O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

sábado, março 01, 2003

To Whom it May Concern...

Informam-se os leitores d' O Intermitente que, por motivos vários, não se efectuarão quaisquer actualizações hoje e amanhã. Andaremos muito ocupados. Especialmente a fugir do Carnaval (uma época do ano que não prezamos particularmente).

Mas não se apoquentem. Voltaremos. Se calhar (nunca se sabe) ainda durante o fim-de-semana para um qualquer comentário que não consigamos guardar até Segunda-Feira.

Bom fim-de-semana para todos.
posted by Miguel Noronha 2:15 da tarde

sexta-feira, fevereiro 28, 2003

Serve apenas para informar...




...que os The Go-Betweens voltaram! E com um grande disco.
Há génios que nunca se deviam separar. Tal como Lou Reed/John Cale ou John Marr/Morrissey há duplas cujo resultado do talento conjunto é maior que o da soma das partes.
Separados durante um par de anos, nem Robert Forster nem Grant McLennan conseguiram a solo nada que se comparasse ao que fizeram enquanto The Go-Betweens. Ouçam musicas com "Mrs Morgan" ou "Old Mexico" ou melhor(!) ouçam o album TODO e depois digam se eu não tenho razão.


posted by Miguel Noronha 8:20 da tarde

Interessante...

... a coluna de Charles Krauthammer do Washington Post sobre as manobras no Conselho de Segurança (CS) da ONU.

Fala de nações insignificantes que passam a ter uma importância desmesurada por pertencerem ao CS. Examina as motivações da França e o porquê da sua tenaz oposição aos EUA.
Propõe uma nova composição do CS para o pós-guerra e até uma recomposição da NATO.

Uma crónica (obviamente) escrita "a quente" mas que merece ser analisada "a frio".




posted by Miguel Noronha 7:31 da tarde

BENFICA

Um Blog benfiquista é sempre um bonita descoberta. O seu nome é Calcio Rosso
posted by Miguel Noronha 2:58 da tarde

Uma sugestiva citação encontrada no Samizdata.net:

"An infallible method of conciliating a tiger is to allow oneself to be devoured." - Konrad Adenauer

posted by Miguel Noronha 2:28 da tarde

Eleições no Irão

A BBC notícia hoje que as próximas eleições locais no Irão poderão dar mais uma vitória ao reformadores.
Há novos sinais de abertura e foi, inclusivamente pela primeira, permitida a formação de listas formadas por dissidentes.
Apesar de continuos sinais de abertura do regime, o problema, a meu ver, continua, a estar no poder detido pelos radicais que continuam predominantes nos orgãos não eleitos.
A ideologia muda mas em todas as "revoluções" há sempre uma elite que não se coibe de ignorar os votos insistindo em manter o poder em nome dos seus ideiais superiores.

posted by Miguel Noronha 1:22 da tarde

O Tango Eléctrico no Coliseu



Aquando da sua primeira vinda cá, os Gotan Project, aindam eram um segredo relativamente bem guardado. Após comprar o disco corri seca e meca para arranjar bilhetes sem grandes resultados. Fiquei, relativamente, apaziguado quando soube, por quem foi, que a transposição do disco para o espectáculo ao vivo não tinha sido grandemente conseguida. Afinal não tinha perdido grande coisa...

Passado pouco tempo foi anunciado o seu retorno para mais um concerto. Apesar de continuar a gostar do disco, baseado nos relatos do que tinha sido a sua primeira apresentação por terras lusas, não coloquei a hipótese de os ir ver. Mas, deste vez, as crónicas (de fontes fidedignas) garatiram.-me que tinha sido um espectáculo memorável. Fiquei roido de inveja!

À terceira foi de vez! Apesar de, entretanto, a sua musica já não me encantar como outrora não quiz perder a hipóteses de os ver ao vivo. Há projectos que têm que ser vistos na altura certa. Algo me dizia que esta era a ultima oportunidade de os ver em "boa forma". Não me enganei, muito...

O concerto de ontem pode-se dividir em duas fases (isto porque estética e musicalmente o encore foi uma contuação da segunda).

Na primeira parte o grupo apresentou-se atráz de uma cortina onde eram projectadas imagens e dos intepretes apenas se adivinhava a silhueta colorida. Foi uma feliz simbiose de luz, cor, imagem e... música. Principalmente a musica porque os Gotan Project interpretaram de forma divinal os temas do album "La Revancha del Tango" onde misturavam o tango com elementos electrónicos principalmente samples vocais. A voz da interprete femenino enchia e emocionava um Coliseu completamente cheio. Apenas por breves instantes se deixavam levar por devaneios de dois DJ que se adivinham no fundo do palco.

Na segunda parte caiu o pano. Literalmente. Já sem o véu que os cobria os GP dedicaram esta parte a remisturas dos seus temas. Pouco interessantes na maior parte das vezes. A remisturas tem limites. O primeiro dos quais é a minha paciência. E do relato destas (infelizes) variações por aqui me fico. Só destaco, mesmo no final do concerto, uma curiosa remistura do seu tema "Santa Maria" com Eminem. Pelo menos foi inesperado. Tudo o resto enfadonho.

Em suma, os Gotan Project foram bons, devo dizer excelentes, enquanto se limitaram à sua fórmula original. O futuro que se adivinha não augura nada de bom.

Para uma critica bem mais abonatória leiam a crónica do Disco Digital.

posted by Miguel Noronha 11:13 da manhã

Troca Por Troca

O PCP exige aos Ministros da Defesa e da Administração Interna explicações sobre o treino de agentes do SIS e do SIEDM pela CIA.

Eu concordo que se deve responder a esta pretensão. Se os comunistas entregarem a lista dos seus militantes que foram treinados pelo Ex-KGB...
posted by Miguel Noronha 9:13 da manhã

Ferro Esquivo

No Ultima Hora do Publico é noticiado que devido a uma reunião com militantes do PS, em Vila Real de Santo António Ferro Rodrigues não estará presente na "Comicio Anti-Guerra" da Aula Magna. Paulo Pedroso invocando "motivos de ordem familiar" também não. António Costa não pode faltar a um comicio em Lagos. Ana Benavente porque aproveitando os feriados vai para o estrangeiro.

O PS apenas se vai fazer representar, oficialmente, por Maria de Belém Roseira que dada a sua elevada estatura fisica não corre o risco de ser notada.

Ana Gomes, que baseia a sua posição anti-guerra com o brilhante argumento de que não se deve atacar o Iraque porque este irá responder com WMD's (é verdade, eu ouvi-a dizer isto na TSF), irá apenas a nível pessoal.

Não pode o PS, como maior partido da oposição, manter-se neste limbo. Tem, digo mais, é obrigado a tomar uma posição firme sobre esta questão. Está contra ou a favor?
posted by Miguel Noronha 8:54 da manhã

quinta-feira, fevereiro 27, 2003

Solariedade Sindical: Procura-se

É hoje noticiado que as autoridades venezuelanas ordenaram a captura de sete ex-administradores da empresa estatal de Petróleos da Venezuela. A acusação é de serem os promotores da greve geral do sector.

Haverá por aí algum dirigente sindical português que se insurja contra esta medida prepotente das autoridades que procuram impedir o legitimo direito dos trabalhadores à greve?

Nota: peço desculpa por ter utilizado expressões que, presumo, tenham sido patenteadas pela CGTP-IN. Espero não ser processado.
posted by Miguel Noronha 11:00 da manhã

Mário Soares Critica Táctica do PS

O Ex-Presidente e agora Eurodeputado Mário Soares fez ontem na reunião do Secretariado Nacional do PS criticas ao posicionamento do partido relativamente à questão iraquiana. Segundo o Diário Digital criticou o distanciamento que se tornou na posição semi-oficial do partido e disse que «é preciso estar ao lado das pessoas».

Eu digo que primeiro é preciso ver bem quais as pessoas que estão ao nosso lado. Relativamente a algumas destas "pessoas" é preciso guardar uma saudável distânica de segurança. Como diz hoje José Manuel Fernandes no seu editorial:

"Como muitos dos que discordam da guerra já perceberam, há misturas no seu movimento que não devem ser aceites sob pena de se violarem alguns dos valores de civilização que a maioria da população partilha. Por outras palavras: uma coisa é discordar da guerra porque se discorda, por princípio, quase por reacção pavloviana, de tudo o que os Estados Unidos façam e, em nome disso, chegar ao ponto de defender Saddam (mesmo quando cinicamente se reconhece que ele é um ditador); e outra coisa, bem distinta, é discordar da guerra porque não se acredita que ela seja a melhor forma de contrariar Saddam."

Alguns dirão que este é o Mário Soares de sempre. Eu digo que tenho pena que, uma personalidade que tão importante foi no combate à tentativa de impor um regime totalitário em Portugal, se associe a "certas" pessoas.

E já agora, quando é que o PS se deixa de meias tintas, perde o medo e assume uma posição definitiva quanto a este assunto?

posted by Miguel Noronha 10:54 da manhã

Fidel Castro Espantado...

Segundo o New York Times o Líder da Revolução Cubana, durante a sua visita à China ficou espantado com as transformações ocorridas:

``I can't really be sure just now what kind of China I am visiting, because the first time I visited, your country appeared one way and now when I visit it appears another way,'' Castro said in a meeting with the head of China's legislature, Li Peng."

Talves Fidel Castro tivesse preferido a visão da China de Mao Tsé Tung e, desta forma, se sentisse mais em casa...

Por outro lado pergunto-me até quando, na China, serão sustentaveis as contradições entre uma economia mercado e uma ditadura comunista. Segundo o Francis Fukuyama em "O Fim da História e o Ultimo Homem" essas contradições não vivem para sempre...



posted by Miguel Noronha 9:45 da manhã

quarta-feira, fevereiro 26, 2003

Indies & Cowboys

Juro que não é publidade paga mas não podia deixar de fazer referência à (longamente esperada) emancipação da zine Indies & Cowboys.

Esta honrada publicação dedicada principalmente à divulgação das sonoridades alt.country (também designado por americana) depois de algumas edições de distribuição gratuita vai passar a lutar ombro a ombro (ou se preferirem lombada a lombada) no arduo mundo das publicações pagas.

Com uma simples moeda de 2 euros poderão adquiri-la nos seguintes locais: Livraria King, Kingsize, Ananana, Discoteca Roma, Livraria Tema (Colombo) e JoJos (Porto).
posted by Miguel Noronha 5:24 da tarde

Tempo de Antena da Oposição

Porque não queremos ser acusados de apenas promover o nosso ponto de vista aproveito para publicar um texto de Rui Ângelo Araújo publicado na Zona Non.

Embora Rui Ângelo Araújo exiba uma certa retórica anti-americana (mais anti-Bush para ser exacto) e seja contra esta guerra com o Iraque, não deixa de levantar questão que deveria servir de partida para os que invocam um pacifismo absoluto e simplista (ou deverei dizer simplório) como solução.

Penso inclusivamente que o autor, partindo das suas próprias premissas, deveria reconsiderar a sua posição

"Uma (quase) apologia da guerra


Anda o cidadão pacatamente a fazer pela vida no Portugal dos pequeninos quando de repente é confrontado com a magna questão da guerra. Uma boa alternativa às habituais inutilidades que se debatem na pátria, diga-se.

As guerras têm feito maioritariamente muito mal ao povo português - tão-só porque se têm travado longe daqui. Há, no entanto, benefícios para a lusa pátria provenientes das longínquas guerras, a começarem no período que as antecede. Sempre que no horizonte da política internacional se anunciam batalhas, aumentam as probabilidades do português conhecer o mundo, as instituições e as relações internacionais, a geografia de países distantes, a cultura de outras regiões do globo. Aquilo que antes era umas míseras e chatas colunas nos jornais (o noticiário internacional) passa a ter honras de capa, a ser objecto de páginas e páginas de destaque, a abrir os telejornais, a falar-se no barbeiro. O ignorante português, a desfrutar de uma imerecida segurança, pode nestas alturas subir um degrau no conhecimento do planeta que habita

É isto uma apologia da guerra? Não, mas o que se segue (quase) é.

A primeira reacção que me provocam os anúncios belicistas, especialmente vindos da América, não é uma reacção - é desinteresse. Sou um egoísta acomodado. Sou português. O sr. Bush e companhia resolveram inventar a urgência de um problema mundial? Que tenho eu com isso? É deixá-los. Já conhecemos os seus ímpetos imperialistas, a voracidade da sua economia, o cinismo da sua solidariedade internacional, a "urgência" dos seus problemas.

Não simpatizo com a política americana - mas gosto do cinema de Hollywood, que prefiro ao europeu. Talvez por isso, num segundo momento, a minha paradoxal costela reaccionária sonhe com gestos grandiosos e eloquentes discursos (coisas românticas e quixotescas à Kevin Costner, portanto) capazes de demover o Tio Sam das suas tropelias à paz e à ordem internacionais (e ao meu sossego). Junto a minha voz ao coro de protestos e quase me deixo assinar a carta de Mário Soares.

Mas há uma campainha que soa quando vejo as sondagens. A maioria dos portugueses está contra a guerra? Alto lá! A maioria dos portugueses gosta do Bombástico. A esmagadora maioria dos portugueses costuma estar do lado errado dos debates. A esmagadora maioria dos portugueses costuma discordar de mim. A guerra há-de ser uma coisa boa, afinal. Uma volta de 180 graus. Está na hora de olhar para o problema a sério.

Posta de lado, por enquanto, a veracidade da urgência que transforma o affaire Iraque num casus belli, interroguemo-nos (plural majestático): o que está realmente em causa nesta pré-guerra? A ânsia imperialista americana? O domínio dos poços de petróleo? A insanidade e a jactância do imbecil Bush? A vontade de dividir a Europa para continuar a reinar? O proselitismo religioso? A civilização ocidental versus a árabe (islâmica, muçulmana)? O perigo de ataques iraquianos? O terrorismo? A segurança ocidental, portanto? A libertação do povo iraquiano? A necessidade de levar a democracia àquela região do globo? Mesmo sob o perigo de me acusarem de não saber distinguir a árvore na floresta, anuncio que está tudo isto em causa, e é assim que deve ser.

A Europa, a velhíssima e queridíssima Europa, pode e deve estar contra os ímpetos belicosos dos Estados Unidos. Pode e deve procurar alternativas à política fanfarrona de mister Bush. O que não pode é só estar contra a política dos EUA. Nem, como a Alemanha e a França, ser contra por veleidades hegemónicas próprias, que são só outra forma de egoísmo internacional.

Provavelmente, o Iraque não é, para o Ocidente, um problema com urgência. Ou então é-o tanto como a Coreia do Norte, por exemplo. De qualquer modo, não antevejo que a solução seja desatar à estalada de um dia para o outro, ainda que tenhamos presente, como é bom ter sempre, a história da ascensão e glória de herr Hitler. Mas o pacifismo tem de se fundar em argumentações sérias, reflectidas e verdadeiramente solidárias. O pacifismo não pode ser a face rosácea do comodismo e do egoísmo. Quando me dizem que a maioria do povo português está contra a guerra, desculpar-me-ão, mas não vejo aí razões de orgulho nacional. É conhecer este povo, a sua ignorância do mundo e o desinteresse que tem por tudo o que não cabe num profundo umbigo. A dúvida que vale é sobre as razões do pacifismo europeu (e americano); o que importa é saber se são semelhantes às da versão lusa. Porque, se forem, devemo-nos preocupar.

A Europa, se quiser contar, tem o dever de construir uma política alternativa à dos EUA. Mas uma política interventiva. Não só pela segurança europeia (o terrorismo não é uma criação de Hollywood, mesmo que a América tenha a sua quota parte nas causas e seja ela o símbolo recolector de todos os ódios). Não só pela defesa da civilização ocidental (que apenas por insensibilidade ou incrível relativismo cultural alguém pode colocar lado a lado com a civilização dos fundamentalistas enturbados). A Europa precisa de uma política interventiva se quiser fazer jus aos seus valores e princípios, se quiser realmente que a solidariedade tenha significado internacional, se quiser que os direitos humanos (a começar pelos das mulheres) sejam universais, válidos em todo o globo, se se preocupar a sério com a falta de democracia no Médio Oriente.

A Europa não pode ser uma reacção. Da mesma maneira que a esquerda não pode ser folclore, uma multidão em constantes manifs. Reaccionárias. Não existirão (não existem, certamente) razões para bombardear Bagdad. A América tem "urgências" condenáveis e gere criminosamente os seus interesses internacionais. Verdade. Mas, ou a Europa se torna algo mais ágil e consequente do que a lua de Júpiter, ou aceita bater palmas no 4 de Julho. E a esquerda, para continuar a morigeração, deveria preocupar-se (efectivamente, sem a retórica inútil do costume, sem a sensibilidade que desculpa o garrote com o exótico e a especificidade do turbante) com o fim dos regimes das arábias. As mil e uma noites a nós divertem-nos, mas para aquela gente já é escuridão a mais"



posted by Miguel Noronha 4:51 da tarde

O Cavalo Pós-Autista

Andado, por razões de opção profissional, da maior parte das polémicas e teorias que, por estes dias, correm nos meios económicos (leia-se da teoria económica), chegou ao meu conhecimento através de um Blog curiosamente chamado O Cavalo uma facção contestatária do ensino universitário da economia e especialiamente da predominacia das teorias neo-classicas .

Esta facção tem quartel general em www.paecon.net e tem a sua origem em França embora as suas ramificações já cheguem a outro países. Confesso que a leitura do seu Manifesto (Manifesto Pós-Autista) e de mais alguns textos e propostas (talvez por insuficiência minha) não serviu para lançar luz no meu espirito. São na melhor das hipóteses confusos e contraditórios.

Para cumulo chegam a apresentar como abonatório um texto de Robert Solow que na minha leitura não avaliza as suas posições.

Peçam encarecidamente aos leitores d' O Intermitente que me ajudem a perceber a mente destes jovens...
posted by Miguel Noronha 10:56 da manhã

Acerca do texto "Uma Oportunidade Perdida"

Congratulo-me, antes de mais antes de mais, por começar a receber algum feedback acerca dos texto aqui postados (perdoem-me o neologismo). Já pensava sub-alugar o meu mail por falta de utilização.

Peço perdão por não responder via mail mas parece-me que necessito de clarificar algumas das ideias expostas.

O meu texto não é filo-palestiniano e não pretende demonstrar que são os israelitas os grandes culpados do problema palestiniano nem os grandes destabilizadores do Médio Oriente.
A questão israelo-palestiniana é no entanto invocada como desculpa para muitas barbaridades cometidadas e a sua resolução, para além de acabar com uma guerra desgastante, deixaria de poder ser usada como bode expiatório de muitos países arabes (e da própria Al-Quaeda).

Neste texto não faço referência que os palestinianos foram e são bastas vezes utilizados pelos estados arabes (umas vezes de forma consciênte outras não) como uma peça dos seus jogos geo-estratégicos. Esta dúbia política de alianças levou muitas vezes à radicalização politica do movimento de criação da Palestina e ao seu descrédito internacional perante países moderados. Poderia tê-lo feito (especialmente no epilogo) mas não o fiz. A intenção era contar um episódio especifico e não toda a História. Admito que possa ter dado a impressão de parcialidade mas a intenção, repito, não era essa.


Acho no entanto que os palestinianos têm direito ao seu estado assim como Israel tem o direito de viver em paz sem a perpetua ameaça do terrorismo

De facto é referido que a transformação da postura israelita perante o problema dos territórios ocupados se deu após uma série de agressões cuja objectivo era a destruição do (recentemente criado) Estado de Israel.

O que o texto refere é que, num dado momento da História. nomeadamente no pós-Guerra dos Seis Dias, se tivesse existido uma postura diferente por parte de Israel, o problema palestiniano poderia ter sido solucionado. A nível internacional tudo se conjugava para que o desfecho fosse favorável se tivesse existido vontade negocial.

O próprio acordo Sadat-Begin obtido anos depois vêm dar força a esta tese.
posted by Miguel Noronha 9:29 da manhã

terça-feira, fevereiro 25, 2003

Uma Oportunidade Perdida?

Debruçando-me mais uma vez sobre a The New York Review of Books escolho mais um artigo para comentar.

Desta vez o sorteado intitula-se Israelis & Palestinians: What Went Wrong? da autoria de Amos Elon

O autor argumenta que “enebriado” pelas fulgurantes vitórias sobre os vizinhos árabes (especialmente depois da Guerra dos Seis Dias”) o posicionamento de Israel passou da meramente defensivo para uma postura ofensiva e, especialmente, de manutenção dos territórios ocupados. Na base desta política surgiram espontaneamente os primeiros colonatos ainda sem o caracter nem o peso institucional que hoje têm.

Contrariamente aos fundadores de Israel e do Movimento Sionista (nomeadamente David Ben Gurion e Theodor Herzl entre outros) que sempre usaram o bom senso os líderes da altura (o lendário Moshe Dayan e mesmo os líderes da oposição) recusaram qualquer recuo nos territórios conquistados.

Na altura, argumenta Amos Elon, havia vontade negocial por parte dos países árabes e a OLP era insignificante ainda não se impondo como representante do povo palestiniano. A comunidade internacional (mesmo a URSS) tinha uma posição nada hostil para com o Estado Israelita.

Mesmo a nível interno (em Israel e na Palestina) não existiam, pelo menos organizados, movimentos cuja razão da existência era a destruição do inimigo não havendo lugar a cedência nem ao diálogo.

Teria sido fácil (ou pelo menos muito mais fácil do que hoje) alcançar acordos de paz e negociar com representantes palestianianos bem mais moderados para a criação de um Estado Palestiniano.

Foi pois uma oportunidade perdida. Não significa que tivesse sido a fórmula mágica para a paz. Mas a arrogância da vitória fez perder de vista a perspectiva de uma paz duradoura a longo prazo. Será uma teoria demasiado simplista?

Não quero (nem eu, nem julgo Amon Elon) justificar os atentados suicidas nem as multidões em fúria que percorrem a Faixa de Gaza com palavras de ordem (e ódio) contra Israel e os seus aliados. Mas para a terceira geração de palestinianos que vive confinada em miseráveis campos de refugiados, habituada à ideia de morte e sem perspectivas de futuro o credo extremista dos radicais árabes deve ser como musica para os ouvidos.

Ainda haverá esperança?

posted by Miguel Noronha 5:40 da tarde

José Ramos-Horta e o Iraque

De leitura obrigatória a carta publicada pel' A Coluna Infame ("Mais um Falcão"). Se mais argumentos fossem necessários...

Entetanto aproveito para deixar uma elucidativa passagem da sua carta de ano novo:

"As we enter the New Year, the world remains in a state of suspense, hanging on every word from George W. Bush in his relentless campaign to disarm Saddam Hussein. There have been massive and impressive anti-war demonstrations in many parts of the world. I find the fact puzzling, however, that there has been no comparable protest in recent years, over the massive human rights abuses perpetrated by Saddam Hussein, against his own people.

While we all abhor war, we must at the same time ask ourselves whether ignoring the nature of the Iraqi regime and its long record of human right abuses and aggression enhances the credibility of those who oppose US military action in Iraq. No sane person wants to see bombs falling on civilians and children dying as a result of a political struggle, and my heart goes out to those who speak up for the rights of these people to live. But perhaps in this new year, the anti-war movement would do well to use some of its moral power to pressure Saddam Hussein to disarm and democratize, and grant the basic rights we enjoy – which include the right to protest – to the people of Iraq
"

Dedico estes parágrafos áqueles que, nos ultimos dias, têm dedicado o seu tempo amissões de solidariedade junto do ditador iraquiano e a comparar os EUA à Alemanha Nazi...
posted by Miguel Noronha 11:16 da manhã

História Especulativa: A morte de Estaline e a Guerra Fria

Sempre na senda de alargar os seus horizontes editoriais O Intermitente aproveita esta deixa para entrar numa nova área que lhe interessa bastante: a História.

Segundo uma notícia inclusa no Público de hoje, o historiador russo Edvard Radzinski formulou uma teoria segundo a qual a morte de Estaline se teria devido a envenamento.

Esta missão teria sido confiada pelo Politburo ao chefe da sua guarda pessoal temendo que este, no auge da sua ambição expansionista estivesse a preparar uma nova Guerra Mundial com o intuito de conquistar o que restava da Europa democrárica.

Não colocando em causa a tese do assassinio, nem os seus mandantes, aproveito para avançar uma motivação alternativa. É sabido que Estaline na sua ânsia de eliminar todos aqueles que podiam fazer-lhe frente, mandou executar grande parte dos seus colaboradores mais próximos, desde a sua ascensão ao poder até à sua morte.

Dado isto, os membros do Politburo podiam não estar apenas receosos de uma nova Guerra (certemente já com a utilização mais vasta do poderio nuclear recentemente adquirido) mas também da sua própria sobrevivência às mãos de Estaline.

Mesmo depois da sua morte, a União Soviética continuou a sua politica expansionista (especialmente na Àsia e em África) provocando diversos conflitos regionais que felizmente (pese embora a gravidade dos mesmos) não alastraram para uma guerra generalizada a nível planetário.

A resposta dos EUA foi em muitos casos infeliz. Preferiu colocar no poder ditadores "amigáveis" que se encarregavam de depurar a oposição comunista (e já que estavam embalados a restante, democrática).


posted by Miguel Noronha 10:44 da manhã

A idade (também) tráz sabedoria...

Hoje aos microfones da TSF o deputado Lino de Carvalho fez-se de desentendido. relativamente à (já) célebre entevista do seu líder parlamentar, declarando que não tinha lido os jornais do fim-de-semana (a entrevista saiu na edição de Segunda...).

De qualquer forma aproveito para corrigir o tiro: tem dúvidas que o regime norte-coreano seja democrático.

À força de quererem mostrar que, apesar das evidências, o PCP afinal é um partido jovem colocam em lugares de destaque moços que ainda não acabaram de ler a cartilha do partido.
posted by Miguel Noronha 9:47 da manhã

segunda-feira, fevereiro 24, 2003

Guia de Conversação Pós-Moderno

N' O Intermitente também nos preocupamos com a vida social dos nossos leitores. Não queremos que, por estarem desactualizados, sejam ostracizados nos grupinhos que se forma nos cocktails de fim de tarde.

Eis um guia prático para que não aconteçam situações em que (como diz o autor):

"You want to say or write something like, ``Contemporary buildings are alienating''. This is a good thought, but, of course, a non-starter. You wouldn't even get offered a second round of crackers and cheese at a conference reception with such a line. In fact, after saying this, you might get asked to stay and clean up the crackers and cheese after the reception"

Veja como aqui!


posted by Miguel Noronha 4:32 da tarde

Intermezzo

Mantendo o saudável motto deste Blog "Uma na Musica Outra na Politica" aproveiro para divulgar junto dos leitores d' O Intermitente o manifesto do talentoso e prolifico Matthew Herbert. Constituindo, como o próprio nome do manifesto indica, um conjunto de regras pessoais e embora não sendo novo (é datado de 27/11/00) serve para exemplicar como alguns musicos consegue ser originais e outros não.

PERSONAL CONTRACT FOR THE COMPOSITION OF MUSIC
[INCORPORATING THE MANIFESTO OF MISTAKES]

THIS IS WRITTEN FOR THE PURPOSE, NECESSITY AND DESIRE TO BE ORIGINAL AT ALL TIMES.

1. The use of sounds that exist already is not allowed. Subject to article 2. In particular:

No drum machines.
All keyboard sounds must be edited in some way: no factory presets or pre-programmed patches are allowed.

2. Only sounds that are generated at the start of the compositional process or taken from the artist's own previously unused archive are available for sampling. The use of, ordering and manipulation of noise-sound is to be held as the highest priority in composition.

3. The sampling of other people's music is strictly forbidden.

4. With the exception of the human voice, no replication of traditional acoustic instruments is allowed where the financial and physical possibility of using the real ones exists.

5. The inclusion, development, propagation, existence, replication, acknowledgement, rights, patterns and beauty of what are commonly known as accidents, is encouraged. Furthermore, they have equal rights within the composition as deliberate, conscious, or premeditated compositional actions or decisions.

6. The mixing desk is not to be reset before the start of a new track. This is for the specific purpose of applying a random eq and fx setting across the new sounds. Once the ordering and recording of the music has begun, the desk may be used as normal.

7. All fx settings must be edited: no factory preset or pre-programmed patches are allowed.

8. Samples themselves are not to be truncated from the rear.

9. A notation of every sound used and its source to be taken and published within one year at magicandaccident.com.

10. A full description of all technical equipment used on each track to be published within one year at matthewherbert.com.

11. All samples will be deleted upon completion of the track.

12. Remixes must be completed using only the sounds provided by the original artist including any packaging the media was provided in.

13. MATTHEW HERBERT 27-11-00


N'O Intermitente aguarda-se com grande inquietação a edição, este ano, do disco da The Matthew Herbert Big Band...


posted by Miguel Noronha 2:46 da tarde

O Prémio

Já foi largamente noticiado por vários orgão de comunicação social a entrevista concedida ao DN pelo jovem líder parlamentar do PCP.

Não pretendo repetir as multiplas análises a que as suas sábias palavras já foram submetidas (entre as quais destaco por solidariedade bloggiana a do Valete Fratres!).

Pretendia apenas lançar o meu apoio à candidatura deste jovem mas insigne deputado ao Prémio de Melhor Autor Nacional de Ficção.
posted by Miguel Noronha 2:20 da tarde

Uma boa sugestão

Por sugestão do DNA (e aproveitando o facto de terem a edição impressão também disponível na net) resolvi dar uma vista de olhos à The New York Review of Books.

É claro que ainda não consegui ler todos os artigos disponíveis mas já dei uma leitura rápida naqueles recomendados pelo DNA.

Em "A Visit to North Korea a escritora Suki Kim relata uma traumática viagem a um munda que George Orwell não desdenharia ter usado como modelo para escrever o livro "1984".
Tudo é feito por e para o Grande Líder.

Agora que está na ordem do dia sentimento Anti-Americano pela Europa Ocidental, o artigo "Anti-Europeanism in America" de Timothy Garton Ash analisa as natureza e as origens do seu equivalente americano. Entre outras ordens de razões o anti-europeismo americano alimenta-se do anti-americanismo europeu. O autor avisa:

"You might say that to highlight "American anti-Europeanism," as I have done in this essay, will itself contribute to the downward spiral of mutual distrust. But writers are not diplomats. American anti-Europeanism exists; and its carriers may be the first swallows of a long, bad summer"

posted by Miguel Noronha 11:40 da manhã

domingo, fevereiro 23, 2003

Miguel Pais do Amaral e a legitimidade

Excerto da entrevista a Miguel Pais do Amaral (MPA) no Expresso (Exp) de 22/02/02:

MPA: (...) A chefia do Estado não é executiva portanto é irrelevante se é hereditária ou não.
Exp: Irrelevante?
MPA: Gostava mais que o Chefe de Estado fosse um rei, porque seria o descendente de D. Afonso Henriques, D. João IV. Isso tem outra legitimidade.

Outra legitimidade?! Com certeza, mas uma legitimidade muitissimo duvidosa, acrescento eu...

posted by Miguel Noronha 7:30 da tarde

NOTAS DOMINICAIS

Enquanto aguardo a consumação do cozido familiar de Domingo aproveito para deixar umas breves notas.

Em primeiro lugar queria agradecer à ilustre Coluna Infame a publicidade gratuitamente (juro!) concedida. É sempre lisonjeiro sermos referenciados em termos elogiosos por uma dos mais afamados Blogs nacionais.

Em segundo queria referir o jogo de ontem à noite. Não pensem que O Intermitente se vá transformar em bancada desportiva.
O problema é que os bi-anuais jogos Vitória-Benfica são motivo de grande sofrimento para esta pobre alma. Evito sair de casa e ver televisão. Só quero saber o resultado depois do jogo terminado. Qualquer resultado é simultaneamente motivo de jubilo e tristeza.
Tudo por culpa do meu pai e do seu benfiquista ferrenho (que me passou por via sanguinia). Não contente com isto e apesar do seu anti-vitorianismo militante, com poucos dias de vida, tornou-me associado do Vitória o que me torna incapaz de o renegar.

Em meios benfiquistas gozam comigo por ser do Vitória. Em meios vitorianos gozam-me por ser do benfica. E tenho que me apartar do mundo durante 90 minutos 2 vezes por ano. É muito sofrimento para uma pessoa só...


posted by Miguel Noronha 1:26 da tarde

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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