O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

sexta-feira, dezembro 19, 2003

Bjorn Lomborg (via Super Flumina)

O Ministro da Ciência dinamarquês anulou uma decisão do comité que verifica as questões de desonestidade cientifica (DCSD) que considerava o livro "The Skeptical Environmentalist" de Bjorn Lomborg (BL) contrários às boas práticas cientificas. Recordo que este livro coloca em causa os dogmas catastrofistas dos ambientalistas.

Segundo o Financial Times o Ministro considerou que a decisão do DCSD não evidenciava qualquer prova que o trabalho de BL em dados ou metedologias enviesadas. Foi também criticado o facto de BL ter sido impedido de apresentar qualquer defesa do seu trabalho perante o referido comité.


Entretanto o Cruzes Canhoto procura desvalorizar a decisão invocando razões políticas dado que governo dinamarquês é de centro-direita (presumo que se fosse um governo de esquerda a anunciar uma decisão inversa tal problema não se colocava) e refere que a decisão não valida as conclusões de BL. Certamente. Mas, pelos vistos, a decisão do DCSD também não o invalida.
posted by Miguel Noronha 12:52 da tarde

Por que me tornei um liberal
(Porque passei uma noite na cadeia)


Artigo do jornalista João Mellão

Aos 21 anos, estudante de administração da Fundação Getúlio Vargas, eu era socialista. Na verdade, naquela idade e naquela época, eu não tinha outra opção. Todo jovem, a não ser que tenha envelhecido precocemente, é idealista. E qualquer idealista, ao travar conhecimento com a realidade brasileira, eivada de mazelas, imoralidades e iniquilidades, sente-se obrigado a tomar posição, lutar por um mundo melhor, defender princípios diferentes daqueles que levaram a sociedade a tornar-se tão perversa. Naqueles tempos de "distensão lenta e gradual" (77) o mercado ideológico, na área estudantil, era bastante restrito. Quem não era marxista ou anarquista, era taxado automaticamente de reacionário, podendo, dentro desse rótulo, optar entre duas alternativas: ou era alienado e inconsiente, ou era mau caráter mesmo.

Minha fé socialista, minha crença na capacidade do Estado de desenvolver a Nação, reduzir a miséria e conduzir a sociedade, começou a abalar-se, ironicamente, no dia em que fui "preso".
Realizávamos, solenemente, uma das primeiras passeatas estudantis pós 068, na rua 25 de março, quando a tropa de choque do coronel Erasmo Dias bloqueou as nossas saídas, e cerca de uns 40 estudantes, eu entre eles, acabamos sendo presos. Após a indispensável "aula de civismo" por meio de cassetetes, fomos todos conduzidos ao famigerado Deops, a Meca da repressão política de então.
Ali começaram as minhas dúvidas.Em fila indiana, tínhamos de passar por um interrogatório intensivo, trocando de cadeiras na medida em que íamos cumprindo o fluxograma burocrático de identificação civil, classificação ideológica, triagem de liderança etc.etc. O "sistema" começou a falhar quando me sentei na primeira cadeira.

- Carteira de identidade!
- Não trouxe ...
- Como é que o senhor vai a uma passeata sem identidade? Desesperou-se o funcionário.
- Ninguém me avisou que era necessário...
- E como é que eu faço agora?!
- O senhor pode confiar na minha palavra. Eu lhe dou os dados direitinho, procurei facilitar.

O meu caso, não previsto no manual, atrasou a triagem por umas duas horas. O "investigador" foi consultar o "encarregado", que procurou pelo subchefe, o qual foi atrás do chefe, que correu atrás do delegado, que interpelou o diretor, o qual não foi encontrado porque não fora trabalhar naquele dia.

"MINHA FÉ SOCIALISTA SE ABALOU NO DIA EM QUE FUI PRESO"

Na falta de outra alternativa, resolveram aceitar, com muita relutância, a minha humilde sugestão. Ficou tudo na palavra de cavalheiro. Até hoje fico pensando o que teria acontecido se eu tivesse mentido naquele dia. Provavelmente o inquérito estaria correndo até hoje, e nunca iriam descobrir quem foi o responsável pela falha.
Saí dali, lá pelas 4 horas da manhã, com mais dúvidas do que quando havia entrado. A mais eficiente máquina de informações e repressão que o Estado fora capaz de criar funcionava daquele jeito...Imagine o resto. Comecei a duvidar, naquele dia, da capacidade de resolver problemas de que o aparato estatal se diz possuidor.

Ali mesmo, na porta do Deops começou a nascer a minha convicção liberal. Insultava a minha inteligência acreditar que o estado socialista, por ter ideologicamente trocado os sinais, pudesse ser mais eficiente que o capengante Estado capitalista. O funcionalismo público, fosse qual fosse a ideologia dominante, haveria de ser sempre o mesmo: inoperante, ineficiente, desmorativado e aferrado ás normas e procedimento do manual.

A minha vivência posterior na iniciativa privada e em cargos de comando na área pública serviu para criar embasamento prático, àquilo quem, em 1977, era apenas uma desconfiança. O Estado não resolve problemas:cria-os em maior quantidade . Na Prefeitura de São Paulo, um doa quatro maiores aparatos estatais do Brasil, reconhecidamente a máquina pública mais eficiente do País independentemente dos governantes de plantão, um processo dos mais simples, demanda em média, 400 dias de tramitação, o que significa um mínimo de 130 dias em cada mesa de repartição. Isso se não houver complicações. Há, na Prefeitura, pelo menos 20 processos inacabados do ano de 1908, um deles referente ao pagamento de indenização ao proprietário de uma mula atropelada por um bonde.

É através desse Estado, com toda a sua produtividade e eficiência, que as esquerdas pretendem resolver os problemas do Brasil. O meio proposto é agigantá-lo ainda mais, fazer com que ele, progressivamente, interfira mais e mais nas relações sociais, políticas e econômicas da comunidade.

Se o Estado brasileiro, do tamanho que é, com suas leis absurdas e seus procedimentos kafkianos, já logrou colocar maior parte de nós na ilegalidade (sua casa não está dentro das posturas municipais, sua loja transgride a lei em pelo menos dois ou três códigos, cada um de nós faz jus, pelas nossas leis, a pelo menos cinco anos de cadeia), tenho arrepios só de pensar no dia em que ele multiplicar-se de tamanho, tiver de tratar de problemas muito mais complexo que os atuais, ou precisar lidar com circunstâncias muito mais dinâmicas do que as que já enfrenta. Na primeira falta de uma carteira de identidade, a Nação ficará paralisada pelo menos um século. O Brasil será, infelizmente, um imenso inoperante Deops.

posted by Miguel Noronha 11:19 da manhã

quinta-feira, dezembro 18, 2003

Give Them a Chance

Artigo de Dr. Mohammad T. Al-Rasheed no Arab News

Beware the march of History or the Ides of March, whichever appeals to you. Those who have eyes and ears will learn from the demise of Saddam Hussein and the pathetic pictures shown to the world. Gone are the palaces, the swagger, the mindless ruthlessness, the endless resources of money and men. Nothing is left but a shabby old man, who is now as pathetic as his rise and fall had been tragic and murderous.

Dictators and murderers are a breed apart. The lucky ones die in office. The majority live to suffer the humiliation and anger of their victims and those who survived them. Count with me and fill in the blanks as you wish: The Shah, Bokassa, Idi Amin, Ceausescu, Sese Seko of Zaire, Hitler, Mussolini, the Soviet apparatus, and last but not least, Saddam, the son of Hussein. The most notable of this lot were the most courageous: Nero and Hitler. At least Nero had the courage to fall on his sword and lament that Rome was losing a ?great artist.? I wonder who is next.

The jubilation in Baghdad put the Arab media to shame. America, for this brief moment at least if not for longer, is a liberator and not an occupier. I can?t help being smug, since what I saw gave me back some confidence in the possibility of justice in this world. I had almost lost hope. It took George Bush to give me that back. I don?t agree with him on many things, and while many Americans share my stand, I?ll give the man his due. He will go down in Arab history as the liberator of Baghdad, even if the whole mission in Iraq comes to nothing more than this.

On a more sober note, the reality we have to face is the fact that it took Americans to relieve Baghdad of its dictator. Arab impotence recorded a new low. I might sound naive but I would like to ask where the ?freedom fighters?, ?the resistance?, ?the strugglers for the freedom of Iraq? were when that man ran amok. Having delivered Saddam, the Americans will have to deliver Iraq. Shouldn?t we now be wise enough to give them at least a chance, if not a real helping hand?

We started this business of post-Sept. 11 by jousting with the American loudly and virulently. We could not believe that any of our sort would behave in such barbaric ways. The truth became clearer with time. Regardless of the reason for the American intervention in Iraq, the end result couldn?t have been happier for the Iraqis or more loaded with hope for other Arabs. Dare we say Carpe Diem and actually seize the day? Do we have the intellectual honesty to sit back, ponder, and then act, or are we going to start spinning more conspiracy theories to explain the obvious?

posted by Miguel Noronha 3:18 da tarde

O Fracasso da CIG

Artigo no The Washington Times

Ultimately, the missteps of Germany and France will buy time for national sovereignty in Europe and, therefore, democracy. For at least the coming months, the European Union's monolithic bureaucracy won't overshadow the continent's representative governments.

posted by Miguel Noronha 11:10 da manhã

Burocracias

De um artigo de Nicolau Santos no EXPRESSO online.

Conto (...) uma história que ouvi recentemente. Um cidadão português, que sempre desejou ter uma casa com vista para o Tejo, descobriu finalmente umas águas-furtadas algures numa das colinas de Lisboa que cumpria essa condição. No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela. Falou então com um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra. O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa. No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema. Assim, numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada. O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML, solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela. Passado alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita cuja janela. E assim, o dono da casa não só ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de fechar a janela!


Agradecimentos ao João Gonçalves pela dica.
posted by Miguel Noronha 9:11 da manhã

Comemoração

Recordando a noite de ontem no Alvalade XXI





posted by Miguel Noronha 8:42 da manhã

quarta-feira, dezembro 17, 2003

A Outra História

Kalkito de Pedro Lomba no DN de ontem:

Imaginemos. Al Gore era Presidente dos Estados Unidos. A ala esquerda do Labour tinha corrido com Tony Blair. O PS governava Portugal em coligação com os comunistas ou o Bloco de Esquerda. Ana Gomes era a nossa ministra dos Negócios Estrangeiros. As Nações Unidas, com o apoio do Governo português, aprovavam de três em três meses resoluções condenando o terrorismo internacional. O mundo era governado pelos ideais da paz e da solidariedade. Tudo era diferente. Sad-dam Hussein estava no poder

posted by Miguel Noronha 2:05 da tarde

Tráfego Reduzido

Como já devem ter reparado, desde há uns dias, a produção deste blog tem sido algo reduzida não se prevendo grandes alterações do cenário nos próximos dias. É o resultado da quadra natalícia, do aumento de trabalho, das adversidades atmosféricas e da política despesista dos governos de António Guterres.
posted by Miguel Noronha 11:29 da manhã

terça-feira, dezembro 16, 2003

Ambiguidades

Mark Steyn no DailyTelegraph.

For months the naysayers have demanded the Americans turn over more power to the Iraqis. Okay, let's start by turning Saddam over to the Iraqis. Whoa, not so fast. The same folks who insisted there was no evidence Saddam was a threat to any countries other than his own and the invasion was an unwarranted interference in Iraqi internal affairs are now saying that Saddam can't be left to the Iraqi people, he has to be turned over to an international tribunal.

posted by Miguel Noronha 4:30 da tarde



Cortesia Cox & Forkum.
posted by Miguel Noronha 2:14 da tarde

segunda-feira, dezembro 15, 2003



Mais cartoons no The Command Post
posted by Miguel Noronha 2:42 da tarde

Never Say Never Again

As boas notícias não acabam com a captura de Saddam Hussein. O Catalaxia dá sinais de querer voltar ao activo. Força Rui!
posted by Miguel Noronha 12:04 da tarde

Capturado



Não tendo, de momento, grande disponiblidade para escrever sobre o assunto deixo aqui os links de alguns blogs que o fizeram (Jaquinzinhos, Valete Fratres!, Liberdade de Expressão e Dissect Leftism).

Queria ainda realçar a ambiguidade da posição daqueles que foram contra a invasão do Iraque mas que se regozijaram com a deposição e posterior captura de Saddam Hussein. São incapazes de realizar que foi a primeira que tornou possível as restantes duas.
posted by Miguel Noronha 12:01 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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