que apenas "sugere ainda perguntar «a Cavaco Silva e a António Guterres o que pensam sobre» o assunto, pois assim «talvez fosse mais fácil aos partidos» proceder à obrigatória alteração constitucional.".
Como se o acordo destas duas personalidades fosse o suficiente para inferir o mérito da proposta.
posted by Miguel Noronha 2:57 da tarde
Ditadura Europeia
O Daily Telegraph denuncia que a existência de um artigo, na futura Constituição Europeia, que impede os países de abandonarem a UE, exclusivamente, por sua própria vontade.
Article 46 of the secret draft text, obtained by The Telegraph, says the terms of departure for any country wanting to leave must be approved by two thirds of member states
posted by Miguel Noronha 12:47 da tarde
Esperança Árabe
Um artigo do NYT deixa antever que o sentimento dos árabes pode não ser exactamente aquele que é mostrado pelos media e vai ao encontro de outros publicados Arab News e que eu anteriormente comentei.
Existe a esperança que realmente os EUA cumpram as suas promessas. Isto é que não se transformem num exército de ocupação e que devolvam a indepedência e a democracia ao Iraque.Esta acção, esperam eles, poderá ter efeitos benéficos em toda a região. Tudo dependerá do cumprimentos das promessas feitas.
posted by Miguel Noronha 12:27 da tarde