O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

sexta-feira, setembro 19, 2003

Genial

No Correio da Manhã Alberto Gonçalves disserta sobre a (proposta para) alteração da hora.

A grande questão é da ordem dos princípios. Os fusos horários, como as estações, o calendário gregoriano e a inabilidade política do dr. Ferro Rodrigues são convenções, mas convenções assentes em fenómenos naturais. O poder que o dr. Durão legitimamente exerce não se pode gabar do mesmo.

Alterar, a bel-prazer, os nossos relógios será óptimo para facilitar transações com o Luxemburgo. Deixaria, porém, a desagradável impressão de que o Governo aprecia meter o bedelho onde não é chamado, ou que, como se usa dizer, exorbita as respectivas competências. Se a hora for para a frente (nos dois sentidos) serve de aviso (a ambas as partes): estes ligeiros assomos de arrogância costumam esconder uma prepotência maior, que um dia, fatalmente, condenará o Governo e, entretanto, de alguma forma, lixou-nos.

posted by Miguel Noronha 6:06 da tarde

Manifesto Contra o Protecionismo

O Istituto Bruno Leoni, o Center for the New Europe e a Globalia estão a recolher assinaturas para o seu Manifesto contra o protecionismo.

Awareness of the inefficiency and injustice of customs tariffs has been at the heart of every economic theory since the time of Adam Smith. But in spite of the fact that there are those who talk about "unified liberal thinking", and about ideological myths from which the globalization adventure stems, we still live in a world of barriers and tariffs. The European Union, in particular, although it was born as a common area of free exchange, today imposes 15,000 customs duties against products of various origins. This is a series of economic measures which costs the life of 6,600 people every day in the Third World, as demonstrated by a recent report by the Centre for the New Europe. That means 275 deaths per hour. A man every 13 seconds, somewhere in the world, dies because of excessive protectionism and insufficient globalization. If Africa could increase its world exchange quota by just one per cent, that would yield ? 70 billion more per year -- enough to pull 128 million people out of poverty. Notwithstanding that, and despite the important world trade organization meeting in Cancun, Mexico, here in Italy we hear only voices in favour of limited trade - and those voices are piped through many channels. As a stratagem to reinforce our competitiveness, we have come up with the institution of new anti-Asian tariffs. Instead of applying pressure on the Chinese government for the elimination of import barriers that prevent the entrance of our products, we would like to follow its model and pave the way to a "tariff war" that could preclude us from getting into the largest market in the world. As intellectuals, as entrepreneurs, as politicians - but especially as people - let's say "no" to a policy that endangers the lives of fellow humans and that prohibits Italian consumers form benefiting from good products at a low price. Free exchange is the premise for peace. The 1900s have demonstrated what happens when this or that national selfishness comes first. Our wish is that history does not repeat itself


Para adicionarem o vosso nome a esta petição enviem um mail para: noalprotezionismo@cne.org
posted by Miguel Noronha 5:47 da tarde

Os Partidos e a Sociedade

No DN de hoje Manuel Villaverde Cabral passa um quase-atestado de óbito aos partido políticos.

A sua tese baseia-se, principalmente, na "traição" do PT (e de Lula) após vencer as eleições e no recente referendo na Suécia em que os movimentos que apoiaram o "não" foram, não partidos políticos mas, movimentos apartidários.

Antes de mais queria referir que considero os exemplos de MVC faláciosos.

A "traição" de Lula não difere da de outros partidos noutros países que ganham as eleições com base num programa populista (e despesista). A realidade económica não se compadece, no entanto, com as teorias políticas igualitaristas. Perante este axioma só restam duas alternativas ao governo eleito: ou cumpre as suas promessas eleitorais tornando-se responsável pelos seus nefastos efeitos a médio/longo prazo (um bom exemplo desta opção são os governos de António Guterres) ou opta por aceitar a realidade. Não creio que Lula se enquadre perfeitamente no segundo caso embora reconheça que, felizmente para o povo brasileiro, em muitos casos não foi seguida linha da ala mais radical do PT.

Não constituindo a "traição" (como lhe chama MVC) das promessas eleitorais um caso novo esta será julgada pelo eleitores em futuras eleições como sempre sucedeu.

O caso sueco é inteiramente diferente. Nos países escandinavos é comum que nas eleições e referendos referentes à UE a oposição a esta se reuna em movimentos apartidários. O seu objectivo é no entanto uma "single issue" não fazendo sentido a sua transformação em partido político onde os horizontes de intervenção são mais alargados.

De referir que o mesmo sucedeu em Portugal com os recentes (e até agora únicos) referendos acerca da regionalização e do aborto.

A existir um divórcio entre o eleitorado e os partidos políticos (e refiro-me especificamente ao caso português) a razão encontra-se no processo de escolha dos eleitos. A votação em listas distritais em que (na maior parte dos casos) a escolha do cabeça-de-lista é da inteira responsábilidade dos orgãos nacionais do partido ainda para mais com a agravante de estes serem alterados de eleição para eleição é a verdadeira causa. O melhor método para repor a proximidade será a adopção de circulos uninominais.

Nota: Esta opção foi recentemente discutida por vários blogues (entre os quais o Catláxia, o Fumaças, o Faccioso, o Epicurtas e o Veto Político))

Embora não o refira esplicitamente a solução defendida por MVC resido nos chamados novos movimentos sociais (quase todos agupados no FSP). Confesso que me custa a compreender como se pode conferir a estes uma representatividade superior à maioria dos partidos políticos. Como se pode conferir representatividade a organizações cuja aceitação pelos eleitorais não está medido?

A terminar o artigo MVC "remata" com o seguinte parágrafo:

Ora, o défice democrático não só não é exclusivo da União Europeia, como equivale ao declínio do próprio sistema representativo. Em todo o caso, é lícito começar a perguntar se os partidos políticos não serão instituições demasiado arcaicas e grosseiras para representar e gerir sociedades tão complexas como as nossas
.

Torna-se claro (para quem andava distraído) que para MVC as sociedades necessitam ser geridas. A sua aposta é claremente num modelo planificado. A solução nomalmente apontada é que os poderes de planificação sejam conferidos a técnicos. Normalmente seres superiores que afastados do "jogo sujo da política" resolveriam todos os problemas da sociedade a regra e esquadro.

A solução que MVC deixa antever não difere muito do modelo da UE que o próprio considera causar um "défice democrático".

A verdadeira solução para este "problema" reside não em mais estado mas na solução inversa. A resolução dos problemas da "complexidade da sociedade" deve ser deixada aos próprios cidadãos que, através das suas escolhas individuais, chegam a melhores resultados que os planificadores.


posted by Miguel Noronha 11:49 da manhã

Liberdade na Educação

No Público Fernando Adão da Fonseca defenda a liberdade dos pais na escolha da escola dos filhos.
posted by Miguel Noronha 9:28 da manhã

quinta-feira, setembro 18, 2003

Massagem no Ego

O Intermitente acaba de ser listado no EuroPundits!
posted by Miguel Noronha 8:55 da tarde

Notas Breves

1. Parabéns Charlotte!!

2. Quando é que o João Pereira Coutinho inaugura a sua página?
Pede-se ao Alberto Gonçalves o favor de o apressar...

3. Caso BBC vs Tony Blair: o fim de Andrew Gilligan (no Valete Fratres)

4. (Excesso de) sensiblidade e (falta de) bom senso: a entrevista de Maria João Pires na TSF (no Jaquinzinhos)
posted by Miguel Noronha 2:21 da tarde

He's Back!

Voltou O Comprometido Espectador!
posted by Miguel Noronha 11:54 da manhã

A "Ameaça" Transgénica pt II

O Faccioso levanta alguma duvidas acerca do meu post em que contestava um artigo no JN de Heloisa Apolónio e de Maria João Guerra.

Diz o António Torres:

No final de toda a argumentação, parece-me que aquilo que importa não será provar-se o perigo dos transgénicos, mas sim, provar-se que são realmente inócuos para o Homem e para a Natureza.
E sobre esta prova, já ouvi cientistas apresentarem as maiores dúvidas.


Nenhuma cultura agrícola é "inócua" para o meio envolvente. Diria até mais: em sistemas abertos somos sempre influenciados por qualquer decisão do(s) nosso(s) vizinho(s).

Nesse ponto porque não questionar também a agricultura "tradicional" que usa pesticidas e a agricultura "biológica" que usa tóxicos naturais para combater as pragas. Ambas as intervenções vão afectar o meio envolvente. Uma das grandes vantagens dos OGM's é a dispensa destes meios de controlo de pragas.

Por outro lado não serão as pragas que "atacam" as colheitas um agente natural? Ao procurarmos extermina-las não estaremos a criar um qualquer desiquilíbrio na natureza? E ao escolhermos plantar uma qualquer espécie num determinado local não estaremos a produzir uma alteração no meio ambiente?

O parágrafo anterior apenas serve para levantar a seguinte questão. Toda a a acção humana, incluindo aquelas que agora são apelidadas de "tradicionais", provoca uma alteração no meio envolvente. Porquê colocar uma tão grande (e alarmista) ênfase nos OGM's?

Parece-me que o argumento do combate à fome é demagógico e nada inteligente.
O problema da fome não tem estado ligado à escassez de alimentos no Mundo mas ao facto de haver muito Mundo sub-desenvolvido.
E sub-desenvolvido, há que dizê-lo, numa grande medida pelo tempo que se tem perdido nas ?experiências socias? de inspiração marxista e pelo que tem custado o contrariar destas ?inspirações? em capitais, esforços e vontades não investidos no desenvolvimento.
Mas neste caso, alguém acredita que um sub-sariano poderia ?comprar? alimentos transgénicos, mesmo sendo baratos ?


Como eu referi no meu post o principal problema da fome no terceiro mundo são as barreiras alfandegárias e os subsídios agrícolas praticados pela UE, EUA e Japão. Estes impedem os primeiros de competir com os segundos numa área em que poderia ter vantagens comparativas para além de nos condenarem a pagar mais caro pelos produtos agricolas.

As ajudas financeiras com que o bloco ocidental tenta combater os problemas do Terceiro Mundo criam aliado à corrupção generalizada (que os subsidios alimentam) não só não resolvem o problema como impedem que estes resolvam o problema da fome e do subdesenvolvimento.

A solução realmente não passa pelos OGM's. A receita é a economia de mercado e o livre comércio.

É claro que os beneficios destes podem (e devem) ser aproveitados tanto pelos agricultores do Primeiro como do Terceiro Mundo.

O argumento de que ?se não se viu mal, quer dizer que não há problema?, parece-me também bastante temerário e mesmo irracional.
Num campo em que depois de entrarmos, e correndo mal as coisas, não fosse possível fugir ao caos, diz a prudência que devemos esperar.
Parece-me lógico pensar desta forma.


A cultura dos OGM's é praticada desde 1986 e ocupa uma área de cerca de 150 milhões de hectares (com um crescimento anual de 5.5 Mh). Até agora não foram dectetadas quasquer problemas, resultantes destas culturas, que para a saúde humana quer para o meio ambiente. Quanto mais tempo teremos de esperar?


Para terminar repito o que já tinha dito no post original: será lícito que 71% dos europeus possam limitar a escolha dos restantes 29%? E, volto a frisar, tenho dúvidas quanto à veracidade destes números...
posted by Miguel Noronha 11:49 da manhã

Castro's time is up

De um editorial do Daily Telegraph sobre o regime castrista a propósito da carta dos três ex-presidentes.

Neither embargo nor engagement has broken Fidel Castro's hold over Cuba. During a period when Latin America's polity has changed dramatically, that should give both the US and the EU pause for thought. The difference between their views, though narrowed by fiercer oppression in Havana, has still to be bridged. But that should not stop them from combining in condemnation of dictatorship.

There is still a tendency in Europe to regard "Fidel" as the romantic hero of the Sierra Maestra. In fact, while posing as David to America's Goliath, he is a bully who has dismally failed his people. The east European provenance of our three correspondents suggests that a comparison with a Soviet leader such as Leonid Brezhnev would be more apt.

posted by Miguel Noronha 9:39 da manhã

Manifesto Pela Democracia em Cuba

Os ex-presidentes Vaclav Havel (Républica Checa), Lech Walesa (Polónia) e Árpád Göncz (Hungria) assinam o Cuba livre!.

Há exactamente um ano, o regime de Fidel Castro prendeu 75 representantes da oposição cubana. Mais de 40 coordenadores do Projecto Varela e mais de 20 jornalistas, juntamente com outros representantes de movimentos pró-democracia, foram parar à cadeia. Em julgamentos encenados, todos eles foram condenados a penas de prisão que vão dos seis aos 28 anos - apenas por terem ousado expressar uma opinião diferente da oficial.

No entanto, a voz de cubanos com um pensamento livre está a fazer-se ouvir cada vez mais alto, e é precisamente isso que mais deve preocupar Fidel Castro e o seu Governo. Apesar da omnipresença da polícia secreta e da propaganda do Governo, milhares de cubanos manifestaram já a sua coragem ao assinar o Projecto Varela, que se baseia na Constituição e pretende organizar um referendo sobre a liberdade de expressão e de associação, a libertação de presos políticos, a liberdade de imprensa e a convocação de eleições livres. Apesar disso, e no melhor dos casos, o regime cubano ignora o Projecto Varela e outras iniciativas, e no pior dos casos persegue esse tipo de iniciativas.

A última onda de confrontos, acompanhada de vários ataques antieuropeus por parte da representação política de Cuba, só pode ser considerada como uma manifestação de fragilidade e desespero. O regime está a perder fôlego da mesma forma que o perderam os líderes dos países para lá da Cortina de Ferro no final da década de 80. A oposição interna está a ficar mais forte e mesmo os raides de Março não conseguiram fazê-la ajoelhar-se. Os tempos estão a mudar, a revolução está a envelhecer juntamente com os seus líderes, o regime está nervoso. Fidel Castro sabe muito bem que virá o dia em que a revolução definhará juntamente com ele.

Ninguém sabe ao certo o que acontecerá nessa altura. No entanto, quanto mais claro ficar em Bruxelas, em Washington, no México, entre os exilados e entre os cidadãos cubanos, que a liberdade, a democracia e a prosperidade de Cuba dependem do apoio que for dado à dissidência cubana, maiores serão as possibilidades da futura transição pacífica da sociedade cubana para a democracia.

Hoje, o mundo democrático tem a obrigação de apoiar os representantes da oposição cubana independentemente do tempo que os estalinistas cubanos se mantiverem no poder. A oposição cubana deve sentir o mesmo apoio que sentiam os representantes da dissidência política na Europa, dividida até há pouco tempo. Respostas de condenação devem ser acompanhadas de medidas diplomáticas concretas procedentes da Europa, América Latina e EUA e podem ser uma forma idónea de pressão contra o regime repressivo de Havana.

Não se pode afirmar que o embargo norte-americano contra Cuba tenha produzido os frutos pretendidos, nem se pode dizer o mesmo da política europeia, que tem sido de certa forma diligente com o regime de Cuba. É preciso deixar de lado as discrepâncias transatlânticas relativas ao bloqueio a Cuba e centrar-se no apoio directo aos dissidentes e aos presos de consciência e suas famílias. A Europa deveria manifestar claramente que Fidel Castro é um ditador e que uma ditadura não pode ser um interlocutor de países democráticos até dar início a um processo de liberalização política.

Ao mesmo tempo, os países europeus deveriam criar um "fundo democrático cubano" de apoio à emergente sociedade civil cubana. Este fundo estaria pronto para ser empregue imediatamente em caso de mudanças políticas na ilha.

A recente experiência europeia de transição pacífica da ditadura para a democracia, quer se trate do exemplo de Espanha, ou posteriormente dos países da Europa Central, serviu de inspiração à oposição cubana. Precisamente por isso, a Europa, recordando as suas próprias experiências, não deveria vacilar neste momento. É a própria história da Europa que a isso obriga



Ainda no Público de hoje "Seis Dissidentes Cubanos Condenados em Abril em Greve de Fome"
posted by Miguel Noronha 9:11 da manhã

Importa-se de Repetir?

Do artigo de Miguel Portas no Diario de Notícias:

O recente voto sueco revela a persistência de uma aliança nacional de classes que prefere o Contrato Social à desregulação neoliberal que impera na União Europeia


Quem me dera que a "desregulação neoliberal" imperasse na UE. Infelizmente a realidade (e a tendência) é bem diferente do que afirmaMiguel Portas...
posted by Miguel Noronha 8:35 da manhã

quarta-feira, setembro 17, 2003

Negócio da China

Na NRO, Bruce Bartlett, desmistifica a questão de subvalorização do yuan face ao dólar.


[I]t is worth remembering that if the yuan is truly undervalued against the dollar, then it is like giving every American a 40 percent discount card on everything made in China. Our real incomes are higher in terms of what they will buy because of the Chinese policy. Instead of complaining, we should all be grateful.

Of course, there are those who will point to jobs in the U.S. that have been lost due to competition from Chinese imports. But is this really a sensible rationale for putting tariffs on Chinese goods, as Sen. Charles Schumer (D., N.Y.) proposes? If Wal-Mart suddenly decided to cut the prices on all its goods by 40 percent, would Sen. Schumer endorse a tax on Wal-Mart because Target was losing jobs? I think not, but the analogy is accurate.

Even if Sen. Schumer's 27.5 percent tariff is imposed on Chinese goods, it is not necessarily going to restore any American jobs. In all likelihood, companies now importing from China will just buy from the next-cheapest producer, which may be Korea, Singapore, Mexico, or someplace else. They are not going to start manufacturing here the goods that are now being imported from China unless we put high tariffs on imports from everywhere.

posted by Miguel Noronha 2:47 da tarde

Neófito pt II

Uma adição de peso à blogosfera liberal: o Adam Smith Institute Weblog!
posted by Miguel Noronha 9:26 da manhã

Neófito

O Vitamina C anuncia-nos a sua chegada à blogosfera.
posted by Miguel Noronha 9:08 da manhã

terça-feira, setembro 16, 2003

A "Ameaça" Transgénica

O JN publica hoje um artigo de Heloisa Apolónia (HA) e Maria João Gonçalves (MJG) (ambas do PEV) intitulado "Livrem-nos dos transgénicos".

O protocolo de Cartagena, subscrito pela União Europeia, determina que em caso de risco para a biodiversidade, a importação de OGM pode ser recusada. Os EUA , Canadá e Argentina queixaram-se à Organização Mundial do Comércio porque a União Europeia mantém uma moratória que impede novos transgénicos no mercado europeu. A União Europeia está em vias de levantar a moratória e simultaneamente quer recusar a qualquer Estado-Membro a liberdade de optar pela não produção e comercialização de transgénicos. O Tribunal Europeu aceita o impedimento de comercialização de transgénicos, se houver riscos para a saúde. E assim vão os interesses em relação aos Organismos Geneticamente Modificados (OGM).


Que eu tenha conhecimento, até agora, ainda não foram apresentadas provas do perigo do trangénicos. Nos países que já os utilizam ainda não foi detectada nenhum risco para a saúde pública. Só posso concluir que a existência da moratória se deve a razões políticas.

De acordo com estudos realizados à escala europeia, 71% de cidadãos dos diferentes Estados da União rejeitam os OGM.

Então, se a maioria das pessoas não quer OGM, afinal a quem serve a introdução e generalização no mercado desses produtos transgénicos?


Não querendo colocar em causa os números apresentados questiono a legitimidade dos 71% restrigirem a liberdade de escolha aos restantes 29%.

A resposta, essa, é unânime - servem o interesse económico das multinacionais do sector agro-alimentar, que, para além do controlo que hoje já detêm sobre a distribuição e comercialização de alimentos, pretendem ir mais longe e dominar também as sementes e a produção agrícola.


A resposta está bastante incompleta. Os trangénicos servem igualmente os interesses dos agricultores que podem beneficiar de culturas mais resistentes às pragas e com maiores rendimentos o que lhes porporciona maior lucro. Poderão também beneficiar os consumidores ao proporcionarem produtos agricolas mais baratos.

Se HA e MJG não quiserem estes beneficios estão no seu direito. Não podem é pretender limitar os direitos dos restantes agentes económicos.

É evidente que depois procuram encapotar os seus interesses económicos com argumentos aliciantes, e utilizam o combate à fome como um deles. Isto é por demais hipócrita, quando os países desenvolvidos ou estruturas internacionais como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial que têm recusado atingir os níveis definidos nas cimeiras da FAO ou na Conferência do Rio, para as ajudas ao desenvolvimento, entre floreados discursos de solidariedade e cooperação, acentuam modelos económicos que defendem exclusiva ou prioritariamente os seus interesses e não o equilíbrio de desenvolvimento dos países no mundo.

Como é que se pode combater a fome no mundo, enquanto a perspectiva for a da dependência da produção alimentar em relação a alguns países desenvolvidos ou enquanto a perspectiva for a da caridade, desde que com lucro para as multinacionais, claro? A fome combate-se com uma questão fundamental que a lógica dos OGM recusa: a soberania alimentar dos povos!


Através dos bebefícios descritos no parágrafo os trangénicos podem efectivamente trazer benefícios para o "combate à fome".
No entanto, como alter-globalistas militantes HA e MJG, esquecem-se de mencionar que o verdadeiro problema reside nas barreiras alfandegárias e nos subsidios agricolas que impedem o "terceiro mundo" de competir com o "primeiro mundo" e desta forma liberta-los (e libertar os nosso agricultores) da subsidio-dependência.

Para além disso, argumenta-se, face à incerteza e às muitas contradições que existem em relação à dimensão real dos impactos para a saúde decorrentes da ingestão de alimentos contendo OGM, que o direito de opção dos consumidores fica assegurado por via de uma rotulagem que indique se aquele produto contém ou não OGM.

Mas, desde logo, é preciso ter consciência que a agricultura não é uma actividade confinada a espaços fechados ? não se faz agricultura em laboratórios. Obrigatoriamente uma cultura com OGM irá interagir e contaminar culturas tradicionais/biológicas de campos vizinhos. O vento, os insectos, o escoamento de águas conseguem transportar sementes e grãos de pólen a grandes distâncias, e rapidamente os OGM estarão disseminados, contribuindo, também, para a perda de biodiversidade.


Volto a frisar que não existem provas de que a "contiminação" de que falam HA e MJG seja prejudicial para qualquer ser vivo e a não ser que o nosso habitat seja protegido por uma redoma de vidro seremos sempre "afectados" pelas acções dos nosso vizinhos. Afirmação como esta não passam de puro e infundado alarmismo.

E quem hoje já domina a distribuição e a comercialização de produtos, oferecendo até marcas diferentes, oriundas da mesma empresa, não pode falar em direito de escolha e de opção porque só oferece ao consumidor aquilo que quiser.

Tanto mais que as multinacionais conseguiram até impor que, para efeitos de rotulagem, existam percentagens admissíveis de contaminação, para aquém das quais a informação ao consumidor não é exigida.

Os OGM tendem sempre, pois, a ser uma imposição e não uma opção, nem para os agricultores que dependerão das multinacionais do sector e não das necessidades de produção do seu país, nem para os consumidores que terão cada vez menos hipótese de adquirir produtos livres de OGM


Tenho para mim que o aumento da oferta significa mais opções para o consumidor e não menos poder de escolha. A decisão final pertence sempre ao consumidor e não, como pretendem HA e MJG ao PEV ou a qualquer eurocrata em Bruxelas. Se as autoras realmente acreditam que 71% dos europeus "rejeitam" os trangénicos diria que existe um grande mercado a ser explorado por quem se dedica às agriculturas "tradicional" e "biológica" mas parece que nem elas acreditam na veracidade desta número...

Os ecologistas são muitas vezes criticados e apelidados de fundamentalistas pelo combate que têm feito à procura de imposição de OGM. Tal como éramos criticados em relação às preocupações com as alterações climáticas, que afinal já têm efeitos visíveis tão acentuados! É que nós ecologistas não somos submissos aos interesses económicos das multinacionais, nem somos conformados por aquilo que nos querem impingir como inevitabilidades, nem queremos que façam de nós e de todos "gato, sapato". Por isso queremos, por precaução, um mundo livre de OGM


Eu diria que este artigo é um bom exemplo do "fundamentalismo" ecologista...

posted by Miguel Noronha 4:33 da tarde

Kyoto on Mars

O aquecimento global em... Marte!! pelo Valete Fratres.
posted by Miguel Noronha 2:54 da tarde

EU and US let down farmers in poor nations

Um artigo de Johan Norberg no Taipei Times [nota: este artigo foi publicado antes da conclusão da cimeira de Cancun]

(...)

Contrary to popular perception, the 1999 trade meeting in Seattle didn't fall apart because of protests. It collapsed because developing countries faced demands for environmental and labor standards without getting, in return, increased market access. If that happens in Cancun, developing countries may drop out of the trade talks. This would be a shock to the multilateral trade system. And it could end the wave of economic and political liberalization that has made life better in many parts of the world.

(...)

Some of the same is happening today and many poor countries feel betrayed. They were promised progress if they liberalized. But when they did, they weren't allowed access to the world economy. We dumped our subsidized goods in their countries. But they weren't allowed to export their goods to us. Brazilian President Lula da Silva has said that all his country's efforts and exports are useless "if the rich countries continue to preach free trade on one side and practice protectionism on the other side." South African President Thabo Mbeki has said that there is a real threat of famine in Africa, because of Western protectionism: "It remains an inexcusable shame."

We do not make friends with these double standards. Instead, anti-American and anti-Western movements surface. According to polls, globalization and trade are popular with the world's poor, but the rich countries and their policies are unpopular. So, in the end, many will dismiss the free market because they never see it in practice.
posted by Miguel Noronha 12:03 da tarde

O Fracasso da Cimeira de Cancun

Artigo de José Manuel Fernandes no Público:

(...)

São muitos os culpados deste fracasso, incluindo alguns países pobres que, no domingo, bloquearam qualquer avanço nos chamados "temas de Singapura", um conjunto de normas que estão a ser discutidas desde 1996 e que visavam criar regras mais transparentes de governação - e menos susceptíveis à corrupção - nos países em desenvolvimento. Mas não nos devemos enganar: a culpa principal recai sobre os países desenvolvidos, em especial a União Europeia, os Estados Unidos e o Japão

(...)

Trata-se de posições politicamente insustentáveis.

No caso americano, estamos perante uma enorme incoerência política, já que um Presidente que se afirma defensor do livro comércio insiste numa política proteccionista tão ou mais grave da que o levou a tarifar as importações de aço para proteger uma indústria americana decadente. O cálculo político de curto prazo com eleições no horizonte mostram que, para George W. Bush, os votos de uns milhares de agricultores valem mais do que os princípios que invoca.

No caso europeu também existe uma tremenda contradição entre as palavras e os actos: uma Europa que gosta de se apresentar como paladina dos direitos dos mais fracos não pode ao mesmo tempo subsidiar cada vaca com cerca de dois dólares por dia quando, em África, metade da população sobrevive com menos de um dólar por dia.

(...)

posted by Miguel Noronha 10:00 da manhã

segunda-feira, setembro 15, 2003

Destabilização Monetária

Recomendo a leitura do post "Estabilizar Destabilizando" de Luís Aguiar Santos Causa Liberal acerca do número de Agosto da revista "Economia Pura".

Um pequeno comentário. Se um dos problemas da deflação é o adiamento das decisões de consumo com a inflação o temos o perigo inverso (ie as decisões de consumo são antecipadas por forma a minimizar a perda do poder aquisitivo do dinheiro). Se se considera que uma taxa de inflação de 1 a 3% não conduz à antecipação das decisões de consumo pergunto-me porque se vê numa deflação da mesma ordem o perigo inverso?
posted by Miguel Noronha 4:24 da tarde

A Imigração

A propósito do comentário do Abrupto ao discurso anti-imigração de Paulo Portas (também já comentado pelo Valete Fratres) relembro o estudo publicado pelo Alto Comissariado Para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME).

Segundo este estudo quer em Portugal (2001) quer em Espanha (1996-1998) a imigrantes foram contribuintes liquidos. O ACIME estima este contributo em 323.605 m? o que corresponde a uma contribuição de cerca de 1392 ? por cada imigrante legalizado.

O ACIME estima ainda que os cerca de 50.000 mil ilegais "correspondem a um desperdício do
Estado em 10,4 milhões de contos
" (dado não realizarem os descontos legais).

Relembro ainda a posição de Julian Simon (já aqui há tempos referida). Os imigrantes constituem uma mais-valia para um país dado que são (em certos casos) um fonte de mão-de-obra qualificada, diminuem a pressão inflacionista por via salarial e constituem a nossa melhor garantia de renovação geracional (dadas as taxas negativas de crescimento populacional).
posted by Miguel Noronha 1:03 da tarde

Anna Lindh

Jens-Peter Bonde relembra Anna Lindh a MNE sueca assassinada recentemente.

"Anna Lindh, the Swedish Minister of Foreign Affairs, fought sincerely for openness in the EU. During the Swedish EU Presidency in the Spring of 2001 we developed a close co-operation as she was unable to make herself heard in dealing with Spain, France and Portugal and needed support in the European Parliament. I got to know Anna as an upright politician who gained my respect - even when we could not agree.

Anna paid with her life for the citizens' free access to Nordic politicians. Knowing the risk she still safegarded the principle of openness. That principle is so precious that we will honour her memory best by realising that a politician is also a human being, who should be allowed to go shopping or take a bus and talk to people without personal protection. Should this proximity between the elected and the electorate be lost, the dreadful assassin will not only have killed a great politician - but the lifeblood of Nordic democracy itself."

posted by Miguel Noronha 12:03 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

mail: migueln@gmail.com