O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

sábado, agosto 23, 2003

JULIAN SIMON E OS LEILÕES

Julian Simon foi um dos maiores economistas do Séc. XX. Os seus contributos para a economia da população, da imigração e dos recursos naturais são únicos. Hayek endereçou o seguinte cumprimento a Julian Simon:
"I have never written a fan letter to a professional colleague, but to discover that you have in your Economics of Population Growth provided the empirical evidencefor what is the result of a life-time of theoretical speculation, is too exciting an experience not to share with you..."
E ainda:
"I have now at last had time to read [The Ultimate Resource] with enthusiastic agreement..."

Um artigo recente na Techcentralstation, relembra um outro contributo "menor" de Julian Simon: a resolução do problema do "overbooking" através da teoria dos leilões:
"Julian was the developer of one of the best known auctions there is, even if most people don't realize it. The auction Julian designed is used to get excess passengers off overbooked airlines. As an economist, he developed an interest in this when he found out that stewardesses were putting elderly people off overbooked planes, on the assumption that they would complain less than younger ones. He had some memos from airline executives stating this policy.

He realized that some type of financial compensation to booted passengers was necessary, but how to arrange it? He came up with what I later called the reverse Dutch auction, although he never used the term.

...anyone who has ever flown has seen it in action. The announcement of overbooking is made, and the attendants offer a free ticket to those who depart. Usually, enough people rush forward that the overbooking is relieved within a minute. The attendants have the ability to offer free tickets, hundreds of dollars and other incentives if they can't get enough people to deplane. So the process is truly an auction, and works highly efficiently."

posted by Joao 2:17 da tarde

HELENA MATOS NO PÚBLICO: DAR ARGUMENTOS AO TERRORISMO...

"Quantas vezes, nos últimos tempos, temos ouvido esta expressão: "Isso é dar argumentos ao terrorismo"? Mas, afinal, o que é "isso"? ... "Isso" pode ser tudo o que signifique expressar aos grupos terroristas que há quem não esteja disposto a viver sob a sua tutela de terror."
Este tipo de argumento baseia-se na total inversão da responsabilidade moral pelas acções de cada um - as vítimas transformam-se em carrascos de si mesmas. No fundo, quem utiliza este tipo de argumentação, recusa o livre-arbítrio e a Liberdade individual e transforma cada indíviduo num fantoche nas mãos de quaisquer forças "sociais", "económicas", "políticas", "históricas".

Na opinião destes senhores, qualquer esforço de defesa contra os efeitos destas "forças", não só é contraproducente como se transforma na causa do ataque. Existe apenas uma solução: as ovelhas devem deixar conduzir-se ao matadouro, porque senão os carniceiros podem matá-las...
"...Esta expressão - "dar argumentos aos terroristas" - não só é um profundo embuste, como não faz qualquer sentido. As ideologias ou as religiões que sustentam espiritualmente os grupos terroristas dão-lhes inúmeros argumentos para actuar. Se alguma coisa não falta aos grupos terroristas, são argumentos. Os terroristas não são criminosos de delito comum. Não precisam dum móbil para o crime."
Este argumento é tão cristalino que aos olhos dos idiotas úteis se torna translúcido...quem tenha olhos que veja; quem tenha ouvidos que ouça; quem tenha cérebro que o deixe funcionar.

Basta ler e ouvir as declarações dos próprios terroristas ou contabilizar as vítimas dos seus ataques...
"... O móbil está nesta sociedade para cujo bem-estar contribuíram mais homens como Henry Ford do que Karl Marx. E para cuja liberdade é mais importante a palavra dos homens do que a palavra que alguns homens dizem ser de Deus, tenha esse Deus o nome que tiver. "
Estamos, de facto, no meio de uma guerra de civilizações: De um lado, encontram-se as sociedades abertas; do outro lado, encontram-se os seus inimigos...no meio encontram-se os idiotas úteis..."
"...À luz desta lógica institui-se o pressuposto que não há que combater os terroristas, mas sim evitar ofendê-los. Porque, caso não os ofendamos, eles não nos fazem mal. Aos escolhidos, claro."
Por muitas teorias e justificações que os advogados desta causa possam apresentar, o principal fundamento desta atitude é um sentimento: o medo; e por muitos adjectivos que estes senhores possam utilizar para se auto-descreverem, só um os descreve com justiça: cobardes.
"...igualmente à luz desta teoria há grupos ou povos que só por existirem irritam os grupos terroristas. É este o caso dos israelitas e dos norte-americanos para os fundamentalistas islâmicos. Sendo que nessa sua convicção acerca de Israel e dos EUA são os terroristas claramente corroborados por certos sectores da esquerda e da extrema-direita europeias. "
A aliança entre o terrorismo e a coligação vermelho-castanha explica-se de forma muito simples: um inimigo comum - as sociedades abertas.
"Os americanos estavam a pedi-las! - diziam a seguir ao 11 de Setembro. Dizem-no agora de novo, quando ouvem que mais um soldado norte-americano morreu no Iraque. Dizem-se solidários com índios, berberes, aborígenes. Flores e baleias em vias de extinção. Sofrem com os cães abandonados e as batatas trangénicas... mas, quando um autocarro cheio de israelitas explode, não se impressionam com o sangue - antes lhes parece que o suicida agiu daquela forma para protestar contra a existência de postos de controlo nas estradas."


posted by Joao 1:19 da tarde

FRIEDRICH HAYEK E O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA (IV): Conclusão

Em 1973, Hayek afirmou:
"After the end of the Second World War there occurred once more a temporary revival of liberal ideas, due partly to a new awareness of the oppressive character of all kinds of totalitarian regimes, and partly to the recognition that the obstacles to international trade which had grown up during the inter-war period had been largely responsible for the economic depression. The representative achievement was the General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) of 1948, but the attempts to create a larger economic unit such as the common market and EFTA also ostensibly in the same direction.”[3]

No entanto, as posições de Hayek anteriormente apresentadas são uma crítica directa aos excessos regulamentares e ao crescente centralismo e socialismo da União Europeia dos nossos dias. Simultaneamente, a proposta de Hayek traça o caminho de uma reforma liberal da UE...e das Nações Unidas

Esta proposta Hayekiana não se encontra entre as opções habitualmente discutidas (!) entre "federalistas" centralizadores e "anti-federalistas" (uma coligação onde se podem distiguir interesses opostos e muita vezes iliberais). Por esta razão, a federação liberal proposta por Hayek não se concretizará num futuro próximo. Mas fazendo coro com Hayek:
“when socialism and nationalism have combined - not only in name – into powerful organizations which threaten the liberal democracies…is it too much too hope for real liberalism, true to its ideal of freedom and internationalism?”



João A. Noronha


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[1] Friedrich A. Hayek, “The economic conditions of interstate federalism” in New Commonwealth Quarterly, V, nº2, September 1939, pp. 131-149

[2] Friedrich A. Hayek, “The Prospects of international order” in The Road to Serfdom, Cap. XV, 1944

[3] Friedrich A. Hayek, “Liberalism” in New Studies in Philosophy, Politics, Economics and the History of Ideas, 1973, pp. 119-151
posted by Joao 12:10 da manhã


FRIEDRICH HAYEK E O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA (IV): O Interstate Federalism é uma solução liberal

O esquema apresentado por Hayek é uma solução liberal.

Por um lado, Hayek fundamenta a sua posição nas aspirações e propostas dos autores liberais do séc. XIX - refere Tenyson e Sedgewick e cita Lord Acton:
“Of all checks and balances on democracy, federation has been the most efficacious and the most congenial. . . The federal system limits and restrains the sovereign power by dividing it and by assigning to Government only certain defined rights. It is the only method of curbing not only the majority but the power of the whole people.”

(Mais tarde, já nos anos 60, Hayek mostra-se um adepto entusiástico do federalismo americano e das prescrições dos Federalist Papers.)

Por outro lado, as regras da federação e a resultante concorrência entre empresas e administrações reduzem o poder económico dos Estados federados, obrigando-os a abandonar o tipo de práticas e políticas que ao longo do tempo tem sido combatidas pelos liberais (políticas de preços, restrições da oferta/ajudas a empresas, políticas monetárias activas, regulamentações de qualidade e de métodos de produção, políticas fiscais, etc...).

De referir, ainda, que a federação interestadual cria um conjunto de obstáculos à transferência dessas políticas para o nível Federal, nomeadamente, aumenta a dificuldade em encontrar padrões comuns e em justificar políticas intervencionistas apelando ao nacionalismo ou à ‘solidariedade entre vizinhos’.

Por último, submete o poder da autoridade internacional às restrições federais e ao Estado de Direito.


A visão de Hayek concretiza-se no que ele designa por uma Liga das Nações de dimensão mais reduzida – para garantir a sua eficácia -, integrando os países da Europa ocidental, numa primeira fase, e mais tarde os EUA.

O perigo de conflito entre este bloco e outros que entretanto surgissem , seria resolvido através de uma outra Liga de Nações (ou de blocos neste caso) mais numerosa e com laços de associação entre membros mais fracos.
posted by Joao 12:06 da manhã

sexta-feira, agosto 22, 2003

FRIEDRICH HAYEK E O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA (III): Porquê uma Federação

A atribuição deste tipo de poderes a uma autoridade internacional implica riscos, em particular para as nações mais pequenas.

De facto, não só esta autoridade internacional estaria sujeita aos incentivos que estiveram na origem da criação dos super-estados modernos, como neste tipo de organizações corre-se o risco dos membros mais fortes utilizarem o poder da autoridade internacional para subjugarem os países mais pequenos.

Por esta razão, Hayek propõe que esta autoridade internacional assuma a estrutura de uma federação.

O esquema federal, com as suas divisões e separações de poderes e checks and balances, é a forma de evitar os efeitos nefastos da concentração do poder, permitindo simultaneamente a manutenção das independências nacionais.

A federação aqui desenhada, nada tem a ver com os esquemas centralizadoras e penalizadores da independência nacional dos países pequenos que hoje em dia são apresentados sob o nome de federações.

Trata-se, pelo contrário, da federação exposta nos Federalist Papers; trata-se da federação que permite aos Estados Unidos da América serem hoje em dia o país mais livre e próspero do Mundo.
posted by Joao 6:05 da tarde

FRIEDRICH HAYEK E O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA (II): uma instituição supranacional que garanta a Paz

A proposta de Hayek tem um objectivo: assegurar a paz.

Ora, os conflitos militares entre os Estados resultam da inexistência de uma lei internacional - de um Estado de Direito Internacional - que regule as relações entre estes e da ausência de uma autoridade suficientemente poderosa para impor o cumprimento da referida lei.

Mas a causa destes conflitos são as fricções resultantes da interdependência entre Estados e do facto de determinadas intervenções estatais terem efeitos negativos nos países vizinhos. Por esta razão, a infra-estrutura institucional proposta por Hayek deverá também reduzir este tipo fricções.


Das funções de uma instituição supranacional que garanta a Paz

Hayek propõe então a criação de uma autoridade internacional que garanta a aplicação das regras do Direito Internacional e que promova a resolução de conflitos, assegurando desta forma a paz.

Por outro lado, a dimensão desta instituição supranacional dissuadiria qualquer comportamento agressivo por parte dos Estados não associados.

As funções desta instituição internacional seriam, naturalmente, a defesa e os negócios estrangeiros.

No entanto, Hayek conclui que estas funções pressupõem determinadas políticas económicas, e estas, como se verá adiante, exigem que esta entidade supranacional assuma funções na esfera económica.

Para Hayek, os conflitos internacionais resultam da existência de conflitos de interesses entre grupos. Devido à existência de barreiras alfandegárias e de regimes monetários autónomos, estes grupos são, em todas as situações, circunscritos e definidos pelas fronteiras nacionais.

Este facto provoca fricções entre países e facilita a utilização da força – a função primordial dos Estados nacionais é a defesa e a sua característica definidora é o monopólio de utilização da força – na resolução dos conflitos internacionais.

Caso não existissem as referidas barreiras alfandegárias, nem os diferentes regimes monetários que isolam as diferentes nações dos seus vizinhos, os conflitos entre grupos que inevitavelmente ocorrem numa sociedade livre seriam sempre entre grupos de configuração variável e temporária, existindo sobreposição de diferentes grupos de interesse dentro do mesmo território. Não se verificariam, assim, conflitos entre nações, eliminando-se o recurso aos exércitos nacionais.

É sobretudo por esta razão que Hayek considera que as políticas comerciais e monetárias e financeiras devem estar sob a alçada da autoridade internacional.

E é também pela mesma razão que a livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais deverá ser um dos objectivos da federação interestadual.

Este facto implica que a instituição supranacional vele pelo cumprimento destas regras. Hayek atribui, assim, a esta instituição o poder negativo de proibir aos Estados associados a prossecução de determinadas políticas e a criação de obstáculos que coloquem em causa este mercado comum. De outra forma, a coerência interna ficaria comprometida, os conflitos entre as comunidades de interesses nacionais agravar-se-iam e toda a infra-estrutura supranacional se desmoronaria no meio de conflitos intestinos.


Em síntese, para garantir a paz, Hayek atribui a uma organização supranacional os poderes mínimo necessários para preservar relações pacíficas entre Estados; os poderes do Estado liberal ultra-mínimo.
posted by Joao 6:04 da tarde

FRIEDRICH HAYEK E O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA (I)

“I make no apology for pointing out obstacles in the way of a goal in whose value I profoundly believe. I am convinced that these difficulties are genuine and that, if we don’t admit them from the beginning, they may at a later date form the rock on which all the hopes for international organization may founder. The sooner we recognize these difficulties, the sooner we can hope to overcome them. If, as it appears to me, ideals shared by many can be realized only by means which a few at present favour, neither economic impartiality nor considerations of expediency should prevent one from saying what one recognizes to be the right means for the given end”

“The central government in a federation composed of many different people will have to be limited in scope if it is to avoid meeting an increasing resistance on the part of the various groups which it includes.”

“a liberal economic regime is a necessary condition for the success of any interstate federation; it may be added, in conclusion, that the converse is no less true: the abrogation of national sovereignties and the creation of an effective international order of law is a logical consummation of the liberal program”.


Friedrich A. Hayek, 1939


“Who imagines that there exists any common ideals such as will make the Norwegian fisherman consent to forego the prospect of economic improvement in order to help is Portuguese fellow?”

Friedrich A. Hayek, 1944



Em Setembro de 1939, enquanto a Wermacht invadia a Polónia dando início à 2ª Guerra Mundial, Hayek publica “The economic conditions of interstate federalism” [1], no qual defendia o Federalismo interestadual como forma de assegurar a paz entre as nações.

Cinco anos mais tarde, em 1944, Hayek dedica todo o último capítulo do seu The Road to Serfdom às relações internacionais [2]. No contexto da sua crítica ao planeamento nacional e internacional, Hayek defende novamente a formação de uma federação entre Estados – Hayek designa-a agora por ‘Federal Union’ - como instrumento da promoção da paz.

Este Federalismo Inter-estadual, esta União Federal, é um remédio liberal para os males do Estado Moderno e para as suas consequências ao nível das relações internacionais.

É esta tese que de seguida se procura desenvolver.
posted by Joao 4:33 da tarde

GUEST BLOGGING

A partir de hoje e durante os próximos dias, estarei a tomar conta d'O Intermitente. O tema dos meus guest-posts será Hayek.

As opiniões que aqui serão expressas são da exclusiva responsabilidade do autor e não comprometem o Miguel, o dono deste Blog.

Se quiser ter uma ideia do tipo de posições por mim defendidas, visite este Blog. Caso não consiga encontrar no referido Blog a minha opinião sobre um tema concreto, assuma que eu defendo o seu pior pesadelo neoliberal.

João Noronha - Valete Fratres !

posted by Joao 4:31 da tarde

segunda-feira, agosto 18, 2003

Ultimo Acto

Antes de dar por (momentaneamente) encerrada a actividade bloguistica procedo a mais uma actualização de links.

Blogues nacionais:

Bloguitica Nacional
A Esquina do Rio
Faccioso

Blogues estrangeiros:

American Realpolitk
Dissecting Leftism
The Dissident Frogman

Publicações:

Political Theory Daily

Organizações:

Civitas
Foundation For Economic Education
Fraser Institute
Hoover Institution
Institute of Economic Affairs
Michael Oakeshott Association
Stockholm Network
posted by Miguel Noronha 3:20 da tarde

Férias

Depois de quase toda a blogosfera já ter gozado esse inaliável direito chega finalmente a vez d'O Intermitente.
Estarei de volta, em princípio, no final da semana que vem.

Fiquem bem.

posted by Miguel Noronha 2:10 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

mail: migueln@gmail.com