O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

sábado, abril 05, 2003

Demissões

Acordei hoje com a notícia de mais uma demissão ministrial.
Depois de ontem Isaltino Morais ter sido vitima de uma manchete do Independente hoje foi a vez de Valente de Oliveira, invocando razões de saúde.

Não me vou pronunciar para já sobre o ex-Ministro das Obras Públicas.

Sobre Isaltino Morais queria dizer o seguinte

Não é "pecado" ter dinheiro na Suiça. O "pecado" está na eventual não declaração de juros. A explicação do ex-Ministro não é realmente nada convincente. Mais valia que nada tivesse dito. Se ele julga que a sua continuidade no elenco ministrial lhe retirava credibilidade fez bem em sair. Não é de esperar que seja notada a sua ausência.

A dinâmica criada, especialmente desde os governos do Professor Cavaco Silva, que ao menor sinal de suspeita se peça a demissão do Ministro e que toda a oposição a acompanhe em coro é extremamente perigosa. O Ministro é julgado na praça pública sem hipóteses de defesa e inevitavelmente considerado culpado. Já bastas vezes esse "veredito" se veio a provar estar errado.

Um partido que na oposição pediu a "cabeça" dos Ministros do Governo anterior baseado nestas suspeitas não tem moralidade para invocar o contrário quando passa a ser Governo. Está criado um ciclo que mais que vicioso é extremamente perigoso.

A opinião pública entende que os governantes têm que ter uma moralidade acima de qualquer suspeita. Um princípio à partida correcto. O problema reside no facto dessas mesmas pessoas não observarem na a sua conduta a mesma rigidez moral que exigem ao outros. A sociedade não é uma entidade abstracta. É composta por todos e cada um de nós. Se a classe política emana da sociedade civil os seus princípios não serão melhores que os desta.

posted by Miguel Noronha 10:32 da manhã

sexta-feira, abril 04, 2003

Iraque ameaça usar «meios não convencionais» contra aliados

O ministro da Informação iraquiano, Saeed al-Sahaf, ameaçou as forças aliadas dizendo que o Iraque poderá usar «meios não convencionais» esta noite de sexta-feira em Bagdad.

Vocês acham que ele se está a referir "àquelas" armas que supostamente não existiam?

posted by Miguel Noronha 4:06 da tarde

Almas Gémeas

O que têm em comum Manuel Villaverde Cabral (MVC) e Hugo Chavez (HC)?

Ambos se queixam da autonomia do Banco Central e acham que este se devia guiar por critérios políticos.
No primeiro caso, num texto onde um MCV amargurado se queixa das cedências de Lula aos neo-liberais:

Alegando que se trata de medidas passageiras destinadas a relançar a economia e a atrair o investimento estrangeiro, a verdade é que adoptaram na prática as políticas e as promessas de reforma do anterior Governo. Não só aumentaram as taxas de juro, como apostaram tudo no sector exportador, em detrimento do mercado interno, sem sequer conseguir estancar a dívida. Em contrapartida, o aumento real do salário mínimo (cerca de 70 euros) foi reduzido a 1 por cento e a autonomia do Banco Central acaba de ser alargada, conforme exigiam os credores internacionais.

No segundo (e por sugestão do The Devil's Excrement):

"Chávez calificó nuevamente de 'salvajes' las actuales tasas de interés. 'Exijo al BCV que fije las tasas de interés a la banca nacional. El BCV no puede permitir que la banca siga cobrando intereses por encima de 50%, de 40%; no hay una razón para ello'"

Faço notar a conhecida e reputada sapiência económica de ambos os personagens...
posted by Miguel Noronha 2:30 da tarde

O Anti-Semitismo

No momento actual, o anti-semitismo tem uma particularidade totalmente nova. Já não se exerce em nome de uma visão racial da questão, como foi apanágio do nazismo e da extrema-direita. Hoje, é através da representação demoníaca do sionismo que se reconstitui a visão antijudaica. E esta visão é tanto mais perigosa, quanto ela se manifesta em nome dos direitos humanos. É em nome dos direitos do povo palestiniano que se libertam hoje as pulsões anti-semitas, passando assim despercebidas ou pelo menos impunes. ESTHER MUCZNIK

posted by Miguel Noronha 12:30 da tarde

A Madeira de Jardim

Segundo Público a Madeira preparou um projecto próprio de revisão constitucional.
Entre as várias propostas há três que merecem destaque.

Na primeira "Reivindica-se também para o parlamento regional o direito de definir o estatuto dos titulares dos órgãos regionais". A este respeito diz o articulado da Constituição:

Art. 117º Estatuto dos titulares de cargos políticos
1 Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelas acções e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.
2 A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, as consequências do respectivo incumprimento, bem como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades.
3 A lei determina os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, bem como as sanções aplicáveis e os respectivos efeitos, que podem incluir a destituição do cargo ou a perda do mandato


Pergunto-me que tipo de alterações pretende a Assembleia Legislativa Regional introduzir neste campo?

A segunda proposta visa passar para as regiões autonomas a "iniciativa legislativa em matéria do sistema eleitoral regional". Sem comentários...

Destaco em último lugar a proposta para a elimanação da norma que possibilta que os " órgãos regionais possam ser dissolvidos pelo Presidente da República, ouvidos a AR e o Conselho de Estado", por "actos graves contrários à Constituição". Isso seria, frisa-se no documento, "delito de opinião, marca dos regimes ditatoriais". Para não ficar "à mercê de qualquer hipotético abuso de poder pelo Estado", propõe que a dissolução só se justifique nos mesmos termos que para a Assembleia da República.

Não percebo como se pode confundir uma intervenção por "actos graves contrários à Constituição" com "um abuso de poder pelo Estado". Esta norma visa exctamente evitar abusos de poder por parte dos poderes regionais.

Dúvido que estas alterações encontrem eco na maioria parlamentar. E ainda bem...
posted by Miguel Noronha 12:02 da tarde

Prémio José Vítor Malheiros

Afinal o jornalista do Público tem seguidores.Ou será o contrário?
O Arab News já publicou vários artigos anti-americanos, pró-Saddam, que apresentam os factos de forma facciosos (não têm necessáriamente todas estas caracteristicas ao mesmo tempo). No entanto também publica artigos de interesse (várias vezes aqui referidos).
Mas este artigo que por sinal nem é escrito por um árabe é moralmente repugante.
posted by Miguel Noronha 11:02 da manhã

Uma Questão Extremamente Relevante

Manuel Alegre questiona militares fardados na televisão

Certamente ficou incomodado com análises dos militares fardados. Bem mais certeiras que as dos militares à paisana...
posted by Miguel Noronha 10:31 da manhã

Aviso à Nação



A musa Beth Gibbons cantará para nós hoje à noite no Coliseu.
Quem ainda não tem bilhete tivesse comprado antes...


posted by Miguel Noronha 10:04 da manhã

quinta-feira, abril 03, 2003

Correio dos Leitores pt II

O Gonçalo Pina volta à carga com a questão da Constituição europeia. Pergunta-me se devem existir ou não custos (a pagar) para um pais que decida sair da UE.
Eu respondo podem: existir. E se o país for um contribuinte liquido? Nesse caso terá fundos a reaver?

Parece que não percebeu que a questão reside no resto do artigo:

The Commission shall conduct the negotiations in consultation with the Council in accordance with directives given to it by the Council. The agreement shall be concluded for the Union by the Council, acting by a majority of two-thirds of its members after obtaining the assent of the European Parliament. The Member State leaving the Union shall not participate in the Council decisions on the negotiation and conclusion of the agreement.

O que transforma a opção de saída numa questão política a ser decida pelos restantes estados membros.

Para terminar acho que podemos manter a questão de forma séria se seguir alguns preceitos. Primeiro não diga "porra" nos mails. Segundo não me filie em partidos. Terceiro e ultimo nunca infira pelos posts o estado de excitação dos restantes bloggers.
posted by Miguel Noronha 8:25 da tarde

Correio dos Leitores

O Manuel Pinheiro (do De Direita) chama-me a atenção para dois artigos publicados no seu blog (ambos intitulados "O Mito de Dick Chiney" - parece haver problemas com os permalinks). Estes vêm ao encontro de outro aqui publicado em que tecia considerações acerca do "nojo" que o Professor Fernando Rosas sente aos politicos com passado empresarial.

Parece que para certas pessoas para um governante deve estar absolutamente desligado do mundo real. Só são aceites admissões de pessoas com passado político ou academico. Custa-lhes a compreender que um gestor que já deu provas no mundo empresarial oferece mais garantias na gestão da "coisa pública". Mas para eles o lucro é sinónimo de roubo e não de sucesso.

Quanto à questão dos impostos está enganado num ponto. Há quem sugira que eles se extigam não completamente mas o suficiente para o estado garantir as suas funções de soberania. Penso que nesse ponto o Valete Fratres! poderá responder de forma mais completa.

Na questão dos fundos estruturais duvido que estes tenham tido a importância que lhes atribui na estruturação do tecido empresarial. Também ainda não li o artigo da Economist mas quando o fizer prometo voltar ao assunto.

Saudações bloguitas (não confundir com bloquistas)



posted by Miguel Noronha 7:51 da tarde

A questão europeia

O blog Venda-se queixa-se dos posts que aqui foram produzidos contra os Fundos Estruturais e a futura Constituição Europeia.

Quanto aos fundos estruturais não retiro uma virgula ao escrevi. Conheci bastante bem os organismos publicos que fizeram a aplicação desses fundos e várias instituições que delas "beneficiaram".

No respeitante à Constituição Europeia chamo a atenção para o artigo 103 do título IX dos Principio (pag 55) do draft que foi apresentado.

Para terminar pedia-lhe que não me increvesse em nenhum partido ou associação. Enquanto não terminar a minha avença com a CIA estou impedido de assumir quaisquer outros compromissos.


posted by Miguel Noronha 12:47 da tarde

Infâmia!

O Professor Fernando Rosas produziu mais uma artigo no seu, já habitual, estilo apócaliptico.

Queixa-se da "intimidade promíscua da Administração Bush com a indústria de armamento (32 dos mais altos funcionários do Governo foram empresários ou dirigentes das grandes empresas do sector!) ou do petróleo (o que envolve o próprio Presidente e o vice-Presidente Dick Cheney"

Em Portugal isto nunca poderia suceder. Normalmente os membros do Governo são escolhidos do rol de funcionários do partido. São político de carreira cuja actividade profissional foi preterida há anos pelas cómodas cadeiras de São Bento ou das sedes partidárias.

Quaisquer ligações com o pérfido mundo empresarial são, deste modo, salvaguardadas.
posted by Miguel Noronha 12:25 da tarde

Desinformação (via ParaPundit)

Um jornalista russo analisa as notícias vindas a público sobre as dificuldades logisticas da coligação aliada e chega a uma supreendente (e no entanto óbvia) conclusão:

In his famed book "The Art of War," Chinese general Sun Tzu wrote 2,500 years ago: "War is all deceit. If you can do something, make the enemy believe you cannot; if you are close, pretend you are far away." Last week in Iraq both sides were playing Sun Tzu to the limit: The allies faked weakness and disarray, the Iraqis faked strength and confidence

The U.S. and British allies also had a good reason to cheat. By faking weakness and portraying an inability to make a decisive push for overall victory without weeks of preparation and reinforcement, the U.S. military command apparently hoped to trick the Iraqis into keeping their best units in the field rather than withdrawing immediately to Baghdad, where defeating the Republican Guard would come at a higher cost

Esta teoria parece ser comprovada pelo rápido avanço das tropas americanas verificado nos ultimos dois dias.
posted by Miguel Noronha 10:33 da manhã

Protesto internacional dirigido a Fidel Castro

Faço aqui o meu mea culpa. A comunicadade religiosa-politico-cultural também se mobiliza por causas justas.
O motivo é a recente vaga de prisões que atingiu um largo número jornalistas e opositores cubanos.
O movimento que congrega várias personalidades internacionais que varrem todo o espectro político também encontra expressão nacional.De entre os nome referidos pelo DN só dei pela falta de bloquistas e comunistas.
Certamente foi um lapso do jornalista.



posted by Miguel Noronha 9:57 da manhã

quarta-feira, abril 02, 2003

O Mandato parte II

O João Miranda (JM) enviou-me um mail que clarifica a proposta de Marcelo Rebelo de Sousa:

Penso que a proposta do Marcelo Rebelo de Sousa limita o mandato do presidente a 1 único mandato de 7 anos. Como a reeleição tem sido inevitável, a proposta acaba por reduzir e não aumentar a duração de uma presidência

Penso que se está a confundir dois aspectos.

Até agora, realmente, todos os PR em exercicio têm sido reeleitos para um segundo mandato. No entanto isso não constitui uma garantia para o futuro. A reeleição (tal como a eleição) depende do voto popular. Findo o primeiro mandato o PR tem de voltar a congregar apoios que garantam a sua reeleição.

O aspecto salientado pelo JM em nada altera a minha questão. Qual a vantagem de aumentar o mandato presidencial em dois anos?
posted by Miguel Noronha 6:44 da tarde

Mandato do PR devia ser de sete anos, diz Rebelo de Sousa

Já ontem tinha reparado nesta notícia. Pensei que fosse mais uma partida do 1º de Abril. Afinal parece que é mesmo a sério.
Não consigo descortinar a razão desta proposta.

O PR, com os poderes que lhe são atribuidos pela Constiruição, não tem capacidade para por em prática nenhumas medidas de médio-longo prazo. Não vejo qualquer utilidade em aumentar, em dois anos, o seu mandato.

A notícia é omissa quanto às razões do seu proponente que apenas "sugere ainda perguntar «a Cavaco Silva e a António Guterres o que pensam sobre» o assunto, pois assim «talvez fosse mais fácil aos partidos» proceder à obrigatória alteração constitucional.".

Como se o acordo destas duas personalidades fosse o suficiente para inferir o mérito da proposta.

posted by Miguel Noronha 2:57 da tarde

Ditadura Europeia

O Daily Telegraph denuncia que a existência de um artigo, na futura Constituição Europeia, que impede os países de abandonarem a UE, exclusivamente, por sua própria vontade.

Article 46 of the secret draft text, obtained by The Telegraph, says the terms of departure for any country wanting to leave must be approved by two thirds of member states
posted by Miguel Noronha 12:47 da tarde

Esperança Árabe

Um artigo do NYT deixa antever que o sentimento dos árabes pode não ser exactamente aquele que é mostrado pelos media e vai ao encontro de outros publicados Arab News e que eu anteriormente comentei.

Existe a esperança que realmente os EUA cumpram as suas promessas. Isto é que não se transformem num exército de ocupação e que devolvam a indepedência e a democracia ao Iraque.Esta acção, esperam eles, poderá ter efeitos benéficos em toda a região. Tudo dependerá do cumprimentos das promessas feitas.
posted by Miguel Noronha 12:27 da tarde

A impossibilidade da Estratégia Frentista

Um artigo no DN de hoje traça um cenário negro para o futuro de um frente eleitoral que englobasse o PS, o PCP e o BE.

Não é difícil perceber porquê. Não me refiro a pontuais alianças autárquicas. Falo numa aliança pré-eleitoral para concorrer às eleições legislativas.

O que, neste momento, une a esquerda é a oposição à guerra. É uma "coligação" pontual que visa um ponto especifico e limitado no tempo. É, portanto, uma coligação negativa.

Caso cheguem a existir negociações com vista a uma futura coligação as divergências serão por demais evidentes.

As soluções políticas do PS, folclores esquerdistas à parte, estão mais próximas das do PSD do que do PCP e BE. A não ser que o PS faça uma significativa inflexão à esquerda e queira ressuscitar o (antigo) MES. Seria uma estratégia arriscada porque se arriscava a uma fractura com a ala mais direitista e pragmática do partido. Para além disso teria que se colocar perante o controlo ideológico do PCP (este não a aceitaria coligação de outra forma) e ver os seus dirigentes a perder (ainda mais) protagonismo para os demagogos bem-falantes do BE.

Para o PCP este PS também não lhe serve. O desequilibrio de forças é excessivo para um partido que, apesar de ser adepto de estratégias frentistas, só as aceita coligações que possa liderar. Para além disso teria de engolir o sapo (vários aliás) de aceitar as teses dos "renovadores" que procura expulsar a todo custo.

Para o BE esta coligação seria ouro sobre azul. Ganharia na AR o peso que tem nos telejornais. O problema colocar-se-ia quando os seus parceiros (especialmente o PCP) tentasse impor a disciplina aos deputados que tem o hábito de dizer tudo o que lhes apetece. Normalmente sem passar pelo encefalo...

Tudo considerado, também eu, não auguro grande futuro para esta coligação.

posted by Miguel Noronha 10:09 da manhã

terça-feira, abril 01, 2003

At last...

Devido a um problema num servidor do blogger estivemos (eu e quase toda a blogosfera lusa) impedidos de actualizar as nossas páginas.
Espera-se um grande fluxo mensagens nas próximas horas...
posted by Miguel Noronha 8:40 da tarde

O Preço Justo

Na NRO Jerry Taylor e Peter VanDoren escrevem sobre as vantagens da discriminação geográfica do preço dos combustíveis.
Aspectos a ter em conta para uma promessa eleitoral já bastas vezes adiada.

Gougers are sending an important signal to market actors that something is scarce and that profits are available to those who produce or sell that something. Gouging thus sets off an economic chain reaction that ultimately remedies the shortages that led to the gouging in the first place. Without such signals, we'd never know how to efficiently invest our resources. Moreover, we'd have no idea what to conserve. It's no exaggeration to state that, without such price signals, our economy would look like Cuba's.
posted by Miguel Noronha 5:06 da tarde

O Balanço

John Keegan faz um balanço da situação no Iraque e conclui se nos limitarmos aos factos o panorama não é tão negro como a imprensa e determinados comentadores nos querem fazer crer. Muito pelo contrário...

In a conventional military environment, not so heavily influenced by the surveillance of the media, any commanding general might reckon the campaign had made highly satisfactory progress so far. It has secured most of the territory and facilities over which it needs to operate, has a secure base, has acquired its own resupply port, dominates the enemy and is not threatened by large-scale civilian disorder
posted by Miguel Noronha 4:34 da tarde

Os Subsidios Comunitários

Da coluna de Sarsfield Cabral no DN:

Mas os fundos não estão isentos de inconvenientes. Levam a investir em projectos apenas por serem financiados pela UE, mas que não seriam prioritários segundo a lógica do mercado, ou então iriam para a frente sem ajudas. Criam a subsidiodependência, enfraquecendo a iniciativa privada. Fomentam a corrupção a vários níveis (incluindo certas «estatísticas criativas»). Quem sabe se, neste momento e uma vez financiadas algumas infraestruturas (como as auto-estradas), entre nós o saldo dos fundos de Bruxelas não estará a entrar no negativo? A caça ao subsídio comunitário parece sobrepor-se ao combate pela produtividade empresarial. Por isso não considero uma tragédia a perspectiva de, após 2006, Portugal perder uma larga parte dos fundos estruturais que tem recebido da EU.

O meu primeiro emprego (pós-licenciatura) foi num organismo que fazia a gestão de fundos comunitários.
Assisti à criação de alguns projectos megalómanos que apenas a vaidade e as manobras eleitoralistas podem justificar.

Eis um exemplo:
Um dado promotor tinha 100.000 c para investir num dado projecto. Para que este tivesse a dimensão óptima só necessitaria de 160.000 c.
Vamos supor que existiam fundos comunitários que se destinavam a financiar projectos nessa área. A sua taxa de comparticipação era de 80%.

Para realizar o investimento o promotor podia obter uma comparticipação de 120.000 c e apenas precisava gastar 40.000 c do seu “bolso”. Ficaria com 60.000 c para investir noutros projectos.

No entanto, porque tinha “conhecimentos” ao nível dos organismos decisores e porque quanto maior o investimento anunciado mais prestigio é conferido ao decisor político as coisas não se passaram assim.

As contas são simples. O promotor tinha 100.000 c. O financiamento é de 80%. Logo este propunha-se investir os 100.000 c de qualquer forma e obter mais 80% de financiamento. No final obtemos um investimento de 500.000 c. Três vezes maior que o economicamente viável.

Os custos de manutenção são bastante superiores e não existe mercado para um investimento daquela dimensão. Algumas máquinas estão paradas devido ao seu gigantismo não proporcionar produções economicamente viáveis. Para sobreviver recorre aos fundos de formação profissional do FSE.

O decisor político é promovido devido às elevadas taxas de execução dos fundos que controlava (o único factor de sucesso exigido) e à boa imagem que deixou nas Associações Empresariais do sector.

posted by Miguel Noronha 11:45 da manhã

A Magia dos Números

Com o propósito de responder à minha questão de como se aumentaria a “intensidade dos números” uma leitora propõe métodos alquimicos, nomeadamente a utilização do famoso cadinho.
Não acho que seja essa a solução para o caso. Parece-me que o único artefacto mágico usado nos telejornais é a bola de cristal.
Estou cada vez mais convencido que se tratou de um pontapé na gramática.

posted by Miguel Noronha 9:45 da manhã

Às Armas

O Blogue dos Marretas parece ter sido tomado por uma perigosa facção esquerdista.
Com o intuito de restabelecer a ordem proponho uma coligação com os restantes blogues anti-totalitários para uma rápida acção unilateral.
Não se prevê qualquer consulta ao Conselho de Segurança da Organização dos Blogues Unidos

posted by Miguel Noronha 9:45 da manhã

segunda-feira, março 31, 2003

Notas sobre "O antiamericanismo"

No DNA de 29/03 José Mário Silva (JMS) procura defender-se da acusação de antiamericanismo. Infundado diz ele. As acusações partem “uma feroz e cada vez mais activa opinião pública de direita”.

Não duvido que JMS admita a existência de uma opinião de direita. Mas fico com a impressão que acha esta se deve limitar a ouvir (ou ler) e calar.

Fala da “coligação que espezinhou, não o esqueçamos, a ONU e o direito internacional”. Tudo isto porque decidiu que após 12 anos e várias resoluções não podia continuar à espera que o Conselho de Segurança da ONU tomasse uma posição definitiva quanto ao Iraque, esse sim, que espezinhou a ONU, o direito Internacional, o seu povo e países vizinhos.

Mas, como sempre, o “culpado” é a América agora com a Grã-Bretanha e mais os 50 países que apoiam esta acção “unilateral”.

A França, que ameaçou usar o direito de veto para impedir qualquer resolução, não merece para JMS o adjectivo de “unilateral”. Nem quando tentou impor (em conjunto com a Alemanha) uma posição aos restante países da EU.

Somo acusados de ter “a ideia peregrina de que a insistência numa solução pacífica sob a égide das Nações Unidas, com os inspectores a continuarem o seu trabalho no terreno, equivaleria a uma defesa implícita do regime de Saddam Hussein (argumento tão débil que nem merece resposta)”

JMS pode achar o argumento débil mas a política seguida até à altura da intervenção não teve resultados palpáveis. Não transforma, imediatamente, os seus defensores em apoios do regime iraquiano. Mas também nada fez para o enfraquecer.

Não sei se JMS é na verdade antiamericano. Mas a tendência para ver em todas as acções do governo americano provas da sua má-fé é preocupante.

A Europa Ocidental que os americanos “«salvaram-nos» na II Guerra Mundial e «protegeram-nos», durante décadas, dos mísseis soviéticos” deve realmente a sua liberdade aos EUA. Não percebo a utilização das aspas. Que alternativas propunha JMS?

A política externa americana não é isenta de erros. Por vezes apoiou ditadores quando devia ter promovido a Democracia. No entanto é a Democracia que se promete apoiar no Iraque.

O texto acusa os EUA de terem interesse “ocultos” (diga-se monetários) nesta guerra. Não nego que o petróleo iraquiano seja apetecível. Mas como já vários artigos o demonstraram serão precisos vários contractos “chorudos” para amortizar o custo da guerra (que é suportada na sua parte de leão pelos EUA).
Nada é referido quanto aos negócios já existentes. Por acaso todos eles detidos por empresas dos países que mais se opuseram a esta guerra. Sobre ele não pende a acusação de apoiarem uma ditadura sanguinária. Os maus são sempre os EUA.

Não é preciso queimar bandeiras americanas ou emitir fatwas para se ser antiamericano. No caso de JMS o problema reside na sua eterna desconfiança quanto aos EUA. É em caso de dúvida optar sempre pela posição contrária. Os EUA estão sempre errados e “nós” sempre certos.


Nota final:
JMS acaba o seu artigo imitando a habitual rubrica “gosto/não gosto” do DNA. Fiquei com mais umas dúvidas (depois do “inefável):

Quando afirma “Nos EUA, o que me desagrada acima de tudo é o primado da economia, do dinheiro e do sucesso estará JMS a louvar o insucesso? Para além disso o sucesso dos EUA não ser restringe à Economia. Alguns exemplos podem ser achados no parágrafo do “gosto”.

Para acabar onde encontra JMS evidências da “atmosfera de forte vigilância policial e repressão” que segundo ele grassa nos EUA?

posted by Miguel Noronha 7:09 da tarde

Que dia é hoje?

Ao ler o ultimo texto do Professor Boaventura Sousa Santos na Zona Non pensei tratar-se de uma partida do 1º de Abril. Verifiquei, entretanto, que ainda estamos em Março e que o texto já data de dia 20. O meu semblante jocoso foi substuido por um de apreensão. Ele fala mesmo a sério?

Trata-se de mais um texto inserido na lógica toda-a-culpa-do-mundo-é-nossa.
Fazem-se comparações e acusações absurdas.
Para ele todos os regimes valem o mesmo sejam eles democracias ou ditaduras.
Parece igualmente não ter perpectiva histórica ao fazer a comparação das actuais democracias ocidentais com as potências imperiais do passado e engloba-las no mesmo "saco" dos regimes Nazi e Estalinista.
Esta confusão permite-lhe afirmar:

É assim hoje no neoliberalismo com o sacrifício colectivo do Terceiro Mundo. Com a guerra contra o Iraque, cabe perguntar se está em curso uma nova ilusão genocida e sacrificial e qual o seu âmbito. Cabe sobretudo perguntar se a nova ilusão não anunciará a radicalização e perversão última da ilusão ocidental: destruir toda a humanidade com a ilusão de a salvar

Para ele o subdesenvolvimento do Terceiro Mundo não decorre das escolhas erradas que este mesmo fez. Fomo nós, os malvados ocidentais, e não os ditadores corruptos que levaram os países à ruina.
Chega ao ponto de defender o terrorismo como sendo a "voz" do oprimido Terceiro Mundo.

O genocídio sacrificial decorre de uma ilusão totalitária que se manifesta na crença de que não há alternativas à realidade presente e de que os problemas e as dificuldades que esta enfrenta decorrem de a sua lógica de desenvolvimento não ter sido levada até às últimas consequências. Se há desemprego, fome e morte no Terceiro Mundo, isso não resulta dos malefícios ou das deficiências do mercado; é antes o resultado de as leis do mercado não terem sido aplicadas integralmente. Se há terrorismo, tal não é devido à violência das condições que o geram; é antes devido ao facto de não se ter recorrido à violência total para eliminar fisicamente todos os terroristas e potenciais terroristas.

Aponta como um dos grandes culpados o Fundamentalismo Cristão. Como se este fosse dominante nos países ocidentais.
Nos regimes europeus o laicismo é dominante. Mesmo nos EUA onde os governantes tem por hábito invocar Deus nos seus discursos a tolerância religiosa é dominante. E porque não hão de falar em Deus? Deverão eles reprimir as nossas convicções religiosas? Não é isso que nos transforma em estados teocráticos.

Mas segundo a sua inabalavel lógica é ele que devemos culpar. O fundamentalismo cristão que ele vê como reinante (onde?) e não o islâmico que pretende submeter pela força todos os que não seguem os seus ditâmes.

A sua grande esperança é o Fórum Social Mundial. Deixemo-lo viver no seu mundo...

posted by Miguel Noronha 12:09 da tarde

Independência Jornalistica

A entrevista concedida pelo célebre Peter Arnett à televisão iraquiana demonstra claramente a independência e objectividade que podemos esperar dele.

Well, I'd like to say from the beginning that the 12 years I've been coming here, I've met unfailing courtesy and cooperation. Courtesy from your people, and cooperation from the Ministry of Information, which has allowed me and many other reporters to cover 12 whole years since the Gulf War with a degree of freedom which we appreciate. And that is continuing today.

posted by Miguel Noronha 10:45 da manhã

Correio dos Leitores

Agradeço o simpático mail da Ana. Espero que continues a visitar este pequeno canto da blogosfera. Por aqui a concorrência é terrível mas isso não é motivo de pânico um neo-liberal ;).

Por sugestão dela publico a coluna do Comendador Marques Correia, presença habitual no Expresso.

Manifestações Preventivas

Meu caro Diogo Freitas do Amaral

Tive, há dias, oportunidade de participar numa reunião pacifista para programar as próximas acções contra a guerra. Foi muito interessante, embora te confesse ter ficado um pouco confuso. Em primeiro lugar, pensei que nós éramos contra os americanos, mas foi-me dito que não. Que adorávamos os americanos, somos apenas contra o Bush.

-Mas afinal, isto tudo é por não gostarmos do Bush?
-Sim, porque ele representa uma ameaça para a paz no mundo.
-Portanto, não é a América que representa essa ameaça?
-É, na medida em que o Bush está à frente da América.
-Então, se tirássemos o Bush da frente da América, estava o problema resolvido.
-Talvez.
-Mas somos também contra o Iraque...
-Sim, somos contra o Saddam, porque ele é um ditador.
-Mas ele não ameaça ninguém, não é verdade?
-Claro que não, isso é tudo invenções do Bush.
-Então, a nossa missão é tirar o Bush da América, podendo deixar o Saddam no Iraque, porque ele não faz mal a ninguém.
-Perdão?
-Estou a pensar que devíamos defender uma guerra ao contrário. Ou seja, apoiar uma intervenção nos EUA para afastar o Bush, uma vez que ele representa um perigo para todo o Mundo.
-Eh pá, mas tu não vês que nós somos contra a guerra; somos pacifistas!
-Mas temos de acabar com esse Bush!
-Sim, isso é verdade!
-Nesse caso deveríamos apoiar os esforços do Iraque, uma vez que estão a ser injustamente atacados. Além disso, se o Iraque vencesse a guerra, o Bush acabava por ter de deixar o poder e terminava a principal ameaça à paz no mundo.
-Desculpa?
-Não vês? O problema é o Bush!
-Isso já toda a gente sabe!
-Então por que razão não somos a favor do Saddam?
-Porque o Saddam é um ditador sanguinário!
-Então por que nos preocupamos tanto por ele ser atacado pelo Bush?
-Bem, porque o Bush não pode atacar quem lhe apetecer.
-Se só lhe apetecer atacar ditadores sanguinários por que havemos de ser contra?
-Porque ele, depois, pode atacar pessoas que não são ditadores sanguinários.
-Podemos manifestar-nos só nessa altura.
-É verdade, mas de certo modo isto são manifestações preventivas.
-Como a guerra no Iraque?
-Vai buscar um café e cala-te!

Fui buscar o café, mas quando voltei o nosso amigo que estava a organizar a manifestação tinha-se ido embora. Provavelmente, para resolver alguma delicada missão.

posted by Miguel Noronha 10:10 da manhã

domingo, março 30, 2003

Filólogos ou Matemáticos, sff

Ainda há pouco a apresentadora do Jornal da Noite da SIC afirmou que os EUA iam "aumentar a intensidade do número de soldados".
Pedimos aos nosso leitores, especialmente aos que tenham como especialidade as supracitadas, que me expliquem como se aumenta a intensidade dos números.

posted by Miguel Noronha 8:58 da tarde

Dúvida pt 2

Quando Ruben de Carvalho escreve:

Insistir na defesa de um ponto de vista errado, mesmo quando os factos se encarregam de demonstrar o erro, é um direito que assiste a qualquer pessoa.
Tentar fazer os outros passarem por parvos, já não


estará a fazer um acto de contricção referente à sua experiência partidária?


posted by Miguel Noronha 1:22 da tarde

Interlúdio Musical

Algumas sugestões musicais.
Ainda não deve ter sido editado mas eu já ouvi e recomendo o "Rounds" dos Four Tet
Colocado de lado as novidades e falando em discos do passado(num dos casos longiquo no outro nem por isso) queria dizer que ando fascinado pelo "Ceremonial" dos Savage Republic e pelo "Beautronics" dos ISAN
Tenho dito.

posted by Miguel Noronha 12:52 da tarde

Lá iremos

Prometo escrever uma resposta à coluna do José Mário Silva ("O Antiamericanismo") assim que esta for transposta para o respectivo blog. Estou demasiado viciado no copy+paste para estar a fazer transcrições à unha.

Enquanto aguardo (ansiosamente) por esse momento pedia que me esclarecessem uma dúvida existencial.
Quando o JMS utiliza o adjectivo "inefável" para qualificar o Jean François Revel, está a dizer que gosta dele?
posted by Miguel Noronha 12:40 da tarde

Tenham calma!

Depois de conseguirem atrair os socialistas para a blogosfera tenta agora a Coluna Infame fazer o mesmo aos comunistas do PCP.
Compreendo. O pessoal é democrata e pluralista. Proporciona mais "trocas de galhardetes" inter-blogs e mais presenças nos jantares de confraternização.
Mas, calma! A blogosfera não tem, necessáriamente, de ser igual ao boletim de voto para as legislativas.
Qual é o senhor que se segue? o Blog Reorganizativo de Partido do Proletariado? O Blog Popular Monárquico?
posted by Miguel Noronha 12:29 da tarde

É verdade...

Como repararam os Marretas, não há quem trabalhe ao fim-de-semana. E depois queixam-se que o país não avança...
posted by Miguel Noronha 12:15 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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